Filme estreou no último dia 22 de fevereiro, longa de Lillah Halla é também uma celebração do coletivo como forma de resistência
Por meio de uma narrativa ficcional, “Levante” propõe ao espectador reflexões que dizem respeito toda a sociedade. O filme discute temas como a descriminalização do aborto, a diversidade e o coletivo como forma de resistência, trazendo à tona a importância das redes de afeto e a ideia de família como aquela que a gente escolhe – e não necessariamente a sanguínea. Depois de estrear em 50 salas simultâneas na França, o longa chega a circuito nacional no dia 22 de fevereiro. O longa teve produção assinada pela Arissas (Brasil), Manjericão Filmes (Brasil), In Vivo Films (França) e Cimarrón Cine (Uruguai), em coprodução com a Vitrine Filmes, Canal Brasil, Telecine e RioFilme. A distribuição está sendo realizada pela Lira Filmes e Vitrine Filmes.
A equipe de jovens atletas é composta por um time queer/feminine. Entre elas, estão Bel (Loro Bardot – ele/dele/elu/delu), Nicolle (Onna Silva – ela/dela) e Ciano (Lorre Motta – ele/dele). No filme, a relação de cumplicidade e parceria entre elus ultrapassa os limites da quadra. Essa “família queer” foi o caminho escolhido pelas roteiristas Lillah Halla e María Elena Morán para reforçar a importância da organização coletiva – do afeto, da alegria – como força política, força vital de existência e de resistência em meio ao crescente fundamentalismo que marcou os últimos anos do nosso país.
Atualmente, a interrupção voluntária até 12a semana de gestação só está prevista na lei em caso de gravidez decorrente de estupro, se o feto gerado for anencefálico ou se houver risco de vida para a pessoa gestante. Em todos os outros contextos, o Código Penal reconhece o aborto como crime. Com isso, pessoas com útero precisam recorrer a métodos pouco seguros para tomar a decisão sobre seus próprios corpos.
Dados da Organização Mundial de Saúde mostram que 25 milhões de abortos inseguros são realizados anualmente no mundo. O mesmo levantamento também concluiu que complicações decorrentes de abortos desamparados e clandestinos são a quarta maior causa de morte entre gestantes. Segundo a Pesquisa Nacional do Aborto de 2021, uma em cada sete mulheres/pessoas com útero de idade próxima aos 40 anos já passaram por pelo menos um aborto, sendo que mais da metade delas (52%) interromperam a gravidez com menos de 19 anos. O estudo também concluiu que 81% das entrevistadas professam alguma religião, sendo que mais de 70% são cristãs. Ou seja, pessoas que não têm condições ou não desejam seguir com a gestação interrompem a gravidez, independente da legislação ou de qualquer religião.
A partir dessa PNA, a Fiocruz publicou um estudo com perspectiva de raça, que concluiu que mulheres negras apresentam uma probabilidade 46% maior de fazer um aborto. No entanto, outro estudo coordenado pela doutora Emanuelle Góes mostra que esse percentual se inverte no caso de abortos legais, sendo mais predominantes entre mulheres brancas. O recorte racial é essencial para se discutir a saúde de pessoas com útero, visto que o acesso a métodos seguros de interrupção da gravidez está restrito a um grupo específico. No ano passado, a ministra Rosa Weber iniciou o julgamento da ação que tenta descriminalizar o aborto feito por mulheres com até 12 semanas de gestação, mas a votação foi suspensa e segue sem data para ser retomada.
Antes de chegar aos cinemas brasileiros, “Levante” construiu uma trajetória de sucesso através dos festivais nacionais e internacionais por onde passou. Hoje, a menos de um mês da estreia, o longa já atingiu a marca de 20 prêmios, se estabelecendo como um dos filmes brasileiros contemporâneos mais premiados e exibido em festivais. Entre as premiações, se destacam os títulos de Melhor Filme pela crítica Fipresci em Cannes, Melhor Filme Ibero-americano em Palm Springs, Melhor Filme em Biarritz, em Montreal (Fierté), no Mix Brasil e no FestCine Aruanda, além de Melhor Direção e Edição no Festival do Rio.
