Analógico Lógico: Ilford HP5 400, o melhor dos HP

Semana passada falei um pouco a respeito de um grande filme da Eastman Kodak: o Tri-X 400. Essa semana contarei um pouco a história de seu maior rival: o Ilford HP5 400, outro tremendo filme clássico que, inclusive, fez seu debut antes mesmo que o Tri-X. Na verdade a série Hypersensitive Panchromatic a qual ele pertence. Uma linhagem nobre deste fabuloso produtor de filmes P&B britânico. Bom, vamos a história!

Fundada em 1879, na cidade britânica de Ilford, por Alfred Harman, iniciou sua produção fabricando placas fotográficas com emulsão de gelatina seca. Em 1891 tornou-se a Britannia Works Company, sendo posteriormente vendida, em 1897, por Mr. Harman, devido a problemas de saúde.

Em 1902 a Britannia mudou seu nome para Ilford Limited, em homenagem à sua cidade natal e 10 anos mais tarde, em 1912, dá início a produção de filmes em rolo, sendo criada em 1920 a marca Selo Limited, que incorporava a Ilford, a Imperial e a Gem and Amalgamated Photographic Manufacters. Porém, cinco anos mais tarde a Selo foi passada ao controle efetivo da Ilford, em 1925, e esta ficou responsável por lançar vários filmes, como as famosas séries FP e HP.

Em 1931 a Ilford resolveu acrescentar um novo filme que trazia nova tecnologia à sua linha Selo, lançando, então, um filme pancromático de alta sensibilidade. Surge o Hypersensitive Panchromatic, inicialmente vendido em chapas, sendo rebatizado, em 1935, apenas com as iniciais HP.

A linha HP foi sendo evoluída e em 1939 chega o HP2, marcado como ASA 200, e que foi substituído dois anos mais tarde pelo HP3, que já apresentava o nome Ilford na embalagem, em substituição à marca Selo e foi, inicialmente, comercializado como ASA 125, passando para ASA 200 entre 1952 e 1953 e sendo novamente remarcado como ASA 400, em 1960, sendo substituído pelo HP4, de ASA 400, em 1965.

A evolução da emulsão de haleto de prata de grão cúbico continuou e em 1976 é lançada a quinta versão dos HP numéricos, o HP5 ou a sexta versão total se formos considerar o HPS, de ASA 400, de 1954 e ASA 800, de 1960 e que, sendo contemporâneo aos HP3, HP4 e HP5, tinha uma estrutura granular diferente e mais invasiva, tendo sido substituído pelo Ilford Delta 3200, em 1998, o qual existe impávido até nossos dias.

O HP5 lançado na Photokina de 1976, também evoluiu e em 1989 ganhou sua última versão e que dura até os dias atuais: o HP5 Plus 400, um filme de grão suave, não intrusivo, de médio contraste e excelente harmonização entre sombras e altas luzes, se permitindo perceber detalhes em ambas, sendo um filme bastante difícil de estourar.

Possuindo uma ampla latitude, pode ser puxado em até três stops para ASA 3200, se tornando um excelente filme multi propósitos. Se sai maravilhosamente bem em cenário urbano, onde a profusão do concreto o torna uma escolha intuitiva e que, em minha opinião, é onde o HP5 Plus 400 brilha, pois consegue reproduzir detalhes da paisagem de modo realista e elegante.

Em fotografia de retratos consegue aliar a captura de detalhes com suavidade e em fotografia de paisagens pode ser utilizado com um filtro vermelho 25A para puxar as nuvens, evidenciando um pouco o céu, embora, nesse caso, eu prefira um laranja YA3 por me dar a impressão que o filtro vermelho torna a granulação um pouco mais intrusiva, pesada, independentemente da exposição estar corretamente compensada para o filtro. Isso possivelmente ocorre devido à sua faixa dinâmica no espectro vermelho não ser tão retumbante. Em minha humilde opinião, um filtro laranja fará o truque melhor.

Em comparação com seu irmão FP4 Plus 125, o HP5 perde em alcance dinâmico. Fácil. Isso é claramente observável em mata fechada e situações de pouca luz em que o FP4 dá um show e por ter uma ASA nativa menor, consegue controlar de forma magistral a granulação. Possivelmente o melhor filme profissional da atualidade.

Sendo uma lenda viva entre os filmes, com uma imagem reconhecível por olhos treinados, apresentando um contraste médio com boa definição e excelente versatilidade, o HP5 Plus 400 foi, é e continuará sendo, por muito tempo, uma das melhores e inquestionáveis opções em filmes pancromáticos, rivalizando de igual para igual com filmes pan de estrutura granular tabular mais moderna, sendo capaz de gerar imagens atemporais belíssimas, suaves e poéticas, somente produzidas pelo método analógico… Lógico!

VITOR OLIVEIRA

Confira o video sobre o Ilford HP5 :

https://www.youtube.com/watch?v=Yn3_aIiWzcc

 

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Author

Vitor Oliveira é dono de uma visão poética sobre a vida e o mundo que o permeia. Fotógrafo experiente e autodidata, fotografa desde os 10 anos de idade influenciado por seu avô, o pintor paisagista Altamiro Oliveira, de quem, além da pintura clássica, o influenciou no desenho e na literatura, arte que exerce escrevendo romances ambientados no submundo de uma São Sebastião do Rio de Janeiro do final do Séc XIX e começo do Séc XX que não mais existe. Pesquisador de métodos, técnicas e equipamentos fotográficos e colecionador, Vitor Oliveira fotografa principalmente em película, por considerar que, após quase 200 anos de evolução desta forma de arte, esta ainda oferece os melhores resultados, ao depurar a técnica artística, quase que alquimicamente. Sendo um dos únicos fotógrafos de nível mundial a participar, usando filme, no maior concurso fotográfico do mundo, o Sony World Photography Awards, da World Photography Organization, Vitor Oliveira inaugura seu Canal Analógico Lógico!, no YouTube, através do qual procura compartilhar um pouco de uma aprendizagem que nunca finda. Hare Hare! Canal Analógico Lógico! : https://youtube.com/channel/UCom1NVVBUDI2AMxfk3q8CpA Video de abertura: https://youtu.be/N_cuYPi6b4M

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