
Foto: Carol Quintanilha
Mostra apresenta obras de renomados artistas afrodescendentes do Brasil e dos EUA, como Abdias Nascimento, Simone Leigh, Emanuel Araújo, Leonardo Drew e outros
Reunindo cerca de 160 obras de renomados artistas negros do Brasil e dos Estados Unidos, a exposição “Ancestral: Afro-Américas” chega ao Centro Cultural Banco do Brasil Rio de Janeiro a partir do dia 4 de junho de 2025. Com direção artística de Marcello Dantas e curadoria de Ana Beatriz Almeida, a mostra celebra as heranças e os vínculos compartilhados entre os povos afrodescendentes brasileiros e norte-americanos no campo das artes visuais, promovendo uma reflexão crítica sobre a diáspora africana. A mostra conta também com um conjunto de adornos comumente chamado de “joias de crioula”, indumentária usada por mulheres negras que alcançavam a liberdade no período colonial brasileiro, especialmente na Bahia, como forma de expressar sua ancestralidade, e uma seleção de arte africana da Coleção Ivani e Jorge Yunes, com curadoria de Renato Araújo da Silva. Os segmentos buscam localizar, por um lado, as brechas em que a ancestralidade africana se fez presente durante o Brasil colonial, e, por outro, seus elementos na arte produzida em seu território de origem.
“A palavra ‘ancestral’ é comum tanto em inglês quanto em português. É essa origem compartilhada que buscamos evidenciar na arte contemporânea, algo que ultrapasse as barreiras geográficas, linguísticas e culturais. A exposição ‘Ancestral’ demonstra que, mesmo diante de tanta dor, sofrimento e com todo distanciamento de séculos de diáspora africana, sua arte persiste na capacidade de manter uma chama acesa ao longo do tempo”, destaca o diretor artístico da mostra, Marcello Dantas.
A exposição ocupará todas as oito salas do primeiro andar do CCBB RJ com obras de artistas como Abdias Nascimento, Simone Leigh, Emanuel Araújo, Sonia Gomes, Leonardo Drew, Mestre Didi, Melvin Edwards, Lorna Simpson, Kara Walker, Arthur Bispo do Rosário, Carrie Mae Weems, Monica Venturi, Julie Mehretu, entre outros.
“Nós nos deixamos guiar pelos grupos e comunidades da diáspora africana que reimaginaram o conceito de servidão nessas nações coloniais para as quais foram trazidas, contribuindo de maneira significativa para a construção da identidade nacional desses lugares. A partir da ideia de seres humanos que reinventam sua existência em um ambiente hostil, selecionamos artistas que evocam essa invenção, essa transformação, e esse processo de ‘tornar-se’ como uma poderosa ferramenta, poética e estética”, ressalta a curadora Ana Beatriz Almeida.
Neste contexto, serão apresentados trabalhos inéditos das brasileiras Gabriella Marinho e Gê Viana e da norte-americana Simone Leigh, primeira mulher afro-americana a representar os Estados Unidos na Bienal de Veneza. O também norte-americano Nari Ward traz para a mostra um trabalho criado em solo brasileiro exclusivamente para a ocasião, no qual incorpora objetos do cotidiano, enriquecendo o intercâmbio artístico entre as nações.
Também fazem parte da mostra nomes como Abdias Nascimento, ícone do ativismo cultural no Brasil, amplamente reconhecido por suas contribuições à valorização da cultura afro-brasileira e por ter recebido o Prêmio Zumbi dos Palmares. Entre os artistas norte-americanos, Kara Walker se destaca com sua arte provocativa, que examina questões históricas e sociais, que lhe rendeu o prestigiado Prêmio MacArthur. Julie Mehretu é outra presença significativa, reconhecida por suas complexas pinturas que estabelecem um diálogo com a geopolítica atual, acumulando uma série de prêmios ao longo de sua carreira. Complementando esse panorama, a destacada artista brasileira Rosana Paulino traz um olhar crítico sobre raça e identidade, ressaltando a diversidade e a profundidade das vozes representadas na mostra.