Confira abaixo as nossas entrevistas exclusivas com a diretora/roteirista Lillah Halla , a roteirista María Elena Morán e os atores Ayomi Domenica (SOFÍA) e Loro Bardot (BEL):
Um pouco mais sobre o filme:
PRÊMIOS E FESTIVAIS
•Prêmio FIPRESCI (Internation Film Critics Association) – 62a Semana da Crítica – Festival de Cannes – França 2023*
• Abrazo du Meilleur Film Festival du Cinéma Latino-Américain de Biarritz – França 2023*
•Prêmio Fierté Montreal – Festival Nouveau Cinema Montreal – Canadá 2023*
•Melhor Direção de Ficção, Melhor Montagem – Festival do Rio – Brasil 2023*
•Coelho de Ouro Melhor Longa Metragem, Prêmio Suzy Capó Melhor Atriz, Coelho de Prata Melhor Interpretação – Festival Mix Brasil –
Brasil 2023*
•Tilda Award – Best Film by a Female Director – Braunschwieg International Film Festival – Alemanha 2023*
•Prêmio Camilo a la Mejor Película LGTBQIA
•Prêmio AMMA (Asosiación Andaluza de Mujeres de Medio Audiovisuales) – Festival de Huelva Cine Iberoamericano – Espanha 2023*
• Melhor Filme, Melhor Roteiro, Melhor Atriz, Melhor Ator Coadjuvante, Melhor Som, Melhor Figurino – FestCine Aruanda – Brasil 2023*
•FilmFest Hamburg – Alemanha 2023*
•London International Film Festival – Reino Unido 2023* Mix Copenhagen – Dinamarca 2023*
•Tokyo International Film Festival – Japão 2023*
•FIC Valdivia – Chile 2023*
•Morelia International Film Festival – México 2023*
•Lisboa International Film Festival – Portugal 2023*
•Filmar en America Latina – Suíça 2023*
•Kerala Internationl Film Festival – Índia 2023*
•Festival de Brasília do Cinema Brasileiro – Brasil 2023*
• Festival Internacional del Nuevo Cine Latinoamericano – Cuba 2023*
• Palm Springs International Film Festival – Prêmio de Melhor Filme Ibero-americano – EUA 2024*
•Rotterdam International Film Festival – Holanda 2024*
Ficha técnica:
- Países de Origem: Brasil / França / Uruguai
- Duração: 99 min
- Gênero: Drama
- Empresas produtoras: Arissas (Brasil), Manjericão Filmes (Brasil), In Vivo Films (França), Cimarrón Cine (Uruguai)
- Empresas coprodutoras: Vitrine Filmes, Canal Brasil, Telecine e RioFilme
- Empresas distribuidoras: Lira Filmes e Vitrine Filmes
- Dirigido por: Lillah Halla
- Elenco: Ayomi Domenica, Loro Bardot, Grace Passô, Gláucia Vandeveld, Rômulo Braga, Larissa Siqueira, Onna Silva, Lorre Motta, Isabella Pinheiro, Heloísa Pires, Helô Campello, Karina Rie Ishida, Lorena Costa.
- Escrito por: María Elena Morán e Lillah Halla
- Direção de Fotografia: Wilssa Esser
- Montagem: Eva Randolph
- Direção de Arte: Maíra Mesquita
- Edição de Som: Waldir Xavier
- Música Original: Maria Beraldo (participação especial Badsista & Juçara Marçal)
- Coproduzido por: Santiago López, Diego Robino, Hernán Musaluppi
- Produzido por: Clarissa Guarilha, Rafaella Costa, Louise Bellicaud, Claire Charles-Gervais
TAGLINE: Tempos difíceis exigem jogadas furiosas.
SINOPSE: A futura liberdade e autonomia de Sofía, uma jovem jogadora de vôlei, são ameaçadas por um conservador e violento efeito manada… Às vésperas do campeonato de vôlei decisivo para seu futuro como atleta, SOFÍA (17), descobre uma gravidez indesejada. Na tentativa de interrompê-la clandestinamente, ela acaba se convertendo em alvo de um grupo fundamentalista decidido a detê-la a qualquer preço, mas nem Sofía nem aqueles que a amam estão dispostos a se render ante o fervor cego da manada.
DIRETORA LILLAH HALLA – ela/dela/elu/delu
Lillah Halla é uma cineasta brasileira formada em direção e roteiro pela EICTV, Cuba.
