
com César Manzolillo

O HOMEM, A MULHER & O VENTO
Em torno deles, o vento balançava suavemente as folhas das árvores. Tão sutil era o movimento que olhos menos atentos enxergariam apenas imobilidade naquele verde profundo. Com passos curtos, porém decididos, Homem foi se aproximando, até que pôde roçar com delicadeza os cabelos longos e sedosos de Mulher. Esse gesto simples, marcado por um frescor inédito, provocou nela o costumeiro frêmito prazeroso, um arrepio doce e tranquilo. Receptiva, ela se voltou com um sorriso sincero, expressão de gratidão e regozijo. O sorriso branco, emoldurado por lábios róseos e delicados, dizia mais do que mil palavras: desejava continuidade. Homem compreendeu. Era o momento de deslizar as mãos por aquele corpo nu, com a firmeza de quem conhece o território, sem hesitar, sem pedir. Não por arrogância, mas por uma certeza ancestral de pertencimento mútuo. Ele o fez sem pressa, como quem prolonga o instante, esticando o tempo entre os dedos. Ao redor, o vento ganhava corpo e soprava agora com mais vigor, envolvendo o casal numa rede invisível. Um assobio discreto, entrelaçado no canto intermitente de um pássaro distante, compunha a trilha sonora daquele jardim sagrado. O balançar das folhas, agora evidente, marcava o ritmo tácito da entrega. Quase sempre, os encontros entre Homem e Mulher aconteciam em silêncio. Não falavam com palavras, mas com o instinto nascido do sentimento que os unia. Àquela altura, o Sol começava sua despedida, salpicando o horizonte com tons de laranja e ouro, tonalidades que surgem apenas em instantes especiais. Sobre a grama, embaixo da copa imponente de uma árvore frondosa, em um cenário de pureza quase bíblica, os dois permaneciam: Homem e Mulher, entregues um ao outro, ao vento e ao tempo…

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A habilidade literária do César Manzolillo é sempre surpreendente em seus contos. Em “O HOMEM, A MULHER & O VENTO” observa-se a sutileza de sua pena: um erotismo refinado em harmonia com o meio ambiente, que interage com suas cores, sons e clima para a romantização e cumplicidade dos amantes no cenário amoroso.
Contista versátil demais, né?!? Mas sei que, como seu editor, sou suspeito. rs