O evento será na Academia de Letras da Bahia, na terça, 28 de março.
Sonhos de viver é o mais novo título do escritor baiano Aleilton Fonseca. O livro é composto de seis contos que retratam personagens cotidianos que precisam conciliar os desejos com uma dura realidade. O lançamento será na Academia de Letras da Bahia (Av. Joana Angélica, 198, Nazaré – Salvador – BA), a partir das 18h do dia 28 de março.
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Integrante da Academia de Letras da Bahia, Fonseca consegue mesclar um lirismo singular a personagens que facilmente poderiam existir no dia a dia dos leitores, e é isso que faz com que o livro seja tão bonito e recheado de significado. Além disso, as narrativas são dotadas de uma fluidez admirável, tornando o ritmo das histórias mais fácil para a leitura.
Mencione-se ainda que cinco dos seis contos da obra são inéditos; há uma conexão entre as narrativas, pois todas contam com personagens humildes
vivendo situações de risco social e seguindo em busca do sonho de sobreviver dignamente.
O autor completa:
“Apesar de todos os personagens passarem por momentos difíceis, os contos não são pessimistas. Há uma perspectiva de superação, de esperança”.
Mesmo sem lançar um livro de contos há algum tempo, Aleilton prova, com Sonhos de viver, que continua sendo um dos maiores escritores do gênero na Bahia.
“Ele capta com maestria a essência do povo baiano, seja no ambiente urbano ou rural”, opina o editor Fernando Oberlaender.
O livro estará disponível para aquisição:
- Loja da Editora Caramurê no MAM – Museu de Arte Moderna da Bahia
- Loja da Editora Caramurê na Pituba – Praça Nossa Senhora da Luz – Madison Plaza
- Site www.caramure.com.br
- Telefone (71) 98462-5039
SOBRE A OBRA
SONHOS DE VIVER (contos)
Aleilton Fonseca
O livro traz seis contos, escritos em linguagem objetiva, cotidiana e representativa de temas atuais. São narrativas que apresentam histórias profundamente humanas, com personagens humildes vivendo situações de risco social, em busca do sonho de sobreviver dignamente com suas famílias, como pessoas e cidadãos, num mundo desigual, injusto e preconceituoso. São situações tensas, nas quais o narrador é sempre solidário com as personagens humildes. Os seis textos demonstram que, apesar de tudo, ainda é possível encontrar gestos de atenção e solidariedade que alimentam a esperança e a fé no futuro do ser humano.
SOBRE O AUTOR
ALEILTON (Santana da) FONSECA nasceu em Itamirim, hoje Firmino Alves (BA), em 21/07/1959. É poeta, ficcionista, ensaísta e professor universitário. Em 1977, começa a publicar contos e poemas no Jornal da Bahia, de Salvador, tendo vencido 3 vezes o seu Concurso Permanente de Contos. Publica também, no suplemento “A Tarde/Novela”, do jornal A Tarde. Em Ilhéus, passa a assinar a coluna “Entre Aspas” no Jornal da Manhã. Ainda nesse ano, vence um prêmio de contos da Editora Grafipar, do Paraná, além de outros locais. Em 1979, ingressa no curso de Letras da UFBA. Organiza seu primeiro livro de poemas, que recebe Menção Honrosa no concurso Prêmios Literários Universidade Federal da Bahia.
Em 1984, ingressa, como professor, no curso de Letras da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, transferindo-se para a cidade de Vitória da Conquista. Publica o livro de poemas O espelho da consciência. Em 1988, especializa-se em Literatura brasileira, ao ingressar no Mestrado em Letras, na Universidade Federal da Paraíba. Em 1992, defende tese de mestrado sobre música e literatura romântica. Em 1997, defende a tese de doutorado intitulada A poesia da cidade: imagens urbanas em Mário de Andrade, que sairá em livro proximamente.
