Primeira série brasileira adaptada de um podcast é baseada na temporada de maior sucesso do ‘Projeto Humanos’, de Ivan Mizanzuk, também disponível na plataforma
Em 1992, o desaparecimento e a morte de um menino de seis anos, Evandro Ramos Caetano, em uma pequena cidade do litoral do Paraná, Guaratuba, chocaram o país. Não só pela brutalidade com que foi assassinado, mas pelos desdobramentos políticos e judiciários do caso, cheio de reviravoltas, algumas delas, inclusive, bem recentes. Apesar de ser um episódio conhecido do grande público, o ‘Caso Evandro’ ganhou novos rumos de investigação a partir da apuração de Ivan Mizanzuk, que construiu, a partir dessa história, a temporada de maior sucesso do podcast ‘Projeto Humanos’, disponível no Globoplay e nas outras plataformas de áudio digital.
E nesta quinta-feira, o caso narrado em mais de 30 episódios e mais de 40 horas de áudio por Ivan ganha sua versão em vídeo com a estreia da série documental original Globoplay ‘O Caso Evandro’ também na plataforma, a primeira adaptação do gênero do Brasil.
A produção, realizada pela produtora Glaz e gravada no início de 2020 sob a direção geral de Aly Muritiba, que divide a direção com Michelle Chevrand, tem roteiro assinado por Angelo Defanti, Arthur Warren, Ludmila Naves e Tainá Muhringer e contou com a participação do próprio Ivan Mizanzuk na frente e atrás das câmeras. Além de ser um dos entrevistados e contar sobre as motivações e métodos que o levaram a se aprofundar no caso, ele também colaborou com a pesquisa e a estruturação dos roteiros. Como nos grandes títulos de true crime, a série traz depoimentos de personagens-chave da história, imagens de arquivo da época e ambientação de cenas emblemáticas do caso, que ficou informalmente conhecido como “As bruxas de Guaratuba” por ter sido por muito tempo atribuído a rituais de magia.
“O Caso Evandro é a primeira adaptação de podcast para série aqui no Brasil, o que já é feito com bastante frequência nos Estados Unidos e Europa. Nos sentimos muito desafiados com isso. O podcast já tem uma base de fãs muito grande com a qual vamos nos relacionar. Ao mesmo tempo, queríamos fazer um produto não apenas para as pessoas que já conhecem a história e o podcast, mas uma série que todos possam entender e acompanhar”, conta o diretor geral Aly Muritiba.
“Queremos alcançar novos espectadores e interessados porque achamos que o caso tem grande importância. Como documentarista, acredito que ele fala da sociedade e traz uma discussão importante sobre estrutura e métodos da polícia, da imprensa e do judiciário”, complementa a diretora Michelle Chevrand.
“O conteúdo é o mesmo, mas a forma como é apresentado na série é mais poderosa do que eu jamais poderia ter feito no podcast. Os recursos dessa produção permitiram que fossem realizados momentos que eu considero icônicos”, destaca Ivan Mizanzuk.
O desafio da adaptação do áudio para o vídeo
A equipe de produção teve a missão de criar uma narrativa audiovisual a partir do que Ivan produziu em mais de 40 horas gravadas em áudio, extensão necessária para explicar e retomar fatos e contextualizações por contar apenas com o som como recurso. “Com a imagem, é mais fácil dar conta da história em um espaço menor de tempo. Além disso, no podcast, a gente tem Ivan como condutor de toda a história se baseando sempre nos autos do processo. Na série, partimos dos autos, mas temos também o uso de entrevistas com pessoas que participaram de todo o processo e do caso, de advogados, especialistas”, destaca Aly.
As gravações, que foram realizadas em Guaratuba, Paraná, local onde o crime ocorreu, resultaram nos sete episódios que o público vai acompanhar de forma faseada no Globoplay a partir desta quinta, 13 (esquema de exibição detalhado abaixo). O trabalho gerou ainda um episódio extra dedicado exclusivamente ao desaparecimento de outro menino, Leandro Bossi, também ocorrido em 1992, cujo desenrolar das investigações por vezes se misturou ao caso do Evandro, o que é mencionado diversas vezes no podcast.
“Os fãs podem esperar uma série tão densa, séria e profunda quanto o podcast, mas repleta de novidades. Se no podcast os ouvintes ouvem alusões a determinadas pessoas e personagens, na série, os fãs podem ver esses personagens e sentir a emoção dessas pessoas ao rememorar aqueles fatos. Eles ainda vão poder ver matérias jornalísticas da época em ótima qualidade – fizemos um trabalho de recuperação desse material. Também acho que conseguimos potencializar ainda mais os ganchos que chamam o próximo episódio, que é algo muito marcante no podcast”, enumera Aly ao falar sobre a complementaridade das obras.
