E o prêmio APTR?

 

Confesso que estou um pouco sem fé nas premiações dos dias atuais. Por diversos motivos, mas não vale entrar nessa discussões que são pouco profícuas.

No entanto, não vou deixar de junto ao prêmio parabenizar alguns profissionais da área, que mereceram, melhor que isso, merecem estarem com a estatueta em mãos.

No dia primeiro de julho de dois mil e vinte e quatro, o Teatro Carlos Gomes, após uma longa temporada fechado, reabre recebendo as estrelas do teatro. A obra demorou, mas valeu muito a pena e lógico que merecido.

“As suas primitivas instalações foram inauguradas em 1872, quando se denominava Casino Franco-Brésilien (ou Teatro Cassino Franco Brasileiro). Em 1880, foi reformado e passou a ser denominado Teatro Santana, em homenagem ao nome da mulher do novo proprietário. Em 1905, após trocar novamente de dono, foi reinaugurado com o nome de Teatro Carlos Gomes, em homenagem ao compositor Carlos Gomes. Em 1929, o teatro sofreu o primeiro de seus incêndios. O prédio foi, então, reconstruído em estilo art déco. O teatro sofreu novos incêndios em 1950 e 1960. Em 1988, foi comprado pela prefeitura do Rio de Janeiro. ”

Um patrimônio que merece ser cuidado por todos.

Assisti a todos os espetáculos indicados, e claro que são bons, na verdade, são ótimos.

Isio Guelman e Gasparani, levaram as estatuetas merecidamente, por entregarem “Julius Caesar – Vidas Paralelas” de maneira tão forte e contundente. Lembro-me da crítica, quando disse em relação a Isio, ele está muitíssimo bem no seu personagem e quanto ao Gasparani, lembro ter escrito: parece um caminhão sem freio com sua dramaturgia visceral. Eles estão em São Paulo, para sorte dos paulistas. Aproveitem!

Já o espetáculo o Furacão da AMOK, levou os prêmios de música e cenografia, Ana Teixeira e Stephane Brodt merecem reconhecimento diante de uma obra impecável! Quanto ao prêmio de melhor atriz, essa eu posso confessar que não entendi. A Atriz Sirleia Aleixo apresentou em Furacão uma performance de alto nível, embora injustamente não indicada ao prêmio Shell, inclusive cabe dizer, que entre as indicadas daquele prêmio tinha profissionais sem um porcento da grandeza performática da atriz protagonista do Furacão. Já no prêmio APTR, foi indicada. No entanto, não levou a estatueta, deixando para a atriz Ana Beatriz Nogueira, que também atuou com maestria em “Senhora Klein” (excelente espetáculo), dirigida pelo querido Peralta, mas cabia um empate. Sinceramente…

A iluminação veio para Vilmar Olos, que tem feito trabalhos magníficos nas salas teatrais.

A direção de movimento veio para a Sueli Guerra, assisti ao espetáculo  “Beetlejuice”, foi trabalho é o que posso afirmar. Um trabalho árduo, por ser um espetáculo grande, um musical esteticamente perfeito. Mas também não posso deixar de mencionar o trabalho do Renato Vieira, em “Noel – Coisa Nossa”, que foi lindíssimo!

Mas no caso dessa direção (movimento) teve empate, Paulo Mantuano, também está com o prêmio APTR em mãos, após trabalhar ao lado da atriz Carolina Virguez, em “Restos na escuridão – Engenharia reversa”, uma obra que chama atenção por ter uma pesquisa aprofundada sobre o dramaturgo Beckett.

A categoria de Jovem talento foi para o pessoal de São Paulo, com o espetáculo “Se essa Lua Fosse Minha”, merecidíssmo. A obra foi feita com simplicidade e com beleza estonteante. Vale muito lembrar dessa montagem.

Direção e espetáculo, Paulo Moraes levou para casa, claro! “Brás Cubas” é um escândalo, uma oba que deve estar guardada para sempre em nossa memória, por tamanha nobreza. Tudo, absolutamente tudo é bem-vindo. A obra-prima, esteve no CCBB, onde eu assisti, e fiquei ali por horas saboreando ao espetáculo. Fiquei feliz por essas estatuetas estarem nas mãos certas. Detalhe, os artistas chegaram da China direto para o palco, que voem ao redor do mundo apresentando nosso Machado de Assis!