Ainda se somam a eles nomes como o da jovem artista Mayara Ferrão, que utiliza a inteligência artificial para repensar cenas de afeto entre pessoas negras e indígenas não contadas pela “história tradicional”; e Arthur Bispo do Rosário, com seus mantos bordados e objetos que transcenderam o tempo e subverteram o conceito de beleza e loucura. Reforçando o diálogo poderoso sobre identidade, cultura e história, e refletindo a complexidade da experiência humana, há obras de Kerry James Marshall, Carrie Mae Weems e Betye Saar.
- Agnaldo Manuel dos Santos. Sem título. Década de 1950. 140X20X25cm
- Mixing Metaphors show, disc 5 of 5 various: Photographed by the Hammer Museum in conjunction with the show “Now Dig This”
- Dawoud Bey. Toyia, Kelvin & Erica II. 1993. 80,9X60,3X4,7cm
- Diambe. Colméia. 2023. 90X52X45cm
- Diambe. Sensação térmica. 2023. 90X58X35cm
- Hank Willis Thomas. Resistance. 2019.
- Heloisa Hariadne. A força que é me alimentar de você enquanto estou comigo. 2021. 131 x 192 x 4,3 cm. Foto Filipe Berndt
- Isa do Rosário. Omolú. 2023. Bordado sobre TNT. 140X300X5cm
- José Adário dos Santos. Ferramenta de Exu Gira Mundo
- Mônica Ventura. O Sorriso de Acotirene. 2018. Foto: Carol Quintanilha
- Nadia Taquary. Atotô. 2024. Foto: Carol Quintanilha
- Nari Ward. Untitled (Xancestral). 2024. Foto: Carol Quintanilha
- Simone Leigh. Las Meninas. 2024. Foto: Carol Quintanilha
- Paulo Nazareth. Ovos de Colombo – Produtos de Genocídio. 2021 e Kara Walker Testimony. Narrative of a Negress Burdened by Good Intention
- Foto: Ruy Teixeira

Tivemos a oportunidade de conversar com os responsáveis pela exposição, o diretor artístico Marcello Dantas e a curadora Ana Beatriz Almeida. Confira abaixo!
ENTREVISTA COM MARCELO DANTAS (diretor artístico)
1. Como diretor artístico, qual foi o maior desafio em transformar os eixos temáticos da exposição — corpo, sonho e espaço — em uma experiência sensorial e narrativa que dialoga com o público?
O primeiro grande desafio foi encontrar a chave para abordar essas diásporas nas Américas de uma forma que fosse inspiradora. Trabalhar com tamanha diversidade de linguagens e intenções exigiu criar ambientes simbolicamente conectados aos contextos de cada obra. Incorporar a coleção de África dentro do núcleo Afro-Américas também foi um passo essencial — ela oferece um ponto de origem comum, revelando os caminhos singulares que cada artista trilhou a partir dali.
2. Você tem um histórico de integrar arte, tecnologia e memória em suas direções artísticas. Que elementos específicos foram utilizados na cenografia ou na ambientação da mostra para provocar uma conexão afetiva com o conceito de ancestralidade?
A substituição do piso por esteiras de palha em algumas salas foi uma escolha fundamental — ela propõe uma nova relação sensorial entre o visitante e as obras. O uso do vídeo e da interatividade também contribui para estabelecer vínculos mais diretos. Mas, acima de tudo, são os diálogos entre diferentes poéticas que geram essa energia de presença e ancestralidade. Em cada cidade, realizamos ativações com artistas cênicos e músicos, criando experiências memoráveis junto à exposição. No Rio, por exemplo, abriremos com um rito conduzido por duas cantoras extraordinárias: Virgínia Rodrigues e Inaicyra Falcão.
3. Ao trabalhar com obras tão potentes e diversas de artistas afrodescendentes do Brasil e dos EUA, como você pensou a fluidez espacial e simbólica da exposição para não apenas expor, mas contar uma história coletiva e transatlântica?
