Depois de A “Origem”, onde foi nos apresentado um conceito avançado sobre sonhos, o cineasta Christopher Nolan (“Dunkirk” e a trilogia “O Cavaleiro das Trevas”) entrega sua nova obra em que ele mistura o surrealismo com física quântica, entregando mais uma vez uma história complexa, intrigante e um tanto difícil de se compreender de imediato.
A trama básica de TENET é simples e sem muitas grandes ideias – um grupo de pessoas tentando impedir uma grande guerra muito antes de acontecer – , mas o ponto que chama a atenção é como o roteiro cria a trajetória dos personagens em cima dessa estrutura de narrativa, inserindo os elementos e ferramentas que fazem a história se destacar e despertar o interesse do espectador ao abordar o conceito de inversão temporal, que como no próprio filme é comentado, não é uma viagem no tempo, já que os momentos de inversão se colidem e interagem com pessoas e objetos que se movem temporalmente para frente. Quando isso é explicado de forma verbal, fica um pouco complicado de se compreender tudo que é apresentado, já que o diretor faz questão de mostrar todo o lado técnico e cientifico dentro desse conceito e para entender tudo o que é explicado é preciso ter uma noção básica de física quântica, algo que já é de se esperar em um filme do Nolan, que exige que o público saiba pelo menos uma fração do assunto abordado.
Ainda sobre o conceito de inversão, embora a explicação não seja algo fácil de se entender instantaneamente, quando isso é colocado em prática em tela, principalmente nas cenas de ação, já fica mais claro o modo como a inversão funcionaria dentro da nossa realidade, o que acaba também presenteando os fãs do diretor e do gênero com cenas de combate físico e de perseguição surpreendentes, que chegam a dar um nó na cabeça do espectador devido ao nível de interação dos personagens dentro das duas locomoções temporais. Os efeitos visuais não decepcionam, com vários momentos impressionantes, com destaque para um momento em que o mesmo acontecimento ocorre simultaneamente antes de depois do ocorrido, e o uso da tecnologia IMAX não é desperdiçado em nenhum momento do filme principalmente no design sonoro, quem tiver a oportunidade, veja em IMAX!
A direção do Nolan consegue criar cenas de ação empolgantes, através dos enquadramentos e o uso da câmera em movimento junto com os personagens, dando a sensação que a câmera está totalmente estática, e ele também consegue criar momentos de tensão e desespero em um breve período de tempo, já que os personagens nessas cenas não tem um segundo a perder.
Os arcos dramáticos são bem entrelaçados que fazem a história fluir naturalmente, mérito também da montagem que exige uma edição bem orquestrada, que é o caso de Tenet. Mas desses arcos, os que envolvem dilemas e problemas pessoais, são os que menos chamam atenção, como o caso da personagem vivida pela atriz Elizabeth Debickis, que se resume a uma mulher que vive constantemente ameaçada pelo marido cruel e sem escrúpulos, que só ajuda o protagonista para se livrar dele. Não é uma das coisas mais criativas e interessantes do filme, mas o pior é a forma como o roteiro cria um jeito de fazer com que isso tenha importância dentro do conflito principal, mesmo sendo desnecessário, além de ser um desperdício do talento da atriz, que a propósito, tem um ótimo desempenho.
De modo geral, todo o elenco apresenta ótimas performances, a interpretação de John David Washington é ótima, mas o roteiro não trabalha bem o personagem, já que ele aceita com rapidez a existência da inversão sem muitos questionamentos de sua parte. Já o personagem de Robert Pattinson tem bastante carisma, boa parte vinda do próprio ator, e embora estar na história para ajudar o protagonista, desde sua primeira aparição, ele passa a sensação que é mais misterioso que pensamos.
Apesar das ótimas atuações dos dois protagonistas, o grande destaque entre os atores é Kenneth Branagh, que interpreta o antagonista da história de um modo extremamente ameaçador, já que toda vez que ele aparece em cena, o medo e o desconforto tomam o ambiente, e isso é sentido pelo público, como se alguém estivesse prestes a morrer de uma forma bem dolorosa. A participação de Michael Caine é bem irrelevante, ele só aparece pela razão de estar em praticamente em todos os filmes do cineasta.
TENET não chega a ser um filme extremamente complexo, talvez o maior problema o fato do diretor fazer com que o filme pareça mais difícil de se entender, devido ao uso excessivo de termos técnicos.
NOTA: 7,5
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