GUERRA: Resultado de cerca de um ano de pesquisa do grupo pelo Centro de São Paulo, o espetáculo foi reformulado para ser apresentado online

Foto: Jamil Kubruk

 

A partir de 16 de junho, a Próxima Companhia começa o seu projeto de circulação do espetáculo GUERRA – uma travessia virtual. Quando inscreveu o projeto no Prêmio Zé Renato, o grupo queria expandir a discussão sobre disputa de território, apagamento cultural e outros temas sempre presentes na realidade de grandes metrópoles para outros territórios além do centro de São Paulo. O grupo levaria o espetáculo para espaços em São Miguel Paulista, Brasilândia, Bexiga, Belenzinho, Santo Amaro, Morumbi e Jaguaré.

Para criar GUERRA, a Próxima Partiu da tragédia Os Sete Contra Tebas de Ésquilo e foi a campo no entorno da sua sede, em Campos Elíseos e ver como algumas questões que se davam na história da Grécia antiga ainda refletiam (e de que maneira) nos dias de hoje. A direção do espetáculo é de Edgar Castro e o elenco é formado por Caio Marinho, Caio Franzolin, Gabriel Küster, Paula Praia, Juliana Oliveira e as atrizes convidadas, Rebeka Teixeira e Lígia Campos.

Cena de GUERRA. Foto: Jamil KubrukGUERRA – uma travessia virtual tem uma dramaturgia coletiva com orientação de Victor Nóvoa, que assina a dramaturgia da versão presencial do espetáculo. A nova dramaturgia foi construída pelo grupo a partir do texto dramatúrgico da versão presencial e nos experimentos cênicos de intervenção urbana realizados nos territórios em disputa durante a pesquisa – Largo do Arouche, Cracolândia, Santa Efigênia, Favela do Moinho, Luz, Higienópolis e Minhocão. A adaptação virtual conta com a condução do elenco de forma ao vivo e ainda com trechos audiovisuais que trazem índices documentais do processo e dos territórios antes e durante a pandemia.

Em Os Sete Contra Tebas e em GUERRA – uma travessia virtual, o que se vê é a preparação para as batalhas e no espetáculo ainda mais a luta travada todos os dias em uma das maiores capitais do mundo e também uma das mais injustas. Disputa de território, preconceito, um plano de revitalização que esquece as vidas já existentes em algumas áreas da cidade, apagamento cultural, homofobia, machismo, falta de planejamento urbano e ausência de empatia são algumas das problemáticas levantadas no espetáculo.

Um novo espetáculo

Foto: Jamil Kubruk

Na versão pandêmica e online do espetáculo, cada um dos atores assume o papel de corifeu de um dos territórios, trazendo com eles as questões que foram pesquisadas pela companhia naquela localidade, bem como suas memórias do processo.

“Estamos em cena de diversas maneiras. A peça tem um híbrido de documental, com cenas do nosso processo de pesquisa realizado em 2019, com teatro gravado e ao vivo (porém online). A montagem tinha muita interação com o público, que tentamos também trazer para as telas, principalmente nos trechos em que cada um dos corifeus narra um pouco sobre o território que apresenta”, explica a atriz Juliana Oliveira.

Gabriel Küster completa:

“o texto também foi atualizado. Conversamos com alguns grupos ou representantes das comunidades que visitamos no processo de criação do GUERRA para saber como eles estavam enfrentando esse período de isolamento e de políticas nada articuladas em torno do enfrentamento da Covid-19. Isso nos ajudou a trazer algumas questões para os dias de hoje”.

O cenário da montagem ao vivo trazia alguns elementos documentais coletados pelo grupo durante o processo de criação. Agora, com os atores em casa, seus espaços na tela também serão transformados com base nesse elementos da travessia na cidade, ajudando o público a se localizar em cada um dos territórios abordados por meio dessa ambientação.

“GUERRA fala de muitos territórios e de uma realidade que se tornou ainda mais problemática desde março de 2020. Mais do que disputa de espaços, a peça continua calcada na questão humana. Partimos de questões muito particulares de algumas regiões de São Paulo para falar sobre como elas ecoam a vida do cidadão. Essas questões podem ser vistas em muitos outros locais, como o uso do crack, questões de direitos trabalhistas de prostitutas, a busca por um teto digno etc. O que falamos com GUERRA é como um modelo econômico e de sociedade atual afeta vidas humanas e esse último ano escancarou isso de uma maneira ainda mais cruel”, afirma Edgar Castro.

Para roteiro

GUERRA – uma travessia virtual – Apresentações online, de 16 de junho a 31 de julho. Quartas, Sextas e Sábados, às 20 horas. Duração – 70 minutos. Recomendado para maiores de 12 anos. Direção – Edgar Castro. Dramaturgia – Coletiva com Provocação dramatúrgica – Victor Nóvoa. Elenco – Caio Marinho, Caio Franzolin, Gabriel Küster, Paula Praia, Juliana Oliveira, Rebeka Teixeira e Lígia Campos. Direção Musical – Laruama Alves. Direção de Arte – Julio Dojscar. Iluminação – Matheus Macedo Figurino – Magê Blanques. Produção – Catarina Milani. Assistente de produção – Lucas França. Edição – Bruna Fortes e Leonam Nagel. Roteiro de Edição – Julio Dojscar. Mixagem – Leandro Goulart. Técnico de Transmissão – Leonam Nagel. Designer Gráfico – Rafael Victor. Registros Audiovisuais – Jamil Kubruk. Mídias Sociais – Renata Torralba. Mediação: Instituto Pólis (Danielle Klintowitz; Rodrigo Faria G Lacovini; Graciela Medina; Lara Cavalcante)

Link para apresentações

O espetáculo será sempre apresentado no Youtube da Próxima Cia e no Facebook dos espaços que irão receber a montagem, que variam conforme a semana. Confira abaixo:

 

 

 

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