Antonio Carlos Secchin é doutor em Letras e professor emérito da UFRJ. É também poeta e acadêmico, tendo sido eleito para a ABL (Academia Brasileira de Letras) em 2004. Confira abaixo a entrevista exclusiva que preparamos pra você !
ArteCult: Como a Literatura entrou na sua vida?
Antonio Carlos Secchin: Sempre esteve, mesmo quando não a percebia. Sendo um modo especial de tratar a linguagem, atinge aqueles desde sempre fascinados pela palavra.
AC: Além de escritor, você é doutor em Literatura Brasileira. Como concilia essas duas facetas?
ACS: São facetas complementares, nunca antagônicas. O que escrevo pode ir para a sala de aula. O que digo na sala de aula pode ir para o livro.
AC: Em 2004, você se tornou membro da Academia Brasileira de Letras. Que tal a vida de acadêmico?
ACS: Minha vida não mudou. No dia seguinte à eleição, lá estava, como fazia há décadas, no Fundão, dando aula. Claro que é honra enorme ter sido eleito.
AC: Você é detentor de inúmeros prêmios literários. Em que medida esse reconhecimento crítico contribui para a conquista de leitores?
ACS: Tomara que tenha conquistado alguns leitores devido aos prêmios! Mas o que importa é a sintonia entre leitor e livro, tenha ou não a obra sido premiada.
AC: Como nasce um poema? E um livro de poemas?
ACS: O poema quase sempre nasce do acaso. O livro, de um projeto de construção.
AC: Na sua opinião, quais são os 3 poetas brasileiros que todo apreciador de poesia deve conhecer? E os 3 poemas?
ACS: Para ficarmos nos grandes do século XX, as indicações quase compulsórias são Bandeira, Drummond e Cabral. Poemas: “Profundamente”, de Manuel Bandeira, “A máquina do mundo”, Drummond, e “O cão sem plumas”, João Cabral de Melo Neto.
AC: Como você vê o panorama atual da poesia brasileira?
ACS: Não consigo vê-lo com clareza, tamanhas e tão diversas são suas manifestações.
AC: Entre os seguidores do canal de Literatura do Portal ArteCult, muitos são aqueles que escrevem ou que desejam escrever. Que conselho ou dica você poderia dar a eles?
ACS: Escrevam, mas antes, ou paralelamente, leiam.
AC: Para encerrar, pediria que deixasse aqui um poema de sua autoria.
Autorretrato
Um poeta nunca sabe
onde sua voz termina,
se é dele de fato a voz
que no seu nome se assina.
Nem sabe se a vida alheia
é seu pasto de rapina,
ou se o outro é que lhe invade,
com voragem assassina.
Nenhum poeta conhece
esse motor que maquina
a explosão da coisa escrita
contra a crosta da rotina.
Entender inteiro o poeta
é bem malsinada sina:
quando o supomos em cena,
já vai sumindo na esquina,
entrando na contramão
do que o bom senso lhe ensina.
Por sob a zona da sombra,
navega em meio à neblina.
Sabe que nasce do escuro
a poesia que o ilumina.
Bem, é isso. Até a próxima!
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AC Encontros Literários tem curadoria e apresentação (live) de César Manzolillo (@cesarmanzolillo).