
com César Manzolillo

A VERDADE
Paula não desistia. Após meses de reflexões profundas e conversas francas com a terapeuta, admitia que parte da culpa pelo fracasso de seu breve casamento com Jorge era sua. Ainda assim, mantinha acesa a ideia obstinada de ser feliz ao lado de alguém. Não por carência, mas por desejo legítimo de compartilhar a vida com afeto e parceria.
Numa noite chuvosa e abafada, aceitou o convite de Lucilene, uma amiga da infância, e foram juntas à boate Boas Intenções — nome sugestivo demais para um local de luzes faiscantes e intenções dúbias.
Ali, entre uma lambada modernizada e um gim-tônica mal servido, conheceu Jonas, um homem de olhar tranquilo e sorriso contido, típico de quem escuta mais do que fala. Depois de quatro danças e três drinques (ou seriam três danças e quatro drinques?), já estavam aboletados no banco de trás de um carro de aplicativo. O destino? Um motel à beira-mar com uma fachada bem chamativa.
No quarto, espelhos demais para tão pouca verdade. Jonas foi logo tirando a roupa com a pressa de quem não veio para contemplações. Seguro, já sabia como aquela noite deveria terminar. Paula, perdida entre indecisão e desejo, disse:
— Antes que aconteça qualquer coisa entre a gente, preciso te contar a verdade. A verdade nua e crua…
Jonas apenas sorriu e rebateu:
— Tira a roupa você, meu amor… e deixa a verdade vestida. Não posso perder tempo. Tenho mulher e três filhos me esperando em casa.

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