Gaúcha de Porto Alegre, a escritora Cíntia Moscovich (@cintiamoscovich) é também jornalista e mestra em Teoria Literária. Já foi professora, tradutora, consultora literária, revisora e assessora de imprensa. Seu envolvimento com a Literatura passa ainda pelas funções que exerceu como editora de livros do jornal Zero Hora e diretora do Instituto Estadual do Livro do Rio Grande do Sul. Em 1996, publicou seu primeiro livro individual, O reino das cebolas. O primeiro romance, Duas iguais, foi lançado em 1998. Detentora de inúmeros prêmios literários importantes, a autora vem se destacando no panorama literário atual como contista, cronista e romancista.
Confira abaixo a entrevista exclusiva que preparamos pra você.
ArteCult: Como a Literatura entrou na sua vida?
Cíntia Moscovich: A resposta não é original: vim de uma casa de leitores. Minha gente veio fugida do leste da Europa, de pogroms e perseguições, e meus pais tinham pavor que tudo se repetisse na terra nova. Ler e estudar parecia a eles um bom caminho, porque, caso tivéssemos que fugir de novo, tudo o que tivéssemos conseguido com estudo e leitura seria uma espécie de patrimônio portátil. Ao menos era o que o pai dizia. Não que hoje se dê muito valor a isso, mas entre nós é algo muito precioso. Assim, a leitura foi um trampolim para meu desejo de ser escritora.
AC: Como é sua rotina de escritora? Escreve todos os dias? Reescreve muito? Mostra para alguém durante o processo?
CM: Isso varia muito. Houve épocas em que escrevia todos os dias, várias horas por dia. Mas os compromissos da vida me atalharam, viver se tornou o moedor de carne conhecido, e minha disponibilidade para a escrita já não é integral. No entanto, leio muito, porque ler é o combustível da escrita. Reescrever é algo obrigatório, não se pode escrever sem reescrever, sem refletir, sem refazer. E, claro, tenho meus primeiros leitores. Mas só quando o texto está muito perto do que acho que pode ser sua forma definitiva.
AC: No seu caso, de onde vem a inspiração?
CM: Não sei. Frequentemente me parece que vem de outras leituras. Mas só me parece.
AC: O fantasma da página em branco: mito ou verdade? Isso acontece com você? Em caso afirmativo, o que faz para resolver esse problema?
CM: Mas é claro que acontece comigo. O tempo todo, todo o tempo. É um terror. O que eu faço? Leio. Leio, leio e leio.
AC: Na sua opinião, que características um bom conto deve apresentar?
CM: Um bom conto deve ter uma única coisa: um subtexto que sustente a estrutura aparente do que está sendo contado. Sem isso, sem essa delicadeza narrativa, um conto que se pretenda conto não resiste. Não tenho nada contra as narrativas que se dão a conhecer em forma integral, muitas vezes vou pelo caminho de expor o enredo em sua intimidade. Mas quando me sento a ler um conto que se chama de conto, gosto do apuro que o gênero exige.
AC: Um livro marcante. Por quê?
CM: Laços de família, da Clarice Lispector. Porque tudo está nele.
AC: Um escritor marcante. Por quê?
CM: Há vários. Não vou ser óbvia e dizer que a Clarice me marcou — porque ela marcou. Direi que um escritor que me marca é o Amós Oz, porque tem uma fluidez e uma precisão que eu tenho que aprender.
AC: Projetos em andamento: o que vem por aí nos próximos meses?
CM: Estou com um livro de contos sobre animais e com um romance sobre uma doença, que já me toma muito tempo. Veremos.
AC: Entre os seguidores do canal de Literatura do portal ArteCult, muitos são aqueles que escrevem ou que desejam escrever. Que conselho ou dica você poderia dar a eles?
CM: Acho que o conselho mais precioso que se pode dar a alguém que queira escrever é que leia. Mas leia muito. E que saiba que a carreira vai exigir humildade e paciência. É uma carreira linda mas trabalhosa e, muitas vezes, de uma solidão devastadora.
Bem, é isso. Até a próxima!
Colunista do canal LITERATURA
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AC Encontros Literários tem curadoria e apresentação (lives) de César Manzolillo (@cesarmanzolillo).
Sou a Amanda Da Silva, e quero parabenizar você pelo seu
artigo escrito, muito bom vou acompanhar o seus artigos.