A criação da sala África foi decisiva nesse sentido. Ela não fazia parte da primeira montagem, mas entendi, com o tempo, que sem essa imagem matricial seria difícil narrar a transformação que se deu no Brasil e em outros países que passaram por processos semelhantes. É a partir desse ponto comum que conseguimos dar sentido aos caminhos cruzados, às lutas e às criações que formam essa história coletiva e transatlântica.
ENTREVISTA COM ANA BEATRIZ ALMEIDA (curadora)
1. A curadoria de “Ancestral: Afro-Américas” propõe um reencontro com a herança africana nas Américas. Como foi o processo de escolha dos artistas e obras para garantir uma representação potente, diversa e coerente dessa ancestralidade?
Essa curadoria foi feita junto com a Lauren Haynes e uma das principais coisas que a gente queria era pensar nessa conexão não de maneira obvia, aparente, mas pensar nessa conexão de acordo com um pensamento mais profundo, pensando em modos de ser e estar no mundo e como a experiência de construir países nos quais essas identidades são estrangeiras, e principalmente sendo as responsáveis pela construção moderna desses países, levou a gente a criar uma curadoria em que o real lugar de encontro é o invisível. Desta forma, a seleção das obras e dos artistas vai muito a partir de temas e sentimentos que esses artistas compartilham e que essas obras vão tratar de maneira diferente, mas a partir dessa mesma experiência as construções são diferentes e de alguma forma a gente percebe essas diferentes construções a partir dos mesmos pontos invisíveis, a partir desses pontos de ser e estar eternamente estrangeiros em lugares que foram construídos por essas pessoas, como um grande traço diacrítico da arché afro-diaspórica no geral. E quando eu digo afro-diaspórica é afro-britânica, afro-caribenha, enfim, e afro-americana e afro-brasileira. Então a gente entende ancestral como uma possiblidade desses diálogos a partir desses pontos de convergência de ser e estar no mundo, mas que a gente poderia fazer outros ancestrais, a partir dos mesmos pontos de ser e estra no mundo. A gente poderia fazer ancestral a partir de ser e estar no mundo entre Colômbia e reino unido, entre Brasil e Colômbia, entre cuba e Jamaica, entre Cuba e EUA, enfim, essa é uma possibilidade dessa convergência desse lugar que tenta expor como as mesmas condições podem levar a manifestações ética e estéticas conectantes, mas distintas em sua singularidade, convergentes e divergentes ao mesmo tempo, mas produzidas a partir do mesmo eixo.
2. Como pesquisadora e curadora que atua com temas ligados às epistemologias negras, como você vê a importância dessa exposição em um espaço institucional como o CCBB? Há uma intenção de reconfigurar o olhar do público sobre a arte afrodescendente?
Interessante essa pergunta. De alguma forma gente vem observando essa performance na prática. Conforme eu vinha dizendo antes, eu e a Lauren a gente pensou principalmente em trazer uma narrativa que fosse além do figurativo. A gente propôs esse lugar da transição do corpo no espaço, inclusive pensando no corpo da audiência como um produtor de sentido. Então a experiência ética-estética é dada também pela travessia, também pela presença da audiência diante desses três eixos: corpo, sonho e espaço. A gente pretendia expandir para além da figuração, tanto que tem poucas obras figurativas na exposição e a proposta é justamente que o ancestral vá levar a um pensamento ético-estético para além do óbvio, para além do que o olhar já está acostumado a conceber como manifestação afrodescendente e não ignorando também que o olhar já está acostumado a conceber, mas colocando esse lugar comum, como a joia de crioula em diálogo com produções que não são visualmente assimiláveis de maneira tão simples, como por exemplo a obra da Amara Tabor-Smith e da Renata Felinto, que a gente tem o corpo se movimentando, produzindo um estado estético, que é efêmero, transitório, é a realidade mesmo das populações afrodescendentes. Inclusive nesta mesma área tem esse espaço de auto percepção da audiência para pontuar que o público em algum momento olhe para si próprio e reflita sobre o espaço também. Tem esse lugar de sair do obvio, sair do que se espera que seria a arte negra, pensando que muitas vezes a arte negra se torna uma representação de sujeitos negros, então enquanto curadores tivemos esse lugar muito forte de convergência, que a gente não queria repetir essa prática de representação, é uma exposição para além da representatividade.
