O PIOR VIZINHO DO MUNDO: Tom Hanks entrega um divertido personagem ranzinza e adorável

 

Um Homem Chamado Ove“, filme sueco de 2015, dirigido por Hannes Holm e baseado no livro de mesmo nome escrito por Fredrik Backman, foi uma obra bem reconhecida, na época. Indicado a vários prêmios, levou alguns deles para casa. Como de costume na indústria cinematográfica norte-americana, não demorou muito para que uma versão de Hollywood fosse feita, com um ator muito carismático e bem reconhecido a protagonizando, Tom Hanks, o que vai atrair bastante os olhares do público. Principalmente quem já conhece a primeira adaptação, ficará curioso para ver a interpretação de Tom.

O que realmente mais chama a atenção em “O Pior Vizinho do Mundo” é a atuação do Tom Hanks. Ele interpreta Otto, um homem amargurado e rabugento que, após a morte de sua esposa, bem contada através de flashbacks, sente ódio e frustração em relação a todos em sua volta. Os flashbacks ao longo do filme mostram que, desde jovem, a vida de Otto nunca foi fácil e ele sempre encontrava conforto ao lado da esposa. Após perdê-la, ele também perde seu propósito de viver, principalmente após ver sua autoridade sobre a vizinhança se enfraquecer. Chega ao ponto de querer acabar com sua vida. Até Marisol (Mariana Treviño) se mudar para a vizinhança com a família e reacender o lado humilde de Otto, fazendo-o  colocar-se em situações de ajudar as pessoas e ser prestativo, mesmo contra sua vontade. Acabam surgindo momentos cômicos e divertidos, com Otto praticando solidariedade mas permanecendo com seu mau humor e rabugice constantes.

O roteiro estabelece uma estrutura repetitiva até a metade do filme, o que além de previsível, deixa a dinâmica da narrativa um tanto preguiçosa. Tom Hanks e seu carisma, que funciona até mesmo com esse personagem que odeia tudo e todos, seguram a trama. Raros são os momentos em que Tom Hanks não consegue salvar a cena, como na passagem do acidente no trilho do trem, em que apenas Otto tem o bom senso de fazer algo racional, enquanto todos, literalmente todos, filmam com o celular tudo o que ocorre; uma coisa bem forçada, além de ridícula, da forma como é retratada, mesmo imitando a realidade de forma extrema.

Em determinado momento, o diretor Marc Forster (“007 – Quantum of Solace” & “Christopher Robin”) começa a perder um pouco o controle do ritmo. Não chega a deixar a história entediante ou chata, mas nota-se o decaimento na narrativa no final do segundo ato. Somente quando o conflito que tinha sido pré-estabelecido durante o filme vem à tona, o ritmo se estabelece novamente e entrega um final esperado, para alguns, mas que não tira o peso dramático e emocionante do desfecho.

“O Pior Vizinho do Mundo” não é nenhuma obra marcante da carreira do Tom Hanks mas ele ainda entrega uma grande atuação, com um personagem odioso que é impossível não amar. Vale demais ver esse filme apenas pelo carisma do ator.

NOTA: 8

BRUNO MARTUCI

 

 

 


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Colaborador de Teatro Musical e CINEMA & SÉRIES dos sites ARTECULT.com, The Geeks, Bagulhos Sinistros, entre outros.

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