Inovação Aberta : Modelo com tecnologias livres é realidade

Um modelo colaborativo de desenvolvimento baseado em inovação aberta pode parecer improvável, mas acontece na prática em empresas como Ambev, Netflix e Natura

 

Inovação aberta (ou Open Innovation) é um modelo de desenvolvimento de produtos e soluções que se apoia na colaboração e na troca de ideias entre empresas, universidades, governos e outras organizações.

Neste modelo, em vez de ocorrer dentro de uma empresa ou grupo fechado, a pesquisa inclui fontes externas e cria um ecossistema colaborativo para o desenvolvimento de novos produtos, serviços ou tecnologias.

O objetivo é acelerar o progresso e aprimorar os resultados, aproveitando a expertise e os recursos de múltiplas fontes.

Mas como isso pode ocorrer, quando é forte a competição no mercado? É porque há vantagens.

A inovação aberta permite que novas ideias sejam levadas em consideração, a partir de diferentes perspectivas e áreas de conhecimento. Ao envolver vários atores, soluções inovadoras para desafios antigos podem ultrapassar obstáculos das abordagens convencionais.

A colaboração e a troca de conhecimento entre as partes interessadas conduz a uma mudança de mentalidade e ao rompimento de conceitos estabelecidos. Uma das vantagens foi abordada em uma matéria publicada no  Canal AC TECH do Portal ArteCult.

Normalmente um modelo colaborativo tem estas características:

  • Participação ativa de partes interessadas: Empresas, universidades, governos e outras organizações trabalham juntas para desenvolver novos produtos, serviços ou tecnologias.
  • Comunicação aberta e transparente: As partes interessadas mantêm uma comunicação constante e compartilham informações sobre seus respectivos objetivos e desafios.
  • Compartilhamento de recursos: Inclui financiamento, expertise e infraestrutura, para alcançar um objetivo comum.
  • Alinhamento de objetivos: Trabalham juntas para alinhar objetivos e garantir que as soluções sejam viáveis e beneficiem as partes envolvidas.
  • Divisão equitativa de riscos e recompensas: As partes interessadas dividem os riscos e as recompensas de forma equitativa, o que incentiva a colaboração contínua.

Este modelo colaborativo de desenvolvimento pode parecer improvável mas é uma tendência mundial. Nota-se que o número de contratos de Open Innovation vem crescendo, saltando de 1.968 em 2020 para 3.334 em 2021, segundo levantamento da 100 Open Startups.

Um conceito novo gera dúvidas e debates, mas é um processo evolutivo para as empresas. Fechar os olhos para essa realidade é ficar alheio ao que acontece ao redor no mundo dos negócios.

A mudança pode parecer desafiadora, mas as vantagens que o modelo traz fazem valer a pena, mesmo que seja somente para testar. A mudança de pensar fora da caixa poderá trazer outras vantagens não percebidas anteriormente pela organização.

Mas nem tudo são flores! Algo que ainda precisa ser aperfeiçoado é como o resultado pode ser apropriado por todos os envolvidos na inovação aberta. Alguns modelos acabam afastando ou dificultando a participação, pois o ganho ocorre somente para uma parte, no caso a empresa “inovadora”.

Os casos de sucesso de grandes empresas são bons exemplos de inovação e qualquer negócio pode ter sucesso ao implementar esse modelo de gestão. Para isso é preciso estimular o ambiente interno para que ele assimile com naturalidade a cultura da Open Innovation.

Exemplos de empresas que usam

É interessante observar grandes companhias que já deram esse passo há algum tempo e colhem os frutos da implementação desse modelo de gestão.

Confira a seguir quatro exemplos de iniciativas de Open Innovation desenvolvidas por organizações gigantes em seus segmentos, selecionados pela FIA Business School.

Natura

Precursora em diversos aspectos importantes, como sustentabilidade e responsabilidade social, a Natura foi uma das primeiras empresas brasileiras a investir na inovação aberta no país, com o Programa Natura Startups.

A iniciativa foi criada em 2014 para facilitar a conexão com empreendedores, em busca de acelerar a inovação e impulsionar a cultura da organização.
A Natura buscava soluções para alcançar excelência em vendas, melhorar a experiência do consumidor, ter uma cadeia de fornecedores mais eficiente e promover a qualidade de vida e o desenvolvimento.

O projeto avaliou mais de 5 mil startups e mais de 1.100 interagiram diretamente com a empresa.

Netflix

Em termos de inovação, a Netflix é uma das primeiras empresas que vêm à mente, mas nem sempre foi assim.

Quando iniciou como locadora de DVDs, lançou o Netflix Prize, um desafio para o público externo que consistia em desenvolver um algoritmo de filtragem para sugestões de filmes que fosse superior ao já existente.

Quem vencesse a disputa, levaria para casa US$ 1 milhão e todo crédito pelo trabalho feito.

Ao todo, mais de 40 mil projetos foram inscritos e ótimas iniciativas apresentadas.

No entanto, quem ficou na primeira posição da competição acabou não vencendo porque o custo para a implementação era muito elevado para a época.

A grande campeã acabou sendo a equipe que apresentou um algoritmo quase tão bom quanto a primeira, mas com um valor mais em conta.

Procter & Gamble

A multinacional P&G foi outra empresa a desenvolver um projeto de inovação aberta muito interessante.

Criada em 2000, com o nome de Connect & Develop, a iniciativa tinha o objetivo mudar a mentalidade de inovação da empresa e fazer com que metade das soluções fossem desenvolvidas por meio de parcerias externas.

Em sete anos de projeto, a meta foi atingida completamente e o grupo foi capaz de cortar custos e ter um incremento de 85% na sua produtividade.

A P&G lucrou cerca de US$ 3 bilhões em vendas anuais com as empresas parceiras, graças à inovação compartilhada.

Ambev

Anualmente, a Open Startups divulga um ranking com as 100 empresas que mais realizam a inovação aberta com o suporte de startups.

Na edição de 2021, a Ambev ficou na primeira colocação, com 1.493 pontos, 540 a mais do que o segundo lugar, a ArcelorMittal.

Atualmente, a corporação busca projetos para promover o consumo moderado de bebidas alcoólicas e incentivar a cultura do retornável.

O Ecossistema Aberto

O que pode existir de mais proveitoso para quem decide pela inovação aberta é a formação de ecossistemas de produção colaborativos e sustentáveis. Trata-se de um modelo que pode trazer benefícios para toda cadeia produtiva, inclusive para as partes externas dessa mesma cadeia.

O caminho para quem pretende adotar essa prática é definir a metodologia, a estrutura, os recursos, os princípios e os resultados para o modelo mais aderente à organização. O exemplo das grandes empresas que já adotam servem de inspiração, mas a transformação efetiva depende da mudança do modelo mental.

Saiba mais

• Conheça o livro “Inovação Aberta: Como criar e lucrar com a tecnologia”, de Henry Chesbrough, responsável por fazer o diagnóstico da ineficiência da inovação fechada e da necessidade de criação de um modelo novo. O conceito da Open Innovation surgiu em 2003.
• Artigo da Exame O que esperar para 2023 na inovação corporativa? afirma que esse será um ano em que ter uma estratégia de inovação bem formulada fará muita diferença.

 

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