3. A mostra reúne artistas de gerações e contextos distintos. Como foi a articulação entre essas vozes plurais dentro do recorte curatorial e o diálogo entre produções brasileiras e norte-americanas?
O que responde essa pergunta é um livro muito pouco lido, mas que vai explicar um pouco a estrutura curatorial dessa exposição. Tem um livro do Fábio Leite chamado Questão Ancestral. Eu acredito que é um livro revolucionário na perspectiva de analise das estruturas de pensamento do oeste do continente africano, que são as estruturas de pensamento que chegaram aqui através de diversas rotas, que inclusive estão presentes na exposição no setor Áfricas. Nas diversas rotas de tráfico de pessoas escravizadas, principalmente a rotas da minas, que passava pelo oeste africano. De acordo com o conceito dele da questão ancestral, a ideia de pessoa é o resultado e o acumulo de experiências ancestrais de cada um, então basicamente o que cada um é seria a atualização ancestral da sua própria família, do seu próprio universo de pensamento, das suas próprias filiações. A ideia de pessoa está intrinsicamente ligado com a questão ancestral, segundo esse conceito do Fabio Leite nessas comunidades do oeste africano. E quando essas comunidades chegam aqui, isso vai ser manifestado de outra forma porque o ancestral passa a ser, não necessariamente esse sujeito biologicamente anterior a você, mas por vezes uma região da que você vinha, ou o seu ancestral pode se tornar alguém que dialogava com as questões que você dialoga em algum momento. Então por exemplo vamos ter o Abdias Nascimento que vai dialogar a partir dessas logicas de matriz africana no Brasil pensando no conceito de como essas lógicas construíram a noção de identidade e produziam uma produção brasileira de panoafricanismo que é o quilombismo. Em paralelo ao Abdias, que fez isso, nós temos os artistas que ancestralmente se conectam com essa ideia, então por exemplo a gente vai ter do Maranhão a Tassila, que vai trazer essa relação dos encantados ali na obra dela; a gente vai ter a Diambe, mais jovem, que vai pensar na escultura em como esse ancestral se manifesta ali na noção de monumento e gênero e a gente vai ter nos Estados Unidos uma pessoa que vai pensar na ancestralidade e também na questão de gênero e a questão de como essas lógicas são manifestadas a partir de éticas e estéticas representativas e simbólicas pra esses universos, que é a Simone Leight, e essa questão de construir essa relação ancestral a partir do que a experiência de deslocamento produziu de percepção de ancestralidade pra esses artistas e de reconfiguração também dessa questão. Então da mesma forma que o Abdias lá atrás vai pensar nesse pan-africanismo a partir de lógicas que chegaram no Brasil a partir do oeste africano, a Simone Leight vai também de uma estrutura de pensamento do oeste africano, uma estrutura de pensamento contra-hegemônica, uma estrutura afro-feminista para produzir essa narrativa ética e estética simbólica de gênero, então tem essas relações ancestrais que vão além e tempo e espaço e foi um dos objetivos da curadoria.
ANCESTRAL NO CCBB – RJ
A exposição, que agora chega ao CCBB RJ, teve início em São Paulo, com a curadoria conjunta de Ana Beatriz Almeida e Lauren Haynes. De lá, a mostra seguiu para o CCBB Belo Horizonte, onde houve o acréscimo da parte africana, e desta mesma forma será apresentada no CCBB Rio de Janeiro. Ancestral:Afro-Américas é apresentada pelo Ministério da Cultura e BB Asset, por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura.
“Patrocinar a exposição “Ancestral: Afro-Américas” reforça nosso compromisso com o futuro, investindo não apenas em resultados, mas também naquilo que transforma uma sociedade: a cultura e arte. Como a maior gestora de fundos do Brasil, temos a honra de contribuir para a preservação do legado cultural do país, inspirando novas gerações e promovendo um Brasil mais vibrante e consciente da sua rica história e expressão artística. Este é o tipo de investimento que gera valor para todos.”, diz Mário Perrone, diretor da BB Asset.
