Com mais de dois milhões e 700 mil seguidores no Tik Tok, o humorista Talokudo, 30 anos, nascido em Mossoró, Rio Grande do Norte, é hoje um fenômeno nas redes sociais, graças aos seus personagens, suas paródias e vídeos com imensa repercussão.
“As pessoas precisam sorrir em meio a tudo isso de ruim que estamos vivendo. O humor é algo terapêutico, remedia as nossas frustrações, tristezas, ansiedades e depressão.”, comenta o humorista
Seu talento artístico começou ainda na escola participando de peças teatrais e na adolescência, também participou de apresentações musicais em bares de sua cidade, além de integrar parte de um grupo de capoeira. Em 2006, aos 16 anos, deixou um pouco de lado a diversão, e começou a trabalhar como motoboy em um petshop. Não deixou os vídeos de lado, mas sem a dedicação de antes por conta de trabalhar de nove a dez horas por dia.
O auge veio de 2016 para 2017, período em que suas paródias bombaram na internet, e veio o convite para participar do quadro ‘Canjica Show’, do programa ‘Legendários’, na Record TV, apresentado por Marcos Mion. Um ano depois, quando abriu o show do humorista Lucas Veloso, filho do falecido Shaolin, Talokudo decidiu lançar o seu stand-up. Fez participações em teatros e eventos, alguns shows solos e outros com presenças de renomados humoristas, como Renan da Resenha.
O humorista Talokudo, bateu um papo bem descontraído com o ArteCult
Abaixo você confere nossa entrevista na íntegra, onde ele mais sobre sua trajetória, carreira, novidades e muito mais
Você já usava o Tik Tok antes de criar seus vídeos? Em que ponto você viu que o app tinha um potencial para divulgar mais seu trabalho?
Já produzia vídeos antes do tiktok viralizar. Quando eu conheci o tiktok, vi mais uma vitrine para divulgar meus vídeos, e resolvi criar lá conteúdos diferentes do que os demais tiktokers produziam, e foi esse o diferencial que fez tanto sucesso.
Como surgiu a ideia de criar a família com a Ketley, Katia e a Dona Jacinta?
Sempre gostei de me caracterizar, fazer vozes diferentes, criar. Então, com a internet, eu vi uma possibilidade de registrar esses arquivos, gravar e postar lá para os amigos assistirem depois. Minha inspiração vem dos momentos que eu vivi na minha infância, do que presenciei e ouvi dos meus pais e avós.
A Dona Jacinta foi inspirada em minha mãe, uma mulher que nasceu e se criou na zona rural, bem nordestina, e cria seus filhos na base da palmada, religiosa e temente a Deus. E muito briguenta.
A Ketley é uma versão minha feminina. As coisas que ela faz nos vídeos foram coisas que eu fazia, falava e aprontava quando era criança. Uma criança inocente, chorona e fofoqueira.
A Katia é uma junção da personalidade das minhas duas irmãs, com bastante mentira e deboche. É uma adolescente que está na puberdade e adora aprontar e sair escondida para namorar, sem falar que é cheia de deboche.
Seu Antôin é o pai das meninas. Ele mal aparece nos vídeos, porque quando eu tinha de 12 para 13 anos, perdi o meu pai, então, eu não tive muitos momentos com ele. Não consegui criar um pai presente para os meus personagens, mas para não deixar uma família com crianças órfãs, eu optei por deixá-lo separado da dona Jacinta. De vez em quando, ele aparece para ver seus filhos.
Você acredita que a criação dessa família, foi um diferencial seu? Principalmente por conta da pandemia, cada vez mais, temos conteúdos cômicos em várias plataformas.
Sim, um grande diferencial principalmente porque durante a pandemia, muitos comediantes pararam de criar por terem parado os shows, eventos… Eu continuei produzindo cada vez mais, e resolvi dar vida a estes personagens para que eles pudessem divertir as pessoas durante essa fase difícil que estamos passando. Então, sim, foi um grande diferencial.
Grande parte dos nossos humoristas, acredito que pelo menos uns 50% vem das Regiões Norte e Nordeste. No que você atribui esse fato? Você sente um peso também por isso, como se por você ser Nordestino, precisa ser ainda melhor?
A comédia veio da necessidade de sorrir, da falta de alegria. E há muitos anos, o meu Nordeste era bastante castigado com a seca, com a fome e diante de tanto sofrimento, o meu povo nunca se entregou. Quem podia, viajava para São Paulo em busca de trabalho, outros se viravam como podiam. Então para que o nordestino não se entregasse aos problemas, eles começaram a sorrir deles, a brincar com os problemas, com as dificuldades, pois, isso é um modo de defesa. Então, eu penso assim, que quando você está sofrendo, é preciso criar um método para o sorriso, e devido a isso, o Nordeste, hoje, é considerado o berço do humor brasileiro.
Falando um pouco sobre a sua vida e carreira, você já trabalhou em vários tipos de mídias, teatro, televisão, internet… Acredita que para cada segmento, você precisou fazer um humor diferente?
Existe um tipo de humor para cada tipo de pessoa. Quem hoje está na televisão, às vezes, não consome um humor de internet, e quem está na internet, talvez não curta um humor teatral. Por todos estes meios que trabalhei, fui me adaptando e percebendo o que o meu público queria ver de mim, naquele momento.
Você planeja lançar um aplicativo, pode falar um pouco mais sobre isso?
Esse projeto é para o meu público infantil. O app será com a minha personagem Ketley, feito para as crianças cuidarem dela, dar banho, comidinha, trocar de roupa e brincar com alguns minijogos.
Como a pandemia afetou o seu trabalho? Você acabou de estrear um solo, precisou adaptar muita coisa? Não só em questões logísticas, mas também em relação ao seu texto.
Eu estava iniciando uma turnê de shows quando vi tudo sendo cancelado. Fiquei triste, claro, mas não me desesperei. Pelo contrário, vendo o mundo doente, eu resolvi ajudar de alguma forma, e fazendo aquilo que eu sei fazer de melhor: a comédia. Criei um projeto nas minhas redes sociais, que durante toda a pandemia, eu postaria um vídeo diário, logo cedo, para que as pessoas pudessem começar o dia sorrindo. No lugar de abrir a internet e ver notícias ruins, elas veriam algo bom porque tinha muita gente desesperada com as fake news, ao ponto de entrarem até em depressão. Foi assim que eu consegui uma legião de fãs, porque todos os dias as pessoas entravam nas redes sociais para tomar a sua dose diária de risos. E aí, falava para outra pessoa sobre mim, e todo mundo ia me seguindo, até atingir 2,7 milhões de seguidores na internet. E estreei na minha cidade natal, Mossoró, o stand-up “Consultório da comédia”, que tem o espaço ´Open Mic´, onde divido o palco com novos talentos. O objetivo é ajudar a cena da comédia a crescer na minha cidade e estimulando novos artistas a investirem em suas carreiras.
Qual personagem criado por você, é seu favorito?
Não tenho personagem favorito. Amo todos eles.
Você tem um ídolo?
Minhas inspirações na comédia são Jim Carrey, e Dinho, dos Mamonas Assassinas.
Redes sociais Talokudo:
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