
com César Manzolillo

A MORTE DO PATRIARCA
No dia em que a família Marini receber a notícia da morte do patriarca, todos os seus membros sofrerão um grande abalo. Suzana, a esposa, vai se lembrar de tudo que aprendeu com o marido, da lua de mel no México e das viagens turísticas à Grécia, à Austrália e ao Canadá que fizeram juntos. Tadeu, o filho mais velho, vai se lembrar das pescarias no sítio dos avós em Campinas, das partidas de tênis no clube de Campos do Jordão e das primeiras lições de direção tomadas nas ruas do bairro onde a família morava. Letícia, a filha do meio, vai se lembrar da valsa no seu baile de debutante ao som de “Beuaty and the beast”, dos desenhos que fazia na escola às vésperas do Dia dos Pais e das idas às praias do litoral de São Paulo. Fabrício, o filho mais novo, vai se lembrar dos passeios de barco em Ilhabela, das sessões de cinema nos sábados à tarde e das partidas de xadrez e dominó. Sim, é verdade, no dia em que a família Marini receber a notícia da morte do patriarca, todos os seus membros sofrerão um enorme abalo. Hoje, um ciclone assolou 87 municípios gaúchos e 39 catarinenses deixando 176 vítimas fatais nos dois estados. Hoje, no Brasil inteiro, mais de 5 milhões de indivíduos sofrem com o flagelo da fome e da insegurança alimentar. Hoje, os caminhos do médico cardiologista Frederico Marini e do latrocida foragido Marcos Paulo de Souza irão se cruzar. No dia em que a família Marini receber a notícia da morte do patriarca, todos os seus membros sofrerão um forte abalo. E esse dia é hoje.

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Certo. Mais uma fatalidade das grandes cidades que irá provavelmente virar notícia jornalística.
Cujos detalhes supracitados só interessam + msm a própria família.
Interessante perspectiva do tempo! A vida é vivida no agora!
O destino é suas armadilhas. César usa com muita criatividade a ênfase nos cotidiano de uma família, que terá seu modo de vida kudado pelas “trapaças da sorte”.
Muito obrigado pelos seus contos, meu amigo.