SAÍDA DISCRETA PELA PORTA DOS FUNDOS
José Luiz chegou ao apartamento de Pedro Paulo meia hora antes do horário combinado. Foram logo para a sala e começaram a examinar a caixa com alguns objetos que o dono da casa havia separado.
JL: Caramba, eu procurei tanto esse livro…
PP: Saída discreta pela porta dos fundos. É a sua cara, vamos admitir. E você tá mais calmo? Tudo bem?
JL: Por acaso, você achou aquele meu CD da Dua Lipa?
PP: Tá aí. Olha direito.
JL: Essa camisa vermelha… Adoro ela, mas aqui no Rio é difícil usar. A gente comprou em Bariloche, lembra?
PP: E esse DVD Beth Carvalho canta o samba da Bahia é meu ou seu? Eu pus aí na caixa, mas confesso que não sei.
JL: É meu, mas pode ficar, você sempre gostou mais dela do que eu.
PP: Seu álbum de figurinhas da Copa de 2014, seu relógio de pulseira de couro marrom…
JL: Se quiser, pode ficar com ele também. Essa pulseira me dá alergia. Agora só vejo a hora no celular.
PP: Falando em celular, tem um carregador por aí.
JL: Tô vendo. Eu quero, é sempre útil. Minhas meias com a bandeira da Inglaterra, meu dicionário português-italiano, a câmera fotográfica…
PP: Já sei, agora você só tira foto pelo celular. Aliás, você nunca gostou muito de foto, né?
JL: O estojo de lápis de cor e o barbeador elétrico. Acho que é tudo.
PP: É tudo sim, fica tranquilo, não falta mais nada. Então é isso. Boa Sorte. Ah, e que tudo corra bem no emprego novo.
JL: Pois é. Bem, acabou mesmo. Acho que me desesperei à toa. E eu tô aqui pensando numa coisa… Se eu soubesse que era tão fácil se separar, já tinha feito isso antes.
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Ah se toda separação fosse simplesmente consensual e amigável….Gostei do texto!! Parabéns Prof