Juliana

Coluna de Márcio Calixto

 

Juliana

 

Dia 2 de Novembro de 2025. Resgato a memória de quando nos conhecemos, em uma festa da firma. Perto de completar 10 anos daquele momento, percebo como a vida nos faz traçar caminhos tão singelos a ponto de não percebermos a singeleza dos fatos.

Penso que me faltou coragem. Penso que deveria ter me aberto ao Sol daquele momento. Porém, a estupidez da minha não percepção, a não aceitação do Sol das obviedades e da plural sinergia que ali aconteceu e eu relutei em ser mais enfático, mais decisivo. Sim, o erro é meu em não ter tornado a acertada decisão de ali pedir a sua mão para dançar, pra dançar uma vida inteira, que hoje se descortina no feliz cotidiano que temos, com nosso filho, nosso Théo, nossa pequena sutileza divina de dentes largos e sorriso exposto. Nosso menino que pavimenta o que somos, o que temos, o tudo do que queremos.

Deveria ter transformado você em meu lar há muito mais tempo. Por que não fiz?  Cegueira? Ambliopia? Astigmatismo particular? Que cores deixei de ver por não ter sido você há muito mais tempo? Não posso apenas colocar a culpa no desencontro peculiar de nossos sonhos, quando eu disse que não queria mais ser pai e você me vendo como o pai de nosso filho. Ele, que agora está aqui, é parte sedimentar de nossa vida.

Agradeço por Deus deixar claro que não devo ser o senhor de meu tudo.

Te amo.

Feliz 4 de Novembro.

Feliz aniversário.

Ah, traz pão!

 

MÁRCIO CALIXTO
Professor e Escritor

Márcio Calixto. Foto: Divulgação.



Coluna de Márcio Calixto

 

 
 









Author

Professor e escritor. Lançou em 2013 seu primeiro romance, A Árvore que Chora Milagres, pela editora Multifoco. Participou do grupo literário Bagatelas, responsável por uma revolução na internet na primeira década do século XXI, e das oficinas literárias de Antônio Torres na UERJ, com quem aprendeu a arte de “rabiscar papel”. Criou junto com amigos da faculdade o Trema Literatura. Tem como prática cotidiana escrever uma página e ler dez. Pai de 3 filhos, convicto carioca suburbano bibliófilo residente em Jacarepaguá. Um subúrbio de samba, blues e Heavy Metal. Foi primeiro do desenho e agora é das palavras, com as quais gosta de pintar histórias.

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