“Em um bairro em Nova York” é mais um exemplo de uma excelente produção cinematográfica baseada em um musical da Broadway, a aclamada história escrita por Quiara Alegría Hudes e com a música composta por Lin-Manuel Miranda. O filme é um grande tributo para a comunidade Latina.
Para começar, temos a escalação do elenco, que foge totalmente do “whitewashing”, que é a escalação de atores brancos interpretando personagens de outras etnias, coisa que definitivamente não ocorre aqui. Mesmo tendo poucos nomes conhecidos no elenco, isso não é um problema já que todos estão ótimos em seus papéis e todos os personagens tem seu momento de destaque. Apesar de Usnavi (Anthony Ramos) ser o protagonista, todos de Washington Heights tem sua história , o que faz o ambiente ganhar vida, transformando esse bairro em um grande e único personagem, que é representado em diversas facetas, conectadas através de seus sonhos, mostrando como cada um se dedica de formas diferentes para alcançá-los, usando o ponto de vista de Usnavi como o principal narrador que ajuda a ramificar esses pequenos arcos dentro de sua própria história, entregando diferentes temas em cada um dos sonhos de cada personagem, entre eles, a tradição e o legado de suas origens, dos desafios e dificuldades que alguns tem para alcançar o que deseja, os preconceitos e desigualdade que alguns sofrem e que fazem com que essas pessoas desistam depois de um longo tempo de lutas e conquistas. Todas elas acabam funcionando por serem retratos de realidades de muitos latinos que vivem nos EUA, mesmo sendo romantizado para se encaixar dentro do gênero musical.
O diretor Jon M. Chu (“Podres de Ricos”) entrega um musical brilhante, com um grande tema e ótimos números musicais, com coreografias de sincronia perfeita entre os personagens em primeiro plano, e com os figurantes e dançarinos ao fundo, compondo toda a tela com essas danças contagiantes, além das músicas que conseguem grudar em nossa cabeça e nos faz querer escutá-las de novo e de novo.
Mas o roteiro abusa muito do otimismo dentro do estilo, todos sendo gentis e humildes uns com os outros o tempo todo, e quando é acrescentado algum tipo de obstáculo, isso não se torna algo preocupante, já que o tom harmonioso sempre está presente, em diferentes níveis.
Um dos poucos momentos em que isso não acontece é o que envolve a personagem da Olga Merediz, cujo o diretor faz um ótimo degrade no ritmo de um ambiente de alegria, para um tom mais triste e emocionante.
Ainda temos o romance criado entre Usnavi e a Vanessa (Melissa Barrera), algo bem esperado para esse tipo de história, mas o que incomoda é o modo como o roteiro cria uma barreira para manter os dois separados até o ato final, que não convence, em vários momentos mostra-se claramente que os sentimentos que um tem pelo o outro são correspondentes, e mesmo assim, de uma forma aleatória, o roteiro os separa com uma discussão bem fraca.
O filme ainda faz várias referências a outro sucesso da Broadway “Hamilton”, também feito por Lin-Manuel Miranda, que faz uma pequena participação em um número musical, mas no qual a musica é bem irrelevante para a trama, mas ainda entretêm.
Além das canções e da coreografia excepcional, outro recurso técnico que se destaca é a fotografia deslumbrante, cheia de cores vivas, que ilustram as emoções do ambiente e que vai escurecendo ao percorrer das diversas mudanças de humor, o que ajuda o público a criar o mesmo sentimento da cena.
“Um Bairro de Nova York” não encanta só pela trilha sonora ou os números de danças impecáveis, como todo bom musical, mas por ter uma identidade que consegue repassar um tema atemporal, sobre as comunidades Latinas nos EUA, além de homenagear muitos dos costumes e tradições de diversos países da América Latina.
NOTA: 8
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