Acostumados a rodar pelos palcos mundo afora, os profissionais da música se viram obrigados a confinar o seu som ao virtual. Há pouco mais de um ano, todo mundo fazia live de casa, no improviso. Em seguida, alguém teve a ideia de gravar o show em espaços com cenário e luz (equipe toda testada para covid, claro), o que melhorou a experiência para a plateia, mas não chegou a ser uma novidade. Agora, sim, o formato foi reinventado com muita graça: a Foli Griô Orquestra tocou sobre as águas para filmar o show.
“Flutua” é pura ousadia e contemplação e será lançado em três momentos de maio: o show completo estreia na sexta, dia 21, no canal do YouTube (“Foli Griô Orquestra”). Na terça seguinte, 25, será a vez de abrir o microfone para as equipes de audiovisual, som e produção contarem um pouco sobre os bastidores dessa gravação. E o clipe da faixa “Ialebedia” (parceria de Foli Griô e Saky Tchebe Bertrand) chegará na outra sexta, dia 28 de maio. Tudo sempre às 20h no site da banda <www.foligrio.com/flutua>
Um show flutuante
O show foi registrado em cima de uma balsa cor de rosa, durante um belíssimo cair do sol na Lagoa de Saquarema, com os dez integrantes da Foli Griô flutuando junto com as melodias. O que se ouve é o repertório do álbum “Ajo”, o primeiro da orquestra, que foi, inclusive, um dos concorrentes ao Grammy Latino 2019, tamanho o valor sonoro do disco, que mistura o afrobeat às manifestações populares brasileiras. Mas, para além da música, “Flutua” é um convite impactante aos olhos para que repousem em imagens poéticas, que trazem o horizonte, o azul da lagoa e do céu e o sol aceso às telas do público, exausto de tanto isolamento social.
“A proposta original era fazer o Foli na Rua, um projeto de circulação intimamente ligado à origem da orquestra, que tocava de graça nas praças, bem perto do público. Com a piora da pandemia, adaptamos o projeto de maneira bem inusitada, mas mantendo o objetivo de estar próximo ao público. Estar junto de outra maneira, os convidando a sentir. Sentir como a arte é capaz de nos tocar, sentir a potência da natureza mesmo em meio a esse caos, sentir a música como linguagem universal… Fica então o convite para sonharmos novamente… Que esses 60 minutos possam ser um grande respiro para seguirmos em frente”, convoca Niyate Queiroz, da Peixa Música, idealizadora do projeto flutuante e produtora da orquestra.
Niyate se mudou para Saquarema nesta pandemia, junto com parte da Foli Griô. O objetivo era diminuir o custo de vida mas, ao chegar na pequena cidade, encontraram o paraíso e a produtora quis ousar.
“Demos cambalhotas para fazer o projeto caber na verba da Lei Aldir Blanc, além do malabarismo com tantas agendas e as liberações dos órgãos públicos. Trabalhamos com parceiros essenciais, como o Coletivo Fuligem na filmagem, a equipe da AWS, que trabalha com estrutura navais e contamos com o apoio da Secretaria de Cultura de Saquarema”, conta ela.
Arquivos tokenizados
Formada por jovens atentos às invenções do nosso tempo, a Foli Griô vai vender parte dessas gravações em áudio e vídeo exclusivas através da NFT (Non-Fungible Tokens), tecnologia que permite a comercialização e a garantia de propriedade de arquivos digitais. Esse novo recurso vem mexendo com o mercado e agitando os consumidores de arte ao redor do mundo. Álbuns recém lançados arrecadaram R$ 10 milhões em poucos meses, por exemplo.
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