Faz escuro mas eu canto
Faz escuro mas eu canto,
porque a manhã vai chegar.
Vem ver comigo, companheiro,
a cor do mundo mudar.
Vale a pena não dormir para esperar
a cor do mundo mudar.
Já é madrugada,
vem o sol, quero alegria,
que é para esquecer o que eu sofria.
Quem sofre fica acordado
defendendo o coração.
Vamos juntos, multidão,
trabalhar pela alegria,
amanhã é um novo dia.
(in “A Madrugada Camponesa”, 1965)
Nosso coração está triste com a partida do poeta Thiago de Mello no dia 14.01.2022. Mas, também, grato por sermos contemporâneos de sua arte, da sua voz tão identificada com a natureza humana, e dos seus versos, ora líricos, amorosos, ora a serviço do social.
Poeta, editor, tradutor, jornalista e diplomata, Thiago de Mello pincelava sua poesia com os regionalismos amazonenses, inspirando nos leitores quadros protagonizados pela população ribeirinha, pelos cenários deslumbrantes da mata, pela solidão e pela paixão do homem, sem deixar de falar de generosidade, solidariedade e dos valores simples e essenciais ao homem.
Seu poema mais famoso, inclusive internacionalmente, é “Os Estatutos do Homem”, em forma de decreto, escrito após o golpe de 1964. Uma resposta amorosa à repressão da época.
O poeta, sem abrir mão de seu regionalismo em toda sua vida literária, tornou-se um poeta universal e reconhecidamente um homem de valor na luta pelos Direitos Humanos.
Fã do poeta, esta colaborada escreveu um texto em sua coluna baseado no poema “Para repartir com todos” (in “Mormaço na Floresta”). O texto pode ser lido no link http://artecult.com/poesia-e-interdependencia/.
Para homenageá-lo, entretanto, selecionamos um dos vídeos da galeria da nossa campanha “Para a Gente Lembrar da Poesia da Vida” (#ParaAGenteLembrarDaPoesiaDaVida) para dar voz à poesia desse ícone da nossa literatura: “As Ensinanças da Dúvida” (in “Mormaço na Floresta”).