
Claro que iria dar certo — basta ler a ficha técnica de “Nas selvas do bRAZYL“.
O interessante é que ainda há quem não acredite nessa expedição. Detalhe: ela aconteceu mesmo. E chegar ao palco do Teatro do Centro Cultural do Brasil exigia, mais do que nunca, um olhar de pesquisador. E claro, o dramaturgo Pedro Kosovisk foi a escolha certa. Um profissional que adora um livro e sabe, como poucos, brincar de fazer história.
Depois, o texto passa pelas mãos do diretor Daniel Herz, fera do teatro, sempre com direções precisas que alcançam a beleza. Tudo certo: um palco inteiramente preenchido e ainda mais pesquisa. O senhor Daniel mergulhou fundo na vida de Marechal Rondon, patrono da Arma de Comunicações do Exército Brasileiro. Ele me contou que o estado de Rondônia recebeu esse nome em sua homenagem — eu não sabia.
De 1900 a 1906, Rondon foi responsável por instalar a linha telegráfica ligando o Brasil à Bolívia e ao Peru. Daí as teias no palco — que simbolizam muito mais que simples teias de aranha da selva.
Interessante é que o espetáculo revisita a defesa de Rondon pelo território brasileiro com o presidente Roosevelt, pela nossa soberania — tema que dialoga profundamente com os dias atuais.
Com pequenas notas de humor, as cenas se tornam mais leves e acolhidas pelo público. Notável isso.
Para uma expedição, casacas e macacões em tons que se harmonizam com a iluminação e o cenário. O chapéu de explorador está lindíssimo — um verdadeiro aceno à verdade do tempo.
Ísio Ghelman é um artista de excelência e tem ótima sintonia com Gasparani. A última vez que o vi em cena foi em Júlio César, onde atuou com destreza. Há artistas que sempre acertam — ele é um deles. Não merecia ter que fazer a performance desse presidente norte-americano, isso sim!
Gasparani, idealizador do projeto, com sua voz robusta e expressividades plenas, não comete falhas. Sempre assertivo e bem-vindo para nós, seus espectadores. Corpo em ação e bem posicionado no palco.
O espetáculo é um bálsamo de brasilidade, onde o olhar estrangeiro — incapaz de enxergar nossos indígenas na selva — revela a distância cultural: lá eles destruíram todos, aqui ainda lutamos para preservar.
A onça, para eles, é troféu de poder; para nós, símbolo de força e soberania.
O texto evidencia a luta por defender nossa cor, nossa miscigenação.
É teatro maduro — teatro de verdade — daqueles que ensinam, que mostram o que é fazer teatro. “Teatro na veia”, como dizem.
E eu complemento: um teatro com quatro personagens, por trazer o metateatro à cena — dois artistas em palco que, somados aos outros dois no imaginário, criam o embate essencial: nós versus eles.
E quer saber? Sem Broadway, somos muito melhores em tudo.
SINOPSE
Dois atores embarcam no desafio de encenar a célebre expedição do Marechal Rondon e do ex-presidente dos EUA Theodore Roosevelt pelo mítico Rio da Dúvida, no início do século XX. À medida que a narrativa avança, os limites entre atores e personagens se dissolvem, arrastando-os para dentro da própria selva. Entre especulações sobre a expedição histórica e os anseios do presente, a floresta revela seus riscos e os sinais das mudanças climáticas que ameaçam o futuro de todas as espécies.
FICHA TÉCNICA
Idealização: Gustavo Gasparani
Texto: Pedro Kosovski
Direção: Daniel Herz
Elenco: Gustavo Gasparani e Isio Ghelman
Iluminação: Aurélio de Simoni
Cenografia: Dina Salem Levy
Figurino: Wanderley Gomes
Trilha Sonora: Marcello H
Preparação Corporal: Márcia Rubin
Design Gráfico: Luciano Cian
Fotos de Divulgação: Nil Caniné
Assistência de Direção: Carol Pucu
Assistência de Cenografia: Alice Cruz
Coordenação Administrativo-financeira: Cacau Gondomar
Performance e Rede social: Lead Performance
Produção Executiva: Luciano Pontes
Coordenação de Produção: Ártemis
Direção de Produção: Sérgio Saboya e Silvio Batistela
Produção: Idarte Produções Artísticas
Realização: Centro Cultural Banco do Brasil
Assessoria de Imprensa: JSPontes Comunicação – João Pontes e Stella Stephany
SERVIÇO
“Nas selvas do bRAZYL”.
ESTREIA: de 10 de outubro (6ªf), às 19h
ONDE: Teatro I do CCBB RJ / Centro Cultural Banco do Brasil RJ
Rua Primeiro de Março, 66 / Centro, RJ Tel: (21) 3808-2020 | ccbbrio@bb.com.br (mais informações em bb.com.br/cultura)
HORÁRIOS: 5ª a sab às 19h e dom às 18h / INGRESSOS: R$30 e R$15 (meia), na bilheteria do CCBB ou no site bb.com.br/cultura / HORÁRIO BILHETERIA: de quarta a segunda, das 9h às 20h / CAPACIDADE: 159 lugares / DURAÇÃO: 70 min / GÊNERO: drama contemporâneo / CLASSIFICAÇÃO INDICATIVA: 14 anos / TEMPORADA: até 30 de novembro
Centro Cultural Banco Do Brasil
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Paty Lopes (@arteriaingressos). Foto: Divulgação.

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