Confira o teaser da exposição:
NÚCLEOS TEMÁTICOS
A mostra está dividida em três eixos – corpo, sonho e espaço –, oferecendo reflexões sobre a afirmação do corpo, a dimensão onírica dos sonhos e a reivindicação de espaço. Através desses eixos, “Ancestral: Afro-Américas” promove um encontro que valoriza o conceito de identidade afro-americana no Brasil e nos EUA e também a arte decolonial. A exposição não apenas homenageia os artistas que desafiaram as brutalidades e o apagamento do colonialismo, mas também busca fomentar um diálogo aberto sobre o impacto e a relevância das raízes africanas ancestrais na sua formação e em seus contextos sociais.
No núcleo “corpo”, as obras exploram os limites da representação. O ato de retratar uma pessoa negra em uma obra de arte – seja representando o outro ou a si mesmo – frequentemente constitui um poderoso ato de resistência. Este enfoque não só desafia as narrativas dominantes, como também desempenha um papel fundamental na reformulação do cânone da arte. Esta seção conta com nomes como Benny Andrews, cujas narrativas vibrantes destacam histórias pessoais e coletivas; Carlos Martiel, que aborda temas como imigração e identidade; e Dalton Paula, que trabalha com a memória cultural e as complexidades da representação. Reunidas, as obras deste núcleo trazem à tona um diálogo contínuo na arte contemporânea.
As obras do núcleo “espaço” examinam propostas de construção de mundo e criação de lugares, evidenciadas pelas múltiplas habilidades dos artistas apresentados nesta exposição. Ao tratar de temas como imigração, história e comunidade, esses artistas desafiam percepções convencionais de espaço e pertencimento. Esta seção cujos trabalhos vibrantes entrelaçam elementos naturais e urbanos, conta com artistas como Leonardo Drew, conhecido por suas instalações escultóricas que parecem explodir das paredes; Sonia Gomes, que usa materiais reaproveitados para explorar as relações entre memória e lugar; e Caroline Kent, cujas composições abstratas refletem sobre a fluidez da identidade. Juntas, as obras não apenas expandem nossa compreensão de “espaço”, como também convidam à contemplação sobre as conexões profundas entre os mundos que habitamos e as histórias que eles contêm. Também neste núcleo estarão 26 joias de crioula, peças de indumentária que constituem uma joalheria ritual para afirmação da ancestralidade africana por mulheres negras que conquistavam sua liberdade através do trabalho nas ruas, principalmente na Bahia, durante o período colonial brasileiro. Além de adornos, eram frequentemente utilizadas como instrumento de emancipação sociocultural, servindo como moeda e também como fundo de investimento para a compra de liberdade de outras mulheres.
Já no núcleo “sonho”, as obras expandem os limites da abstração, promovendo a contemplação e provocando reflexão. Por meio do uso inovador de cor, forma e textura, os artistas exploram temas complexos que desafiam as noções tradicionais de representação. Neste segmento estão presentes obras de Betye Saar, que combina elementos de colagem e assemblage para abordar identidade e herança; Simone Leigh, cujo trabalho é uma contínua investigação da subjetividade negra identificada como feminina; Murry Depillars, conhecido por suas composições vibrantes que evocam tanto movimento quanto emoção; Kevin Beasley, que habilmente integra materiais capazes de refletir narrativas pessoais e culturais; e Sam Gilliam, cujas telas drapeadas redefinem os limites da pintura.
NÚCLEO DE ARTE AFRICANA
A exposição celebra as conexões entre a herança africana e a arte contemporânea no Brasil e nas Américas, destacando a ancestralidade como uma grande fonte de criatividade artística. Desta forma, para ampliar o conceito, a mostra terá um núcleo de Arte Africana Tradicional, com curadoria de Renato Araújo da Silva, trazendo obras de povos de países como Nigéria, Benim, Guiné, Guiné-Bissau, Angola e República Democrática do Congo. A seção homenageia o continente de origem da humanidade, evidenciando a força das tradições e inovações culturais transmitidas ao longo do tempo.
