Mayara Gomes é uma jovem que coordena a campanha de um amigo à vaga na Câmara Municipal. É notória sua responsabilidade e compromisso em um projeto onde existe amizade envolvida, ademais César Lucena se trata de um candidato totalmente desacreditado. A atriz social acaba se tornando uma bifurcação dentro do enredo, que se divide em falar sobre sua intimidade e a luta entre os partidos. Totalmente confortável com a câmera, ela se mostra leal, estrategista e uma ótima discursante. Sua opção sexual acaba produzindo mais um discurso dentro de toda a sua luta.
Mesmo diante de muitos personagens, o protagonismo de Mayara Gomes demonstra a representatividade do povo cada vez mais forte e me arrisco dizer, que Mayara também representa todo o argumento do diretor. A naturalidade imposta fica visível desde o primeiro minuto de filme afinal, não é comum em uma estética natural a protagonista de andar de moto sem capacete despojadamente.
Estrelando o seu primeiro documentário produzido no Brasil, Quentin Delaroche que também é montador e operador de câmera para o cinema e a televisão, traz um cenário político, mas sem muito embates nas campanhas.
Fica muito visível que a cidade de Camocim de São Félix, muda completamente em ano de eleição. A festa é tão grande, que de longe não aparenta uma eleição, brigas do nada, clima de carnaval, mulheres mais novas se exibindo, são exemplos do cenário retratado. Em alguns pontos conseguimos assistir a tudo de uma forma tão aberta, que chegamos a questionar se realmente se trata de algo natural. Certamente, todos esses momentos trazem a força ao documentário.
Por se tratar de um documentário é difícil criar um ritmo mais acelerado quando ele não existe, talvez se fosse trabalhado um pouco mais na edição, mas sem mudar a naturalidade, o fato é, como a campanha de César é muito parada e rende poucos momentos mais agitados, por assim dizer.
Com muita naturalidade, Camocim traz aos seus espectadores uma visão limpa e suja da política do interior, deixando a todos um pensamento sobre lealdade, luta e dualidade.
MARIANE BARCELOS
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