Seu curta-metragem MENARCA (BR, 2020) estreou na Semana da Crítica do Festival de Cannes, foi licenciado pela Canal + e MUBI e premiado em festivais de todo o mundo, incluindo Melhor filme no TIFF – Tirana (2021), Toulouse (Prêmio do Público 2021), Kurzfilmtage Winterthur (Prêmio Promoção 2020) e Curta Cinema (Melhor Direção 2020).
LEVANTE (BR/ FR/ UY 2023) é seu primeiro longa-metragem, e participou do laboratório de projetos da Semana da Crítica de Cannes, NEXT STEP.
FLEHMEN (DEU/BR), atualmente em desenvolvimento, é parte de um programa de residência da Akademie der Künste, em Berlim.
Assista ao trailer:
Sobre as EMPRESAS COPRODUTORAS
VITRINE FILMES | Coprodutora e distribuidora
A Vitrine Filmes, desde 2010, já distribuiu mais de 200 filmes e alcançou milhares de espectadores nos cinemas apenas no Brasil. Entre seus maiores sucessos estão “Bacurau” de Kleber Mendonça Filho e Juliano Dornelles, e vencedor do Prêmio do Júri do Festival de Cannes 2019; “O Processo”, de Maria Augusta Ramos, que entrou para a lista dos 10 documentários mais vistos da história do cinema nacional; e “Druk – Mais Uma Rodada”, de Thomas Vinterberg, vencedor do Oscar de Melhor Filme Estrangeiro em 2021.
Em 2020, a Vitrine Filmes iniciou um novo ciclo de expansão e renovação. Entre as iniciativas estão o lançamento da Vitrine España, que produz e distribui longas-metragens na Europa; a criação do selo Manequim, focado na distribuição de filmes com apelo a um público mais amplo; o Vitrine Lab, curso on-line sobre distribuição cinematográfica, vencedor do prêmio de distribuição inovadora do Gotebörg Film Fund 2021; e Vitrine Produções, para o desenvolvimento e produção de títulos brasileiros.
Desde 2021, Vitrine produz e coproduz curtas, documentários e longas-metragens, dentre eles “Amigo Secreto” (DocLisboa 2022), de Maria Augusta Ramos, que teve mais de 15 mil espectadores no Brasil; o romance adolescente “Jogada Ensaiada”, de Mayara Aguiar, em desenvolvimento; “O Nosso Pai”, curta de Anna Muylaert exibido no Festival de Brasília; “Caigan Las Rosas Blancas” (White Roses, Fall!), de Albertina Carri, a continuação de “Las Hijas del Fuego”, distribuído pela Vitrine Filmes em 2019.
CANAL BRASIL
O Canal Brasil é, hoje, o canal responsável pela maior parte das parcerias entre TV e cinema do país e um dos maiores do mundo, com 365 longas-metragens coproduzidos. No ar há mais de duas décadas, apresenta uma programação composta por muitos discursos, que se traduzem em filmes dos mais importantes cineastas brasileiros, e de várias fases do nosso cinema, além de programas de entrevista e séries de ficção e documentais. O que pauta o canal é a diversidade e a palavra de ordem é liberdade – desde as chamadas e vinhetas até cada atração que vai ao ar.
TELECINE
Com 30 anos de programação dedicada ao cinema, o Telecine possui o maior catálogo de filmes do país, construído a partir de curadoria altamente especializada. O acervo contempla a pluralidade da indústria e reúne clássicos de grandes estúdios, do mercado independente e nacional; além de franquias de sucesso e lançamentos exclusivos. Ao longo dos anos, o Telecine ampliou a sua capilaridade de distribuição, permitindo que o assinante consuma em um só local o catálogo completo de filmes e acompanhe, em simulcasting, os seis canais lineares: Premium, Touch, Action, Pipoca, Cult e Fun. É assim que a marca especialista em cinema promove experiências para o público ter o ‘Seu Momento Cinema’ como, quando e onde quiser.
RIO FILME
Fundada em 1992 para apoiar a produção e distribuição de cinema na cidade do Rio de Janeiro, a RIOFILME é uma empresa pública municipal que tem como missão promover o desenvolvimento da indústria audiovisual carioca, levando em conta seus impactos econômicos e sociais na cidade. Entre suas atividades estão a democratização do acesso às salas de cinema e a expansão do parque exibidor, o fomento às atividades da cadeia produtiva do setor, a formação de público e o suporte a produtores do Brasil e do mundo que querem filmar no Rio de Janeiro.
