Hoje, 29 de outubro, é celebrado no Brasil o Dia Nacional do Livro, mas você sabe por quê?
A data foi criada em 1810 em comemoração à fundação da primeira biblioteca brasileira, a Real Biblioteca, no Rio de Janeiro, então capital do país. Nesse dia, a Real Biblioteca Portuguesa foi transferida para o Brasil e tornou-se a Biblioteca Nacional. Porém, o acervo chegou ao Rio de Janeiro antes, em 1808. Além de livros, havia manuscritos, mapas, estampas, moedas e medalhas.
Através do hábito da leitura, novos horizontes se abrem para o ser humano. Os livros foram fontes inspiradoras de inúmeras outras obras artísticas inesquecíveis e que fazem parte da cultura da sociedade moderna. Os livros têm a capacidade de transformar vidas.
E para celebrar este dia tão especial convidamos nossos colaboradores colunistas do canal LITERATURA para dar dicas de livros para nossos seguidores!
Dicas de ANA LÚCIA GOSLING:
1. Água Viva. Clarice Lispector. Editora Rocco. É um longo texto ficcional em primeira pessoa, um grande monólogo. Meu livro de cabeceira por muito tempo, encontrei ressonância das minahs próprias reflexões de vida em “Água Viva”. Um dos livros da minha vida que me permitiu entender minha própria complexidade e o labirinto das minhas próprias emoções. É o livro que eu gostaria de ter escrito.
2. Dom Casmurro. Machado de Assis. (diferentes edições). Machado voltou pra minha vida há cerca de um ano. Ando relendo seus contos e quero mergulhar em seus romances. Este foi o primeiro livro dele que li, na adolescência, e já ali entendi que o narrador era um grande manipulador do leitor, o que, para mim, era bem divertido. Estou fazendo um curso sobre o livro e, então, o reli recentemente. É genial voltar a lê-lo mais madura (como leitora, como escritora e como pessoa) e poder enxergar suas nuances narrativas. Seu valor não se esgota na clássica e bem construída história. É um livro que permite várias reflexões sobre o próprio processo de escrita, sobre a carpintaria do escritor e como se dá a construção de narrativas. O livro se agigantou diante dos meus olhos.
3. Ensaio sobre a cegueira. José Saramago*. Cia das Letras. Descobrir Saramago na minha juventude foi um divisor de águas como leitora. Ele desconstruiu várias certezas de vida que, muito jovem, eu tinha. Fico maravilhada com sua carpintaria que resulta numa leitura nem sempre de fácil digestão a leitores iniciantes. Para mim, ele era o autor das verdades que precisam ser ditas. Neste livro, ele cria uma narrativa ficcional apavorante: a cegueira “contraída” por todos, pouco a pouco. Mas é lindo. É sobre ter olhos e não ver. É sobre lucidez, afeto e essências. Impossível não se lembrar disso nesses dias de adoecimento mundial.
Dicas de CESAR MANZOLILLO:
1. Os cem melhores contos brasileiros do século. Seleção/organização Italo Moriconi. Editora Objetiva. Vasto panorama da produção de contos brasileira, esta coletânea contempla os maiores contistas do século passado. Indispensável para quem aprecia o gênero.
2. Os cem menores contos brasileiros do século. Organização Marcelino Freire. Ateliê Editorial. Contos bem curtos e extremamente saborosos. Um formato que tem tudo a ver com os tempos atuais, marcados pela brevidade das mensagens postadas nas redes sociais. Adriana Falcão, Antônio Carlos Secchin, Antonio Prata, Antônio Torres, Dalton Trevisan, Daniel Galera, Fabrício Carpinejar, João Anzanello Carrascoza, João Paulo Cuenca, Lygia Fagundes Telles, Manoel de Barros, Marçal Aquino, Millôr Fernandes e Moacyr Scliar são alguns dos autores participantes.
3. A serpente. Autor: Nelson Rodrigues. Editora Nova Fronteira. Esta é a última das 17 peças escritas por Nelson Rodrigues, considerado pela crítica e por grande parte do público o maior dramaturgo brasileiro. Boa oportunidade para nos aproximarmos do universo singular do autor.
Dicas de MÁRCIO CALIXTO:
1. Raul da Ferrugem Azul, Ana Maria Machado. Foi o livro, quando garoto, que me fez perceber o que é escrever. Nessa época, com oito, nove anos, ainda era um menino do desenho. Esse menino demorou a sair de cena. Chegou a se criar desenhista em uma faculdade de desenho. No entanto, na raiz do pensamento daquele menino estava a fantasia desse Raul, um menino tímido, calado, que via surgir ferrugens azuis ao longo de seu corpo por causa do mundo que o cercava. Esse livro me despertou para o mundo das Letras.
2. The Stand, de Stephen King, traduzido para o Brasil como A Dança da Morte, me levou a devorar livros. Se eu eu era já um leitor, ainda descobrindo livros, sem aquele íntimo encanto por obras volumosas, esse livro me tornou um devorador. Dele parti para Christine, o carro assassino. Thinner, ou a Maldição, em português e para vários outros da linha do terror. Cheguei daí a Clive Barker e, então, Lygia Fagundes Telles e seu Venha Ver o Pôr do Sol. Pronto, nocaute. Só queria livros. Daqui parti para os brasileiros clássicos, chegando a Drummond e Augusto dos Anjos.
3. O Cachorro e o Lobo, de Antônio Torres, veio na faculdade. Primeiro li dele o Táxi para Viena D’Ásutria, que é fabuloso. Narrativa intensa e pungente, de ficção não linear e urbana. Amei. Daí soube que o escritor dava oficinas literárias na UERJ, fui atrás dele. Foram dois anos e meio com O Mestre. Ele me ensinou a escrever. A pensar literatura. Daí que li O Cachorro e o Lobo. Eu era um menino de 19 anos. Tivemos essa relação: do cachorro e do lobo. Li toda a sua obra. Tive a sorte de ler alguns de seus livros antes de serem lançados, ele ainda pensando. Fui a seu apê em Copa. Conversávamos horas e horas. Hoje se aqui estou, é por causa dele. Eis-me de regresso a essa terra de filósofos e loucos!
Bônus: Recomendações atuais
- Márwio Câmara – “Solidão e Outras Companhias”
- Ramon Nunes Mello – “Tente Entender o que tento escrever”
- Marco Simas – “Resistência”
E aí, gostou das dicas? Aproveite e boa leitura!! Depois comente aqui ou em nosso INSTAGRAM !
ArteCult.com
Equipe LITERATURA