BABILÔNIA: Uma nova e atualizada homenagem ao início do cinema falado

 

Assim como o filme de Steven Spielberg, “Os Fabelmans”, o novo projeto do cineasta Damien Chazelle (“La La Land”), “Babilônia“, é uma grande homenagem ao Cinema, mas diferente do trabalho de Spielberg, que tem um toque bem mais pessoal, Babilônia é apenas isso, uma homenagem de um cineasta, a uma Era muito importante para a história do cinema, que trouxe tanto pesares como vantagens para a indústria.

Cena de “Babilônia”. Foto: Divulgação Paramount

Chazelle foca na transição do cinema mudo para os filmes falados, mostrando os pontos principais de como a indústria funcionava na época, mas com alguns exageros que o filme tem por demais, mas quando mostra a indústria cinematográfica funcionando em mais um dia de filmagem, aí que os exageros funcionam como momentos de humor e descontração. Quando é mostrado as interações entre pessoas da indústria através das festas burguesas, os exageros chegam a serem bem nojentos e repugnantes, que quase caem no pornográfico, nesses momentos que é bem difícil de assistir.

Cena de “Babilônia”. Foto: Divulgação Paramount

O que deixa essas sequencias meramente interessantes é a parte técnica, como a produção de design e a fotografia, que, junto com a trilha sonora com ritmos marcantes, conseguem deixar os cenários antiquados, chamativos e deslumbrantes, destacando o glamour da época dos anos 20.

Cena de “Babilônia”. Foto: Divulgação Paramount

Entre diversos personagens, o roteiro dá destaque aos personagens da Margot Robbie, Brad Pitt e Diego Calva, que representam tipos específicos de profissionais na indústria e que mais sofreram com a chegada do cinema falado do que tiraram proveito desse novo recurso. Mostra por exemplo a forma exagerada e teatral do personagem de Brad de atuar e que não combinam colocando suas interpretações da época do cinema mudo para o falado, ou a Margot, que interpreta uma atriz que esbalda beleza, porém não tem um bom vocabulário ou tonalidade agradável para os ouvidos, ou até mesmo para o equipamento sensível da época, o que parece muito familiar, já que a estrutura do roteiro cria é bem parecida com a do filme “Cantando na Chuva”. Para quem conhece bem a obra lançada em 1952, vai identificar bem essas comparações que são inteiramente intencionais, já que o próprio roteiro deixa isso claro em um diálogo específico entre os personagens de Brad Pitt e Jean Smart, usando a trajetória do personagem de Brad como metáfora sobre a repetição de certos acontecimentos que sempre ocorrerão dentro da indústria.

Cena de “Babilônia”. Foto: Divulgação Paramount

Um dos personagens ao qual a direção dá certa importância, mas só cria a ilusão de um falso protagonista é o musico vivido por Jovan Adepo. Havia bastante coisa para ser explorada sobre o personagem, principalmente por ser um homem negro em pleno anos 20 que ingressa no Cinema, em uma época que negros raramente tinham oportunidade de trabalhar em um filme.  Com exceção de uma cena especifica sobre o tom de sua pele para as filmagens de uma cena, o personagem é muito esquecido pelo roteiro, perdendo diversas chances de se aprofundar em questões raciais que existiam naquela década, que eram bem mais rígidas e rigorosas, a ponto de ser humilhante.

Cena de “Babilônia”. Foto: Divulgação Paramount

A transição mostrada nos filmes, também afeta a forma de socializar em Hollywood, quando os filmes começam a falar, a burguesia, que se via no início para trás, abre espaço para a futilidade disfarçada de elegância, jogando o passado para o lugar mais remoto de Hollywood. É quando o filme muda de estilo por completo, numa sequência que se desprende do resto da história. A única coisa positiva que veio com esse momento é o personagem de Toby Maguire, que apesar de ter pouca participação, é memorável em sua passagem, com seu jeito passivo agressivo que faz o espectador amar e temer o personagem.

Cena de “Babilônia”. Foto: Divulgação Paramount

O personagem de Diego Calva almeja trabalhar no cinema por uma visão de que os filmes acabem passando, mas depois que ingressa na indústra e participa nos bastidores das produções, descobre a realidade de vários lados que Hollywood esconde. Quebra-se a fantasia, que se torna um choque, principalmente no desfecho da história, mas também em sua trajetória.

Confira o trailer:

“Babilônia” tem seu mérito na sua homenagem a um tempo antigo de Hollywood, porém a direção força, em certos momentos, provocando infelizmente diversos exageros dispensáveis.

NOTA: 6,5

BRUNO MARTUCI

 


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Colaborador de CINEMA & SÉRIES dos sites ARTECULT.com, The Geeks, Bagulhos Sinistros, entre outros.

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