Os grandes musicais da Broadway são sempre muito bem recebidos pelo público brasileiro e graças a essas grandes produções, cada vez mais inspiram pessoas do Brasil a criar suas próprias produções 100% originais, como é o caso de “Nautopia”.
Diferente de outros musicais brasileiros como “Chaves: Um Tributo Musical”, “Vamp”, e “Castela Rá-Tim-Bum”, “Nautopia” é totalmente original, sem ser uma adaptação de uma obra de outra mídia.
“Nautopia” marca a sétima produção musical do autor, compositor, diretor e produtor da peça, Daniel Salve, que tem um longo currículo que não se resume apenas às obras por ele criadas, mas também com outras funções em obras memoráveis, desenvolvendo projetos especiais como “Disney In Concert” e “De Volta a Oz – Wicked In Concert”, além de compor memoráveis números de abertura para a maior parte das edições do Prêmio Bibi Ferreira. Para Nautopia, Daniel queria fazer algo genuinamente brasileiro, que fugisse dos clichês mais comuns da nossa identidade cultural.
“É comum vermos no Brasil espetáculos com tramas universais, mas que se passam em cenários externos, com referências geográficas distantes da nossa realidade. Com ‘Nautopia’, queremos falar desses anseios universais da humanidade, mas com cores e tons locais”. (Daniel Salve)
Na história, acompanhamos Tomás (Beto Sargentelli), um jovem navegante que parte de sua terra natal, o idílico Vale da Utopia, no litoral de Santa Catarina, para um exílio em Paraty após o misterioso desaparecimento de sua irmã Clara (Sofia Savietto). Na nova vida, o jovem se envolve com a mergulhadora Iara, disposta a abraçar seus sonhos utópicos de um novo futuro. Os planos de Tomás mudam ao receber a notícia da doença fatídica que acometeu Rocha (Jonathas Joba), seu padrinho e pai de criação, o que o leva de volta ao Vale da Utopia para lidar com seus demônios internos e encontrar antigos fantasmas, como a obstinada Selena (Eline Porto), sua namorada da juventude, que ainda mexe com suas emoções.
O musical, que mesmo tendo uma história bem desenvolvida cheia de momentos fortes, tensos, líricos, e com músicas tocantes, poéticas e emocionantes, não recebe nenhum tipo de patrocínio ou apoio de leis culturais, o que limita a obra em alguns recursos, como na construção de cenários elaborados e grandiosos que o espectador está acostumado a ver em musicais, mas para ser sincero, isso não é um defeito ou algo que atrapalhe a peça, na verdade, o cenário minimalista e simplório que é construído já ajuda por demais a contextualizar a ambientação, que tem como base um grande tecido branco que é usado para criar diversos objetos e lugares, como a vela de um barco, ou mesmo as ondas do mar batendo na beira da praia, que com a ajuda da iluminação, consegue transmitir isso de forma encantadora.
Além da grande estreia do musical, Nautopia também marca a abertura oficial de produções teatrais do novo Teatro B32, um espaço totalmente modernizado que foi inaugurado em novembro de 2021 e que desde então vem recebendo eventos corporativos. Alexandre Bissoli, socio do projeto e diretor de produções do espetáculo expressa:
“O B32 se tornou um grande parceiro na realização desse projeto totalmente independente, sem uso de leis de incentivo ou editais. Estamos seguindo um caminho desafiador, mas que permite acreditar que formas alternativas de produção são possíveis e podem abrir caminhos para que mais projetos autorais e independentes possam surgir no cenário cultural”.
Nautopia ficará em cartaz no Teatro B32, localizado na av. Faria Lima, 3782 até dia 29 de maio, com sessões às sextas as 20h30, sábados às 16h e 20h30, e aos domingos às 19h, com ingressos nos valores de R$ 50,00 a R$220,00, vendas na bilheteria do teatro, ou no site teatrob32.com.br.