“A seção de arte africana na exposição Ancestral apresenta obras dos povos da costa ocidental do continente, como Jorubá da Nigéria, Fon do Benim, Bijagó da Guiné-Bissau, Baga da Guiné, além de povos das regiões mais centrais da África, como os Tchokwe da Angola, os Bakuba e Bakongo da República Democrática do Congo, entre outros”, conta o curador Renato Araújo da Silva.
A intenção é não apenas homenagear o passado, mas também fazer um convite à reflexão sobre a resiliência e a criatividade que marcam as heranças da África.
“Esses objetos, que outrora serviram a funções espirituais, sociais ou utilitárias, transcendem o tempo ao conectar o público contemporâneo às raízes profundas da humanidade. A interação entre formas e significados que atravessaram o Atlântico revela uma continuidade cultural que persiste mesmo frente às adversidades”, afirma o curador.
SOBRE OS CURADORES
Ana Beatriz Almeida é artista visual, curadora e historiadora da arte, com foco em manifestações africanas e na diáspora africana. Nascida em Niterói (Brasil), em 1987, é mestre em História da Arte e Estética pelo Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo (USP) e atualmente é doutoranda em Estudos de Museus na University of Leicester, no Reino Unido. Almeida é também cofundadora e curadora da plataforma de arte 01.01, consultora curatorial do MAC-Niterói e foi curadora convidada do Glasgow International 2020/2021. Participou de residências curatoriais em Gana, Togo, Benim e Nigéria, durante as quais pôde se reconectar com parte de sua família que retornou ao Benim durante o período da escravidão. Como artista, desenvolveu ritos em homenagem àqueles que não conseguiram sobreviver à travessia atlântica durante o tráfico de escravizados. Sua técnica N’Gomku foi desenvolvida ao longo de cinco anos de pesquisa para a UNESCO sobre as tradições das comunidades afro-brasileiras do Baba Egum e da Irmandade da Boa Morte. Apresentou performances no Centro Cultural São Paulo, Itaú Cultural, SESC Ipiranga e Casa de Cultura da Brasilândia, em São Paulo; e na Bienal do Recôncavo, na Bahia. Ministrou um curso de verão sobre sua técnica de performance na Goldsmiths University, em Londres, Inglaterra, e participou da residência artística Can Serrat, em Barcelona, Espanha. O trabalho de Almeida integra a coleção permanente do Instituto Inhotim, em Brumadinho.
Renato Araújo da Silva graduou-se em filosofia em 2002 pela Universidade de São Paulo (USP). Pesquisador e curador, atua como consultor em arte africana das Coleções Ivani e Jorge Yunes desde 2018, Cerqueira Leite e Tomás Alvim, desde 2021. Assina exposições como curador de arte africana e asiática. Foi curador da exposição trilogia África, Mãe de Todos Nos (MON-Curitiba 2019) e da exposição “A Outra África trabalho e religiosidade” (Museu de Arte Sacra de São Paulo 2020), Crenças da Ásia – Museu de Arte Sacra e Diversidade Religiosa de Olímpia (2024). Além de ser autor de dezenas de catálogos de exposições, foi coautor do livro África em Artes (Museu Afro Brasil, 2015), é autor dos livros Arte Africana Máscaras e Esculturas 2 vols. (Beï 2024-225), Legados Arte Africana da Col. Cerqueira Leite (Unicamp-PUC-Campinas 2023), 5 mil anos de Arte Chinesa. (Instituto Confúcio 2024) e coautor de Sol Nascente a Col. de arte Japonesa Cerqueira Leite (PUC-Campinas 2024) e dos e-books Arte Afro-Brasileira altos e baixos de um conceito (Ferreavox 2016), “Temas de Arte Africana” (Ferreavox 2018), entre outros.
