Gente, o Festival AROMAS e SABORES de Itanhandu/MG, que aconteceu entre os dias 6 e 11 de setembro no Parque de Exposições da cidade, superou todas minhas expectativas e foi um verdadeiro sucesso! Tanto que resolvi escrever esse artigo pra contar um pouco de tudo o que rolou e que vivenciei ao participar dessa grande retomada – seja como alguém que curtiu os shows, experimentou os pratos e descobriu grandes produtores locais, seja como um participante efetivo, ao ministrar uma das oficinas gastronômicas.
Por ter participado da última edição, a terceira, lá em 2016, eu estava ansioso e torcendo muito para que a iniciativa tivesse êxito. Afinal, foram alguns anos de estagnação na área, sem qualquer movimento no sentido de se promover algo de relevância para o setor, enquanto municípios do entorno, como Passa Quatro, seguiam em direção diversa, consolidando seus festivais.
Era hora de Itanhandu se recolocar nesse cenário. Afinal, é inegável o enorme potencial turístico da região, com a presença de um grande conjunto de elementos culturais, material e imaterial, de recursos naturais e de patrimônio, de modo e estilo de vida característicos, capazes de possibilitar a ampliação dos processos de geração de renda e de desenvolvimento local. Há muita vida e cultura pulsando na Serra da Mantiqueira e a paralização de uma atividade, como o Festival AROMAS e SABORES, significaria perder tempo e oportunidade e, por sorte – e competência dos envolvidos – percebeu-se isso a tempo.
E, para tanto, na torcida e no firme propósito de contribuir para o sucesso da iniciativa, não tive dúvidas: utilizei todas as minhas redes sociais para ajudar na divulgação, convoquei amigos e familiares. Até o Louro Mané (@louromaneofc) veio dar uma força…
De fato, minha primeira impressão, ao chegar no evento, foi a melhor possível. Percebi que aquela sensação inicial que tive com as primeiras postagens da SECRETARIA DE TURISMO E CULTURA (@turismoeculturaitanhandu) de que o festival estaria sendo conduzido com mais “profissionalismo” que as edições anteriores se confirmou, tanto na beleza das instalações quanto na qualidade da programação. Tudo muito bem organizado, os espaços distribuídos adequadamente e as áreas de circulação bem definidas.
Tive a oportunidade de conhecer o Prefeito Paulo Henrique Pinto Monteiro, o Secretário de Turismo e Cultura Luis Gustavo Franco da Rosa e o curador chef Vitor Rabelo (@vitorarabelo). Na ocasião, fiz questão de externar minha opinião acerca da importância da retomada do festival e dizer como me sentia feliz e honrado em participar. De verdade, uma iniciativa como essa, em tempos tão “estranhos”, merece muito ser comemorada!
E o momento da cidade, realmente, é bastante especial! Houve uma convergência muito grande de produtos de altíssima qualidade, como milhos exóticos, cogumelos orgânicos, azeite, vinhos e premiados queijos de diversos tipo de leite – vaca, búfala, cabra – o que valorizou ainda mais o evento. A utilização desses insumos maravilhosos pelos estabelecimentos participantes foi o grande mote, a grande sacada que tornou esse festival um acontecimento de ponta, na minha modesta opinião.
Assim que cheguei à cidade, em minha primeira incursão no evento, logo na entrada, tive contato com o milho crioulo, produzido na Serra dos Noronhas, com características bastante peculiares, levado de geração em geração. Foi-me dito que cada espiga é uma surpresa, pois só se sabe a coloração ao abri-la e é claro que minha cabeça fervilhou de ideias para utilização delas…
Ah, e pra quem ficou curioso, soube que é possível agendar para degustar um “delicioso café na roça com quitandas à base de milho, compotas de doces de frutas da época e o aroma forte do café moído e torrado de forma artesanal, além da boa prosa mineira.” Dessa vez foi corrido e não tive tempo mas, com certeza, isso já está na minha agenda.
Logo no stand ao lado, da POUSADA SERRA QUE CHORA (@pousadaserraquechora), tomei conhecimento de que o município produz azeite de excelência – agora nas versões Arbequina (possui notas herbáceas e frutados de azeitona, maçã verde e ervas), Grappolo (frutado verde, picante, com notas amargas e sabor marcante) e Koroneiki (muito aromático, possui notas de frutas maduras, com sabor suave e um amargo e picante bem definidos) – e, acreditem, vinho, feito a partir da uva Shiraz, originária da França, mais precisamente da região sul do Rhône, mas que também é amplamente cultivada na Austrália.