IN VIVO FILMS
Em 2015, Louise Bellicaud e Claire Charles-Gervais criaram a In Vivo Films, uma produtora de filmes orientada para o cinema de arte que apoia e acompanha talentos de todo o mundo. O catálogo da In Vivo inclui títulos aclamados internacionalmente como THIRST STREET (2017) de Nathan Silver, selecionado em Tribeca e Venice Days, ABOU LEILA (2019) de Amin Sidi-Boumédiène, selecionado na Semana da Crítica de Cannes, DOS ESTACIONES (2022) de Juan Pablo González, selecionado no Sundance – competição narrativa mundial (Sundance – World narrative competition, no original) , UN VARÓN (2022), selecionado na Quinzena dos Realizadores de Cannes, e AUTOBIOGRAFIA (2022), dirigido por Makbul Mubarak, selecionado no Festival de Cinema de Veneza e vencedor do Prêmio Fipresci. Seu último filme, LEVANTE, de Lillah Halla, estreará em competição na 62ª Semana da Crítica de Cannes.
CIMARRÓN CINE
Nós concebemos ideias originais, adquirimos direitos editoriais, desenvolvemos, financiamos, produzimos e comercializamos filmes e séries de alta qualidade. Com sede e produção física no Uruguai, Argentina e México, somos também uma empresa líder na região em termos de qualidade e volume de serviços de produção e geração de conteúdos premium. Do conceito à entrega, controlamos toda a cadeia de valor de um projeto.
Cimarrón é também um espaço de crescimento, onde o desenvolvimento profissional e humano de seus integrantes é entendido como parte fundamental do crescimento da empresa.
Nossa recente produção original inclui os filmes “El viento que arrasa”, de Paula Hernández, com Alfredo Castro e Sergi López, “Temas propios”, de Guillermo Rocamora, “Las Rojas”, com Mercedes Morán e Natalia Oreiro (disponível no Star+), “Así habló el cambista”, de Federico Veiroj (disponível no Star+) e “La misma sangre”, de Miguel Cohan (disponível na Netflix). Também inclui as séries internacionais “Barrabrava” para a Prime Video (Argentina), “Amsterdam” para a HBO (México) e “Sentença” para a Legendary Pictures e a Prime Video (Brasil). E as coproduções “Levante” (Semana da Crítica de Cannes 2023), “La extorsión” com Particular Crow/Infinity Hill/100 bares e “El visitante”.
Entre os últimos serviços de produção estão “Cromañón” para a Prime Video (Argentina), “La sociedad de la Nieve” de Juan Antonio Bayona, “IOSI T1 e T2” para a Mediapro e a Prime Video (Argentina), “Cecilia T2” para a Mediapro e a Viacom CBS, “Manhãs de Setembro” para a Prime Video e a O2 (Brasil), “LOV3” para a Prime Video e a LB Entertainment (Brasil), “DOM” para a Conspiração e a Prime Video (Brasil) e “Impuros” para o Star+.
Sobre a distribuidora LIRA FILMES
A Lira Filmes atua na distribuição audiovisual desde 2018, buscando estabelecer sempre estratégias de comercialização em parceria com os produtores e realizadores, e procurando obras que apostem na diversidade cultural, impacto social, identidade de gênero, conquista de direitos e na desconcentração regional. Lançou os longas-metragens SAUDADE de Paulo Caldas, O VERDE ESTÁ DO OUTRO LADO Daniel Rúbio, SEFARAD de Luis Isamel, FAZ SOL LÁ SIM de Claufe Rodrigues, DANÇAS NEGRAS de João Nascimento e Firmino Pitanga, LUANA MUNIZ – FILHA DA LUA de Rian Córdova e Leo Medeiros, MÉNAGE de Luan Cardoso, O CIRCO VOLTOU de Paulo Caldas e LUIZ CARLINI – GUITARRISTA DE ROCK de Luiz Carlos Lucena. Prepara o lançamento de LO QUE QUEDA EM EL CAMIÑO de Jakob Krese e Danilo do Carmo, NADA SERÁ COMO ANTES de Ana Rieper, O BARILHO DA NOITE de Eva Pereira, LEVANTE de Lillah Halla, TENHO FÉ de Rian Córdova. TRÊS REIS de Steven Phill e RUA AUTORA – REFÚGIO DE TODOS OS MUNDOS de Camilo Cavalcante.
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