Um mergulho nas versões de uma tragédia que ainda deixa feridas
Evandro Ramos Caetano desapareceu e foi encontrado morto de forma brutal em abril de 1992. Em julho daquele ano, sete pessoas foram presas e confessaram que usaram o menino em um ritual macabro. Mas o caso estava longe de ser encerrado – assim como a culpa daquelas pessoas estava longe de ser devidamente esclarecida.
Nascido nos anos 1980, época em que o desaparecimento de crianças assombrava as famílias – muitas vezes, no imaginário popular, ligado a prática de rituais de magia, ao tráfico ou ao roubo de órgãos -, Ivan Mizanzuk conta que a memória do medo que sentia na infância foi um dos fatores que o instigaram a se debruçar sobre essa história. Isso se somou ao interesse pelo formato narrativo de storytelling que queria explorar no ‘Projeto Humanos’ e à busca por uma história forte fora do eixo Rio-São Paulo, mais próximo de sua realidade, já que é natural de Curitiba.
“Casos criminais têm um mecanismo de tentar descobrir o que aconteceu exatamente (quem matou, o que aconteceu, onde foi, como foi a investigação, quais as provas, como se analisam as provas etc.), e esse mistério me parecia um bom combustível narrativo. Sempre ouvi falar sobre o assombroso caso das “Bruxas de Guaratuba”. Eu vivi parte do pânico que ele causou – tinha oito anos na época e cresci com o medo de ser sequestrado. Tudo o que eu pesquisava sobre a história na internet me deixava confuso: havia pedaços aqui e ali, mas não havia um lugar em que tudo era explicado de maneira coesa, apresentando em profundidade todos os lados e fazendo uma profunda investigação de forma imparcial. A escolha desse caso me pareceu natural, e de certa forma serviu para exorcizar alguns demônios pessoais da minha infância”, relata Ivan.
Ivan começou a investigar o caso em 2015, mas o material coletado e apurado só foi transformado no podcast em 2018, mesma época em que o projeto da série começou a tomar forma, a partir de uma iniciativa da produtora Mayra Lucas, da Glaz, que conhecia o trabalho. “Eu sou muito fã de podcast e minha sócia, Luiza, também. Ela acompanhava o ‘Projeto Humanos’, e, na época, me mostrou um teaser de dois minutos, anunciando que a próxima temporada seria ‘O Caso Evandro’. Fiquei pensando que aquilo daria um ótimo documentário. Entrei em contato com o Ivan, que me contou muita coisa sobre o caso, e eu tive a certeza de que realmente aquela história tinha conteúdo para um ótimo projeto audiovisual”, conta Mayra.
O podcast seguiu até 2020, com descobertas da existência de fitas, que chegaram até Ivan, e mudaram o desfecho do caso, que ficou conhecido por ter sido o julgamento mais longo da história do país. “Tentei ser o mais respeitoso possível. Infelizmente, quando um crime acontece, ele se torna uma história da sociedade. Falar de crime é lidar com a dor dos outros e abrir feridas. Tudo que produzi até hoje serve para entender local, contexto e sistema. ‘O Caso Evandro’ é um grande ensinamento sobre como é o nosso sistema criminal”, define Ivan.
Além da série e do podcast, ‘O Caso Evandro’ também ganhou uma narrativa em livro, com lançamento confirmado para junho. De autoria de Ivan Mizanzuk, a obra será publicada pela editora HarperCollins.
‘O Caso Evandro’ é um original Globoplay, realizado pela produtora Glaz e baseado no podcast ‘Projeto Humanos’, de Ivan Mizanzuk, também disponível na plataforma. Os roteiros, que contaram com pesquisa e colaboração de Ivan Mizanzuk, são de autoria de Angelo Defanti, Arthur Warren, Ludmila Naves e Tainá Muhringer. A obra conta com direção geral de Aly Muritiba, que assina a direção com Michelle Chevrand.
Esquema de exibição da série ‘Caso Evandro’ no Globoplay:
13/05 – Episódios 1 e 2
20/05 – Episódios 3 e 4
27/05 – Episódios 5 e 6
03/06 – Episódio 7
10/06 – Episódio 8 (extra)
Sobre Projeto Humanos
Disponibilizado no portfólio de áudio do Globoplay neste ano, ‘Projeto Humanos’ é um podcast que busca explorar o formato de storytelling em temporadas dedicadas a narrativas aprofundadas sobre diferentes fatos e temas. Foi idealizado por Ivan Mizanzuk em 2015. O ‘Caso Evandro’ é o tema da quarta temporada do ‘Projeto Humanos’.
Sobre o Globoplay
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