SOBRE O DIRETOR ARTÍSTICO
Marcello Dantas é um premiado curador interdisciplinar com ampla atividade no Brasil e no exterior. Trabalha na fronteira entre a arte e a tecnologia, produzindo exposições, museus e múltiplos projetos que buscam proporcionar experiências de imersão por meio dos sentidos e da percepção. Nos últimos anos esteve por trás da concepção de diversos museus, como o Museu da Língua Portuguesa e a Japan House, em São Paulo; Museu da Natureza, na Serra da Capivara, Piauí; Museu da Cidade de Manaus; Museu da Gente Sergipana, em Aracaju; Museu do Caribe e o Museu do Carnaval, em Barranquilla, Colômbia. Realizou exposições individuais de alguns dos mais importantes e influentes nomes da arte contemporânea como Ai Weiwei, Anish Kapoor, Bill Viola, Christian Boltanski, Jenny Holzer, Laurie Anderson, Michelangelo Pistoletto, Studio Drift, Rebecca Horn e Tunga. Foi também diretor artístico do Pavilhão do Brasil na Expo Shanghai 2010, do Pavilhão do Brasil na Rio+20, da Estação Pelé, em Berlim, na Copa do Mundo de 2006. Foi curador da Bienal do Mercosul, realizada em 2022, em Porto Alegre, e é atualmente curador do SFER IK Museo em Tulum, no México. Formado pela New York University, Marcello Dantas é membro do conselho de várias instituições internacionais e mentor de artes visuais do Art Institute of Chicago.
SOBRE O CCBB RJ
Inaugurado em 12 de outubro de 1989, o Centro Cultural Banco do Brasil Rio de Janeiro marca o início do investimento do Banco do Brasil em cultura. Instalado em um edifício histórico, projetado pelo arquiteto do Império, Francisco Joaquim Bethencourt da Silva, é um marco da revitalização do centro histórico da cidade do Rio de Janeiro. São 35 anos ampliando a conexão dos brasileiros com a cultura com uma programação relevante, diversa e regular nas áreas de artes visuais, artes cênicas, cinema, música e ideias. Quando a cultura gera conexão ela inspira, sensibiliza, gera repertório, promove o pensamento crítico e tem o poder de impactar vidas. A cultura transforma o Brasil e os brasileiros e o CCBB promove o acesso às produções culturais nacionais e internacionais de maneira simples, inclusiva, com identificação e representatividade que celebram a pluralidade das manifestações culturais e a inovação que a sociedade manifesta. Acessível, contemporâneo, acolhedor, surpreendente: pra tudo o que você imaginar.
SOBRE A BB ASSET
A BB Asset, empresa do Banco do Brasil, é responsável pela gestão de mais de 1200 fundos de investimento para 2 milhões de pessoas que buscam realizar seus sonhos. Líder nacional no setor de fundos de investimento, detém aproximadamente 19% do mercado e administra um patrimônio líquido de cerca de R$ 1,73 trilhão*. Além disso, é reconhecida pela qualidade de sua gestão com as maiores notas das agências de classificação de risco Fitch Rating e Moody’s. Nossas soluções de investimento estão disponíveis para atender a ampla variedade de objetivos de nossos clientes. Como líder de mercado, entendemos nossa responsabilidade na atuação em prol dos desenvolvimentos ambiental, social, de governança corporativa e cultural. Com o objetivo de agregar valor à sociedade, a BB Asset patrocina iniciativas como a exposição Ancestral: Afro-Américas. Porque, além de gerir ativos financeiros, investir em arte e cultura – para a maior gestora de fundos do Brasil – também é melhorar a vida das pessoas! E esse é o nosso propósito! BB Asset: busque mais para seus investimentos!
*Dados do ranking da ANBIMA de março de 2025

SERVIÇO
Exposição Ancestral: Afro-Américas
- 4 de junho a 1 de setembro de 2025
- Classificação indicativa: livre
- Entrada gratuita
- Ingressos disponíveis na bilheteria física ou pelo site do CCBB – bb.com.br/cultura.
- Curadoria: Ana Beatriz Almeida
- Curadoria núcleo de Arte Africana: Renato Araújo da Silva
- Direção Artística: Marcello Dantas
- Produção: Magnetoscópio
- Patrocínio: BB Asset e Google
- Realização: Ministério da Cultura e Centro Cultural Banco do Brasil
- Centro Cultural Banco do Brasil Rio de Janeiro
- Endereço: Rua Primeiro de Março, 66 – 1º andar – Centro – Rio de Janeiro – RJ
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