TRÓPICO FANTASMA : O que não percebemos sobre os fantasmas

Uma mulher dorme no metrô ao voltar do trabalho, na última composição do dia. Sem conseguir pegar o mesmo transporte, a mulher deve procurar meios alternativos para voltar para casa, enquanto anda pelas ruas desertas de sua cidade. Esse é o enredo de Trópico Fantasma (2019), filme do diretor belga Bas Devos, lançado na plataforma de streaming Supo Mungam Plus, ganhador do prêmio de Melhor Direção no Festival de Cairo, que ganhou a crítica internacional, alcançando 100% de aprovação no Rotten Tomatoes.

Confira o trailer:

O filme começa com uma de suas cenas mais marcantes. Por mais de três minutos assistimos ao mesmo cenário, uma sala de estar mobiliada, enquanto percebemos a mudança de iluminação, mostrando o final da tarde e início da noite. Vemos, em seguida, Khadija (Saadia Bentaïeb), e percebemos que a mesma está trabalhando no último turno, como funcionária de uma empresa de limpeza empresarial. Khadija, após seu turno, se encaminha para o metrô, onde a  acompanhamos por algumas estações, antes da mesma cair no sono. Após acordar na última estação, depois de ter feito a última viagem do dia, a mulher se vê forçada a retornar à superfície para tentar voltar para casa.

No desenrolar do filme, Khadija procura várias formas de retornar para casa, entre pedir transporte particular, voltar de ônibus e pegar carona, ela acaba fazendo a maior parte do percurso a pé e parando em locais, por vezes desconhecidos, por vezes familiares, e encontrando pessoas, desconhecidos e familiares, enquanto impacta cada uma delas de forma diferente, ao mesmo tempo em que é impactada.

Um segurança de shopping, um morador de rua e a funcionária de uma loja de conveniências, além de ver sua própria filha com outros jovens numa praça de madrugada, esses são alguns dos encontros que definem o andamento do filme.

As interações às vezes são mais profundas, Às vezes mais superficiais, de fato como acontece na vida real. Momentos e assuntos diferentes podem fazer você se sentir mais à vontade, mais interativo ou não.
São essas interações, associadas à montagem das cenas que, de fato, tornam o drama o sucesso de crítica que tem sido.. Ao ver Khadija andando sozinha pelas ruas desertas da madrugada, tentando sem sucesso pegar um transporte seguro para sua casa enquanto a trilha sonora auxilia na ambientação para o espectador.

Toda a magia do filme gira em torno dos sentimentos e reflexões que cenas aparentemente simples causam no espectador. Seja pelo temor pela personagem principal ao andar sozinha com a sensação de perigo causada pelas cenas noturnas ou sobre a meditação acerca da leve menção ao fato de a personagem ser imigrante, junto ao uso de um hijab, quando percebemos alguns aspectos de sua vida financeira restrita e personalidade humilde e reservada. Muito do significado do filme é originado da percepção que o espectador tem ao encarar o barulho dentro do silêncio e aquilo que preenche o vazio das cenas.

Apesar do sucesso com a crítica especializada, o filme não parece promissor para o grande público. As cenas são, em sua maioria, bastante longas, e nada aparentemente interessante faz com que o espectador fique se segurando na cadeira, com os olhos grudados na tela, esperando o que acontecerá depois. Cenas cotidianas quase normais, quando analisadas separadamente, preenchem as quase uma hora e meia de filme, contendo vários desses minutos de caminhadas silenciosas.

O longa conta também com as atrizes Maaike Neuville e Nora Dari, enquanto a filmografia fica por conta de Grimm Vandekerckhove e a música por Brecht Ameel.

 

Nota : 7

STEPHANIE MIRANDA


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Author

Carioca, 20 anos, estudante de engenharia, colecionadora de canhotos de ingresso de cinema e apaixonada pela Sétima Arte. Seja na telinha do meu celular ou nas telonas dos cinemas, assistir filmes é uma verdadeira paixão. Pra mim, cinema é uma das mais belas formas de arte. O modo como integra todas as outras artes é simplesmente mágico, como me faz viajar e me teleporta para outras realidades, como me envolve, me intriga, me emociona... Seja sozinha ou com amigos, cinema é sempre uma boa opção pra sair, mas se o assunto é ficar em casa, por que não maratonar aquela série? Tenho aqui no ArteCult a chance de compartilhar minhas impressões sobre um pedaço desse mundo maravilhoso e, assim, espero poder fazer vocês sentirem um pouco do que senti, e também sentir um pouco do que vocês sentiram.

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