Cleyton e Karen Brusttolin, mais uma vez levaram prêmios, o artista pela obra “Macacos” e a figurinista pela obra “A Aforista”.

(Confira as imagens da premiação no Instagram @aptroficial)

E o “Azul”?

“Azul” é o espetáculo infantil da Cia Artesanal, essa obra abalou realmente as estruturas do teatro, principalmente no que se diz teatro infantil. Ao ser indicado na página da APTR, foi uma chuva de coração azul, já indicando que esse prêmio tinha dono, ficaria muito chato para os jurados a não entrega do prêmio para essa obra que é poética.

Azul traz representatividade de forma delicada, de excelente bom gosto, alcançando sucesso de público e críticas. Gustavo e Henrique são artistas de excelência e merecem todo reconhecimento. Eles não couberam no prêmio CBTIJ, o que causou indagações da minha parte, afinal não é sempre que o teatro infantil tem ingressos esgotados e cachorro na plateia levando seu tutor com deficiência visual ao teatro, não é mesmo?

Como disse Cris Muñoz, consultora e doutora, a atriz que também é autista: “eu esperei cinquenta anos para ser representada no teatro”, isso é o “Azul”.

NUNCA vimos tantos autistas assistindo à peça teatral, isso é para ficar na história, entendendo que é na história mesmo, pois a categoria no APTR também é novidade, e foram assertivos na indicação. Em 2001, a Artesanal ganhou os seus primeiros prêmios, direção e espetáculo, no prêmio Maria Clara Machado, no mesmo teatro. É história.

Os bonecos, do artista plástico Bruno Dante, desde que saíram do Centro Cultural Banco do Brasil no Rio de Janeiro, no meio do ano de dois mil e vinte e três, não pararam, e se por acaso chegarem fotos deles e dos artistas em uma praia paradisíaca, poderemos dizer: justo, justíssimo…

O espetáculo “Meu Corpo Está Aqui” levou o prêmio especial, aliás a obra não está só aqui, mas rodando por aí também.

É isso, vale lembrar que a APTR é uma instituição de vasta importância para a classe, sempre defendendo os direitos dos artistas em Brasília, sendo atuante no setor aos olhos nus, mesmo durante a pandemia, foi de extrema importância, trazendo acolhimento aos técnicos do teatro, tornando-se também inesquecível por esse feito.

 

Veja a lista de vencedores do Prêmio APTR

  • ATRIZ EM PAPEL COADJUVANTE: Carol Garcia (“Kafka e a boneca viajante”)
  • ATOR EM PAPEL COADJUVANTE: Isio Guelman (“Julius Caesar – Vidas Paralelas”)
  • DRAMATURGIA: Gustavo Gasparani (“Julius Caesar – Vidas Paralelas”)
  • CATEGORIA ESPECIAL – TROFÉU MARÍLIA PÊRA: Teatro Rival – 90 anos de História
  • MÚSICA: Stephane Brodt (“Furacão”)
  • DIREÇÃO DE MOVIMENTO: Suely Guerra (“Beetlejuice”) e Paulo Mantuano (“Restos na escuridão – Engenharia reversa”)
  • ILUMINAÇÃO: Vilmar Olos (“Como posso não ser Montgomery Clift?”)
  • CENOGRAFIA: Ana Teixeira e Stephane Brodt (“Furacão”)
  • FIGURINO: Karen Brusttolin (“A aforista”)
  • CATEGORIA JOVEM TALENTO – TROFÉU MANOELA PINTO GUIMARÃES: Elenco e equipe criativa de “Se essa Lua fosse minha”
  • INFANTIL: “Azul”
  • ATRIZ EM PAPEL PROTAGONISTA: Ana Beatriz Nogueira (“Sra. Klein”)
  • ATOR EM PAPEL PROTAGONISTA: Cleyton Nascimento (“Macacos”)
  • PRÊMIO ESPECIAL: “Meu corpo está aqui”
  • DIREÇÃO: Paulo de Moraes (“Brás Cubas”)
  • ESPETÁCULO: “Brás Cubas”
  • PRODUÇÃO: “Jovem Frankenstein” (Aventura e Moeller & Botelho)

 

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