Ainda em 1996, retorna a Salvador, onde fixa residência. Concorre ao Prêmios Culturais de Literatura, da Fundação Cultural do Estado da Bahia, com o livro Jaú dos bois, que fica entre os vencedores (3º lugar) e é publicado pela Relume Dumará em 1997. Em 1998, funda, em parceria com Carlos Ribeiro e outros escritores, a Iararana: revista de arte, crítica e literatura, periódico de divulgação da geração 1980. Em 1999, transfere-se para a Universidade Estadual de Feira de Santana, integrando-se ao grupo fundador do curso de pós-graduação em Literatura e Diversidade Cultural (PPgLDC), tendo já orientado várias dissertações.
Em 2003, leciona, como professor convidado, na Universidade de Artois (França). Nesse ano e nos seguintes, faz palestras nas universidades Sorbonne Nouvelle, Nanterre, Artois, Rennes, Toulouse Le Mirail (França) e ELTE (Budapeste). Tem participado de diversos eventos universitários e culturais em vários estados do país. Em 2001, publica o livro de contos O desterro dos mortos. Nesse ano, recebeu o Prêmio Nacional Herberto Sales – Contos, da Academia de Letras da Bahia, com o livro O canto de alvorada, publicado em 2003, com 2ª edição em 2004, pela Editora José Olympio. Em 2005, organiza, com o escritor Cyro de Mattos, o livro O triunfo de Sosígenes Costa: estudos, depoimentos, antologia (Ilhéus: Editus; Feira de Santana, UEFS Editora, 2005.), que recebeu o Prêmio Marcos Almir Madeira 2005, da União Brasileira de Escritores-RJ.
Em 2009, completou 50 anos e foi homenageado pelo Lycée des Arènes, em Toulouse-França, com uma exposição de trabalhos de alunos sobre seu livro Les marques du feu. Na Bahia, foi homenageado pelo IL-UFBA. No mesmo ano, seu romance Nhô Guimarães foi adaptado para o teatro e encenado em Salvador e outras cidades. É correspondente da revista francesa Latitudes: cahiers lusophones. Desde 2005, pertence à Academia de Letras da Bahia, ocupando a cadeira nº 20. É membro da UBE-São Paulo e do PEN Clube do Brasil.
Em agosto de 2022, o ArteCult recebeu o autor em entrevista para o projeto AC Encontros Literários. Veja aqui como foi nossa conversa com ele:
AC ENCONTROS LITERÁRIOS com ALEILTON FONSECA (Agosto/2022)
Confira o PREFÁCIO de André Seffrin em SONHOS DE VIVER:
CONTOS EXEMPLARES
Com Sonhos de viver, Aleilton Fonseca volta ao conto, gênero que o tornou mais conhecido no país. E isso se deu em 1997 com o livro Jaú dos bois, publicado no Rio de Janeiro e antes premiado pela Fundação Cultural do Estado da Bahia. Não podemos esquecer que depois vieram muitos outros livros e sua carreira internacional aconteceu logo em seguida – diga-se de passagem, uma carreira internacional que não está ligada apenas a livros de ficção, uma vez que ele foi, desde os anos 1980, igualmente ensaísta e poeta de largo trânsito.
A partir do final dos anos 1990, seja em seus contos como posteriormente em seus romances, já muito nítida se mostrava no escritor a força com que desenha e ambienta personagens, que agora ganham acentuados contornos éticos. Contornos estes que em nada o distanciam de suas mais importantes marcas: uma linguagem apurada aliada a uma refinada densidade poética.
Ao alicerçar suas histórias no cotidiano miúdo, ele as potencializa em geral a partir de um encantamento memorialístico, porque é assim que funciona seu espesso substrato de vivências na moldura da ficção. Em sua maior parte, são narrativas de evocação, encantamento, epifania. Nessa vertente, Aleilton se mostra cada vez mais forte na criação literária de uma Bahia rural, ínsita, caminho que foi de outros escritores importantes como Jorge Medauar, Adonias Filho, Herberto Sales e Hélio Pólvora, também notáveis contadores de casos, de sagas familiares.
