Nosso Canal MÚSICA entrevistou com exclusividade o rapper Ramonzin que nos traz hoje seu single “Gueto Feroz”, com a participação de Djonga. A faixa integrará o próximo álbum do artista, com lançamento previsto ainda para esse ano. A música chegará acompanhada de um lyric video, produzido por Daniel W. de Andrade, do estúdio Fat Dog Animations, um coletivo de animadores e ilustradores do audiovisual. Ramonzin e Daniel assinam juntos a direção do vídeo, numa parceria que deu muito certo. A arte da capa do single é assinada pelo artista Mulambö.
Confira abaixo o lyric video de GUETO FEROZ:
Para o novo álbum, além de Djonga, ele já confirmou participações de outros artistas, como Malía, BK, Luedji Luna e L7NNON.
CONFIRA ABAIXO NOSSA ENTREVISTA EXCLUSIVA COM O NOSSO CONVIDADO:
1) “GUETO FEROZ” É UMA MUSICA QUE IMPRIME MUITA REPRESENTATIVIDADE, QUAIS OS MEIOS VOCÊ BUSCOU PARA IMPRIMIR ESSA ESSÊNCIA NA COMPOSIÇÃO ?
R- Acho que foi um movimento mais de reação propriamente do que meios usados. Essa representatividade já tá intrínseca na nossa vida saca? Eu só externei tudo aquilo que tava sentindo mesmo e dando propriedade sobre aquilo que era devido dar nesse momento complicado pra todos nós. Conheço minhas raizes. E elas andam comigo onde eu for.
2) QUAL A SUA PROPOSTA COM SUA MAIS NOVA MUSICA DE TRABALHO “GUETO FEROZ” ? E COMO FOI SUA PARCERIA COM O DJONGA?
R- Minha ideia é passar para todos que minhas formas de expressão evoluiram muito. Sejam elas no ritmo, na linguagem ou diferentes estilos. Mas meu discurso continua sendo fiel àquilo que sempre fui, honesto com minha arte e contestador nas letras. Em Gueto feroz, quero mostrar a potência da organização coletiva do povo. Gueto feroz é a independência do povo em paralelo a ausência do estado. A resinificação do funk como grito de guerra, há tempos esquecida. A visão ficcionada de gente unida em Bacural, na prática. Todos os dias nos morros e favelas. Minha parceria com Djonga foi um lance foda mesmo. Ele tem a cara do meu disco. Ele vive o que fala, e isso, é o que mais considero em artista. Quando fiz o convite, ele aceitou antes mesmo de ver o seria a produção. Produção essa, que Dj Thai Beats mandou bem demais. Nath Rodrigues fez o loop de violino. Fizemos essa brincadeira sonora quando estava na Red Bull em SP durante um mês, num laboratório musical chamado Pulso. Quando enviei pro Djonga, ele recebeu com maior carinho a ideia e me canetou uma porrada daquelas. A atenção com que teve pra fechar essa parada, foi o que mais gostei desse lance. Falamos umas verdades muito bem combinadas.
3) COMO O CENÁRIO EM QUE VOCÊ NASCEU E VIVEU AJUDOU A COMPOR SUA VEIA ARTÍSTICA?
R- Bom, não venho de família de músicos. Longe disso, até. Na verdade sempre tive uma vocação própria pra arte mesmo. Eu já entendia isso desde menor. Aprendi o rap, a produzir minhas batidas e arranjos, trompete e tudo mais. Eu tenho uma sensibilidade muito boa pro cotidiano, o dia a dia, as pessoas. Venho dos subúrbios da Zona norte do Rio, e aqui, tem muita coisa que inspira a gente o tempo todo. E é isso que trago nas minhas ideias. O papo reto, as tradições locais, costumes, comportamentos e principalmente, o protesto.
4) O QUE O PUBLICO PODE ESPERAR DO SEU MAIS NOVO ÁLBUM? PODERIA ADIANTAR ALGUMA COISA PARA A GENTE?
R- Um bombardeio sonoro. Trago flows diferentes, letras fortes e ritmos sofisticados. O grande artista e amigo Mulambo continua assinando minhas artes, para além do single. E todos os Feats que fechei espancaram as faixas. Djonga é um bom exemplo disso. Fechei também no disco, Malía, Luedji Luna, BK e L7nnon. Fico olhando pra esse line e pensando como consegui materializar isso. Já tô ansioso pra mostrar. Muita batida boa. O disco tá foda real…
5) NESSE MOMENTO DE QUARENTENA NA SUA OPINIÃO QUAL É O PAPEL DA ARTE NOS DIAS DE HOJE E O QUE VOCÊ ESPERA LEVAR PARA O PÚBLICO COM SUAS MAIS NOVAS APOSTAS?
R- Mostrar como a arte se faz fundamental na vida das pessoas. A arte salva, cura, provoca. A arte no exercício da reflexão, entra no momento exato em que a gente tá mais disponível a olhar pra gente mesmo. Pode ser uma quarentena dolorosa pra muita gente e ao mesmo tempo libertadora. Quero trazer esse caminho pra casa das pessoas. Simples e direto. Libertar e ativar o senso crítico das pessoas. Tenho musicas pesadas, dançantes e outras leves. E nelas, trago sempre um convite a reflexão, sempre. E o gueto é feroz!