
com César Manzolillo

A MUTAÇÃO
A Franz Kafka
Percy acordou com uma sensação de deslocamento, como se o mundo tivesse mudado de eixo durante a noite. O colchão, antes familiar e acolhedor, era agora hostil. Seus membros, longos e estranhos, se recusavam a obedecer. Arrastou-se até o banheiro guiado por uma inquietação que não sabia nomear. Diante do espelho, a revelação: um rosto humano, grotesco em sua normalidade, o fitava com olhos incrédulos. Percy, outrora percevejo, encontrava-se atualmente condenado à forma mais absurda da existência: a humana.

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