Confira a programação dupla no Cine Jóia, Copacabana, em março:
O documentário PORQUE NÃO SE FALA EM MANOEL BONFIM (2018/50 min./direção de Carlos Pronzato) busca dar visibilidade à vida e obra de um dos principais pensadores brasileiros.
Mas se o legado de Manoel Bomfim cumpre papel determinante para o diagnóstico e as buscas de saídas democráticas sobre/para o Brasil, por que esse autor tornou-se esquecido ao longo do tempo? Essa é uma inquietação presente há algumas décadas na intelectualidade brasileira, desde que Darcy Ribeiro, na metade dos anos 1980, o classificou como “o pensador mais original da América Latina”. Exemplos disso são os textos escritos por Gilson Dantas, em 1997, em que pergunta por quais motivos Manoel Bomfim fica à margem dos livros escolares, e de Aluízio Alves Filho, que afirma ser Bomfim o “ensaísta esquecido”.
Com o título não deixando dúvidas sobre os objetivos da obra audiovisual, Pronzato acredita que, embora esquecido, Bomfim permanece atual. “A voz deste ‘rebelde esquecido’, mesmo enfraquecida, chegou até nós por meio de várias reverberações, e em uma contemporaneidade profundamente marcada pela corrupção política, pela descrença generalizada em várias instituições e por inúmeras mazelas mal resolvidas no plano social, o conteúdo das reflexões do intelectual sergipano torna-se atual e necessário, enquanto instrumento de analise para pensarmos o processo político, bem como as relações entre estado e sociedade no país”, afirma.
O documentário, lançado em 2018 em Aracaju, Sergipe, é construído a partir de pesquisa histórica e entrevistas com pesquisadores que produziram e continuam a produzir materiais sobre a obra de Bomfim, como Aluízio Alves Filho, citado anteriormente; Rebeca Gontijo, professora da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro e autora do livro “Manoel Bomfim”; José Vieira da Cruz, professor da Universidade Federal de Alagoas, e co-organizador do livro “Manoel Bomfim e a América Latina: a dialética entre o passado e o presente”; e Ricardo Sequeira Bechelli, que escreveu “Nacionalismos antirracistas: Manoel Bomfim e Manuel Gonzalez Prada”.
Entendendo que a obra de Bomfim está conectada e influenciada diretamente pelo chão que o moldou, o documentário conta com depoimentos de diversos intelectuais, estudiosos e ativistas de Sergipe, estado natal de Bomfim, a exemplo de Terezinha Oliva, historiadora e professora emérita da Universidade Federal de Sergipe; Fernando Sá e Romero Venâncio, respectivamente professores de História e Filosofia da mesma instituição; Aglaé Fontes, integrante da Academia Sergipana de Letras e pesquisadora da cultura sergipana; Ana Lúcia Vieira Menezes, professora e ex-deputada estadual.
O documentário será exibido no Cine Joia, em Copacabana (Nossa Senhora de Copacabana, 680), Rio de Janeiro, na quinta feira 23 de março às 20h, com debate. Ingressos R$ 20.
Após a exibição do documentário sobre Manoel Bonfim será exibido o curta LA VICTIMA, assim nasceu Los Traidores (2022/30 min./direção Carlos Pronzato, com legendas em português). O filme LOS TRAIDORES (1972) de Raymundo Gleizer é um filme de culto do cinema político argentino e mundial. Na quinta feira 23 de março às 20 h será exibido o curta “LA VÍCTIMA, ASSIM NASCEU LOS TRAIDORES “. Material recuperado de uma entrevista a Víctor Proncet (ou Pronzato, 1922 – 2009) músico compositor de muitas trilhas de cinema, tv e teatro, roteirista, dramaturgo e ator cujo centenário aconteceu em 2022. Protagonizou o filme LOS TRAIDORES no papel principal do corrupto sindicalista Barrera e co-escreveu o roteiro (baseado num conto da sua autoria, La Víctima) junto a Raymundo Gleizer e Álvaro Melián. Após a exibição haverá um debate.