É lógico que a curiosidade bateu forte e me deixou indócil. Ora, queria muito ver de onde vinham as uvas para a produção de um vinho varietal em terras itanhanduenses e as oliveiras que resultavam em um azeite tão especial. Tive, por certo, que ir até a pousada para ver isso in loco…
E os queijos, então? Esse, realmente, é um caso à parte. Definitivamente, não é comum que uma mesma região possua queijos elaborados a partir de leites diversos. Itanhandu conseguiu reunir queijos feitos a partir de leite de vaca, de búfala e de cabra. Mas não queijos quaisquer, e sim premiados mundo afora. E estavam todos lá!
São produtos fantásticos! Na degustação, nos levam a outro patamar de sensações, tão inesperadas quanto surpreendentes. Seja na potência de um Maria Fumaça da FAZENDA BOMSUCESSO (@fazenda_bomsucesso), na textura delicada de um Buchette ou do Boursin da DI CAPRE (@queijosdicapre), seja no creme de queijo e os deliciosos Brisa, Sereno e Geada da QUEIJARIA 50 (@queijaria50) ou na explosão de sabor da burrata da PÉROLA DA SERRA (@peroladaserrabufala)… E tantos outros. Cada um desses produtores possui uma variedade incrível, que atende a todos os gostos. Vale muito a pena conferir!
E, já adiantando, uma vez que pude constatar isso pessoalmente, é possível programar um CIRCUITO QUEIJEIRO em Itanhandu, tanto de carro, como para os adeptos da bike. Aliás, Itanhandu faz parte da famosa ESTRADA REAL, maior rota turística do Brasil, que passa pelos estados de Minas Gerais, São Paulo e Rio de Janeiro.
Depois, foi a hora de passear pelo evento. Gostei muito do design de todas as instalações, contando com um bom aproveitamento do espaço disponível e disposição adequada do equipamento. Muito legal poder sentir que houve uma preocupação séria com o planejamento e atenção em cada detalhe. É certo que, para aqueles que vivenciaram os bastidores, muita coisa talvez ainda pudesse ser melhorada. Mas, para nós, que apenas vivenciamos a experiência, estava tudo perfeito!
Mas, para um artigo que se propõe contar sobre tudo o que aconteceu num evento gastronômico tão legal quanto foi o AROMAS e SABORES de Itanhandu, tá faltando algo, né? Pois é. Fiz esse “sacrifício”, e saí de stand em stand experimentando. O interessante foi conferir a utilização dos diversos produtos da região em cada elaboração, o que valorizou ainda mais a experiência.
Aqui vão as fotos de alguns pratos do Festival…
Como disse, para quem vivenciou o evento de fora, sem ter as responsabilidades da organização, a sensação é de que a engrenagem funcionou à perfeição! Os shows foram ótimos, as oficinas acrescentaram conhecimento à diversão, os pratos servidos, o produtos apresentados… Tudo, tudo mesmo, estava maravilhoso. Foi uma retomada em grande estilo!
Mas acho importante trazer aqui a palavra de quem viveu o Festival nos dois extremos: seja como organizador, seja como um expectador. E para isso, agradeço muito ao Secretário de Turismo e Cultura Luis Gustavo Franco da Rosa pela gentileza e disponibilidade em responder algumas perguntas que, agora, transcrevo:
Qual a avaliação que você faz dessa retomada do Festival Aromas e Sabores?
A retomada do evento, para Itanhandu, principalmente nesse momento tão especial, foi muito importante, já que o município possui produtores de queijos que foram premiados recentemente com medalhas de ouro, e também pelo fortalecimento e apoio aos produtores do meio rural. A inciativa de ser ter uma curadoria especializada, que desse o suporte necessário aos restaurantes que participaram, bem como a orientação de que eles utilizassem pelo menos um ingrediente de Itanhandu, contribuiu muito para que o Festival alcançasse os objetivos traçados.
Quais pontos você considerou positivos? E quais considerou negativos? E, se houve, o que deve ser feito para melhorar?