Se é certo que a ficção ordena os extravios do cotidiano, não será por acaso que, neste seu novo livro, o escritor nos convida a participar de suas histórias de uma maneira bem mais incisiva. Porque se mostram, as suas histórias, não muito distantes daquele modelo cervantino das Novelas exemplares, que Otto Maria Carpeaux considerou “expressões de um elevado idealismo moral”. De fato, Carpeaux viu no Cervantes novelista uma combinação de realismo e idealismo, o que parece ser a marca também destes novos contos de Aleilton. Um conjunto coeso que se filia à vertente clássica cervantina e, portanto, em contraste com os chamados contos cruéis do romântico Villiers de L’Isle Adam, que seria uma versão francesa (sugestão que encontramos ainda em Carpeaux) dos contos de Edgard Alan Poe, de uma intensidade mais próxima do horror e do suspense.
Pois sim, não há horror nem suspense psicológico ou policialesco nos contos de Sonhos de viver. Eles se resolvem com a mínima interferência do narrador, que vez ou outra aparece nas frestas do enredo apenas para pontuar isto ou aquilo da arte narrativa. E para além dos saberes e das ricas vivências que todos esses contos expressam de maneira extraordinária, ganha maior relevo – e isto é intencional no autor – a sutil denúncia, o alerta que nos inquieta e ensina. Neste ponto o contista poderia repetir o verso de Lupe Cotrim Garaude: “Eis o mundo, que saibas recebe-lo”. Por fim, é preciso dizer que, se o mote dos contos por vezes se mostra um tanto revolto ou trágico, sua resolução se consolida, repito, num horizonte ético e de proteica serenidade.
André Seffrin
Confira o texto da escritora e jornalista Katia Borges sobre SONHOS DE VIVER:
Dizem que sonhar é apenas uma outra forma de ler o mundo. Nas páginas deste novo
livro, Sonhos de Viver, Aleilton Fonseca nos convida à fruição de seis contos que têm
como protagonistas pessoas humildes, anônimos cuja dor não costuma sair nos
jornais, seja em notas de rodapé ou, menos ainda, em manchetes. Seus personagens
são homens e mulheres que orbitam as grandes capitais e os condomínios de luxo, uns
Quixotes em luta permanente contra a força das marés e, no entanto, exímios
conhecedores da arte de extrair barro, músicos sensíveis, especialistas em educar
flores. Brasileiros que resistem bravamente no enfrentamento de um cotidiano que os
desafia continuamente. O volume abre com o belo Os acordes da banda, ambientado
em Ilhéus, que literalmente dita o tom que este escritor e poeta, um dos mais
relevantes no cenário da literatura contemporânea, imprime às suas histórias. Em cada
trama, o ator de sonhar ousa passar ao largo do puro e simples mergulho onírico. É de
olhos bem abertos, com criatividade e alguma sorte, que os personagens de Aleilton
encaram perdas, dores, preconceitos sociais e toda sorte de empecilhos ao exercício
pleno de suas cidadanias, o que inclui a sombra da insuficiência alimentar que ronda as
famílias e, subjetivamente, o interdito ao privilégio de alimentar os próprios sonhos:
montar uma filarmônica, comprar o fardamento dos filhos, construir um pequeno
jardim, viajar… Na tessitura desses dramas — desenvolvidos com a habilidade
consolidada em uma obra extensa por este autor, finalista ao Jabuti 2021 na categoria
poesia, com A terra em pandemia (Mondrongo, 2020) —, visitamos universos
habitados por músicos de fanfarra, diaristas, ribeirinhos, jardineiros, soldados e
catadores de papelão. Como na canção popular, ao propor o acolhimento de todos,
Aleilton Fonseca nos conclama a um abraço no povo deste país.Kátia Borges
(escritora e jornalista)
27.09.2022
SERVIÇO
Lançamento – Sonhos de viver
Data e horário: 28/03/2023, a partir das 18h
Local: ACADEMIA DE LETRAS DA BAHIA. Av. Joana Angélica, 198 Nazaré
Salvador – BA
Contato: Fernando Oberlaender (71) 98131-1683
Valor do livro: R$62,00
*O livro estará disponível nas lojas da editora no MAM – Museu de Arte Moderna da
Bahia e na Pituba – Praça Nossa Senhora da Luz – Madison Plaza ou pelo site
www.caramure.com.br ou ainda pelo telefone (71) 98462-5039.