O grande ponto positivo foi o fortalecimento do setor de Alimentos e Bebidas e da Indústria Criativa da cidade, além de trazer um evento realmente “gastronômico” que abraçasse toda a cadeia produtiva, diferente de outros que já ocorrem, como a Festa Junina. Afinal, temos queijos, azeite, vinho, cogumelos, milho crioulo, e outros tantos produtos. Aliado a isso, o lado cultural também deve ser ressaltado, com as apresentações, ou seja, o evento também serviu como entretenimento para toda a família! De negativo, o fato de que talvez tenha faltado um pouco mais de ousadia aos restaurantes na criação dos pratos, por não entender que o festival além ser uma vitrine, também é um laboratório. Aqueles que compreenderam isso, certamente, tiveram resultados melhores do que os demais. Mas, isso virá com o tempo…
Na sua avaliação, baseado no contato com os produtores locais e estabelecimentos participantes, houve ganho real, não apenas financeiro, com a realização do evento?
A grande maioria trouxe um retorno muito positivo, percebendo a grande importância do festival. Mais do que as vendas, compreenderam o quanto foi fundamental estabelecer contatos e adquirir conhecimentos.
A (re)inclusão do festival no calendário de eventos das Terras Altas da Mantiqueira é muito importante. Estão sendo tomadas providências para que não haja mais descontinuidade no futuro?
Estamos cientes dessa situação, já fizemos inclusive reuniões com a Câmara Municipal de Itanhandu, e vamos tentar uma lei que proteja o festival e sua continuidade, já que é um evento que agrega muito, não apenas valor financeiro, mas também cultural, ajudando no fomento da indústria criativa. Falando em Terras Altas da Mantiqueira, essa ainda é uma região muito desarticulada. Infelizmente, são muitos os eventos que colidem, sem que se tenha essa preocupação e um olhar mais global. Mas o primeiro grande passo é fortalecer o nosso festival como sendo um “Festival de Minas Gerais”, principalmente essa nossa Minas da Mantiqueira…
E, por falar em oficinas, todas elas foram sensacionais, principalmente pelo nível dos chefs convidados e a variedade de temas abordados. Estive presente em várias delas – se pudesse, teria comparecido em todas! Senti, apenas, falta de interagir mais com eles, como forma de buscar aprendizado. Quem sabe, num próximo evento, uma reunião com todos os participantes, para troca de experiência e informação fosse algo interessante de se pensar…
Mas deixa eu “puxar um pouco de sardinha” para mim, né? Afinal, eu também estava entre os “convidados”.
Posso dizer, com toda a certeza, que foi uma grande experiência, em que pude me testar, principalmente quando colocado sob pressão, já que o pré-preparo foi feito faltando muito pouco tempo para o início da Oficina. De início, bateu um certo desespero…
Mas foi só respirar fundo que as coisas foram acontecendo. Se não se tem uma coisa, a gente inventa com outra. E assim, no final, no que pese algumas idas e vindas, tudo foi se ajeitando, até dar tudo certo. E tudo, realmente, DEU muito certo!
Aí, MASTERCHEF, me aguarde…
Ah, pode ser que alguns de vocês esteja curioso pra saber o que foi feito… Primeiro, gostaria de deixar registrado que o espaço destinado às oficinas estava muito bem planejado, bonito, enfeitado com peças características da cultura mineira, e foi bem prazeroso cozinhar ali. Mais uma vez, deixo aqui meus parabéns para todos àqueles que contribuíram, de alguma forma, pro resultado final.
E segue a receita para quem, porventura, quiser se aventurar na cozinha… Ah, as demais receitas, de todas as oficinas do Festival AROMAS e SABORES podem ser encontradas no perfil @turismoeculturaitanhandu.
Se a ideia era de solidificar definitivamente o Festival no calendário de eventos da região, considero que o objetivo foi atingido com louvor. Entendo que as parcerias entabuladas para concretizar a retomada e viabilizar sua realização, a união do setor empresarial com a população, tudo contribuiu – e contribuirá – ainda mais para o incremento da economia, para o desenvolvimento do turismo de negócios e para o setor de alimentos. Muita coisa boa se pode esperar a partir de agora e é fato que, depois de todo o sucesso que alcançou, ficou aquele gostinho de quero mais…
Mas não será por muito tempo que se ficará sem os aromas e sabores que encantaram todo mundo e deixaram tanta saudade. O evento já tem data marcada para acontecer novamente, no ano que vem. Uma grande notícia, que deve ser (amplamente) divulgada!
Anotem, desde já, nas agendas:
Com certeza estarei conferindo o Festival AROMAS e SABORES de Itanhandu, em sua quinta edição. Com a experiência adquirida e o êxito alcançado, pode se esperar um grande acontecimento. E, quem sabe, com muitas novidades pela frente…
Espero que eu tenha conseguido passar para todos vocês um pouquinho do que foi esse grande evento gastronômico e a importância desse retorno para o município e toda a região.
Até o nosso próximo encontro!