Uma ótima ideia fora da caixinha…

Uma boa ideia somada à inovação. Essa é a proposta do Ideas Box, projeto desenvolvido pela ONG francesa Bibliothèques Sans Frontières/Libraries Without Borders (Bibliotecas Sem Fronteiras).

O objetivo é criar espaços para cultura, educação e entretenimento a partir de um kit básico, formado por caixas, que pode ser armado em vinte minutos por quatro pessoas. Uma biblioteca móvel que cabe em qualquer canto de 90 m².

No kit se incluem equipamentos modernos e conexão à internet, e cria um ambiente  de criatividade e estudo.

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O Ideas Box teve início em 2014, em campos de refugiados na África. Para conhecer mais do projeto, leia abaixo a bela matéria da jornalista Camila Leporace no site Porvir:


Criado pela ONG francesa Bibliotecas Sem Fronteiras, projeto é um dos 15 indicados à edição de 2016 do prêmio WISE

por Camila Leporace 25 de julho de 2016

A expressão Ideas Box pode ser traduzida em português como “Caixa de Ideias”. A melhor forma, porém, de definir essa iniciativa é como algo “fora da caixa”, no sentido da inovação que introduz ao universo da educação. Sua criatividade, associada a uma forma inusitada de gerar essas contribuições, levou o projeto a ser um dos indicados de 2016 à premiação realizada pelo World Innovation Summit for Education – o WISE.

O objetivo do Ideas Box é criar espaços para cultura, educação e entretenimento a partir de um kit básico, formado por caixas, que pode ser armado em vinte minutos com a ajuda de quatro pessoas. São criados espaços de cerca de 90 m², semelhantes a bibliotecas móveis. Com equipamentos modernos e conexão à internet, essas unidades permitem criar, estudar e ter contato com o mundo – sendo, em muitas das regiões onde o projeto está, a única ferramenta a proporcionar essa experiência à população local. O Ideas Box teve início em 2014, em campos de refugiados na África.

Desenvolvido pela ONG francesa Bibliothèques Sans Frontières/Libraries Without Borders (Bibliotecas Sem Fronteiras), ainda em seu ano de lançamento o Ideas Box foi selecionado no WISE Accelerator (Acelerador) – programa dedicado a incentivar projetos iniciantes na área da educação que tenham potencial para ganhar escala e gerar impacto positivo nas comunidades que alcançam.

Em entrevista ao Porvir, Barbara Schack, diretora de desenvolvimento da ONG Bibliotecas Sem Fronteiras, contou que essa ajuda do Accelerator foi fundamental para que as pessoas por trás da iniciativa se especializassem mais, aumentassem suas oportunidades de networking e intensificassem seus treinamentos, podendo avançar com o projeto para um outro patamar. Segundo Barbara, em dois anos muita coisa mudou. “O projeto tem crescido consideravelmente, tendo sido lançado em lugares como Austrália, Grécia, Etiópia, o Bronx, Detroit e a França”.

Além de ter sido contemplado com o incentivo do WISE Accelerator, o Ideas Box recebeu outros investimentos que fizeram a diferença. O suporte veio do governo francês, de parceiros globais como a Alexander Soros Foundation e a Pierre Bellon Foundation e o Google Impact Challenge France – que procura incentivar organizações sem fins lucrativos dedicadas a desafios que, com inovação, são capazes de transformar a vida das pessoas. No prêmio concedido pelo Google, quatro ONGs, dentre elas a Bibliotecas Sem Fronteiras, foram selecionadas a partir de votos do público e de um corpo de jurados.

“Esses investimentos contribuíram para que a Bibliotecas Sem Fronteiras reduzisse os custos de investimentos exigidos pelo Ideas Box, o que facilitou nossa produção e nos permitiu aumentar nossa escala”, conta Barbara, enfatizando que um prêmio como o WISE seria uma importante contribuição para que o Ideas Box continuasse alcançando cada vez mais pessoas em mais lugares. “(A ONG) Bibliotecas Sem Fronteiras está sempre procurando expandir o projeto. Ganhar o prêmio este ano nos ajudaria a expandir para novas regiões ou aumentar nossa presença em regiões onde já estamos”.

Mais sobre o Ideas Box
Diversos kits Ideas box estão instalados na África (Burundi, Etiópia), no Oriente Médio (Jordânia, Líbano), na França, Grécia, Austrália e nos Estados Unidos. Barbara se refere à iniciativa como uma ferramenta social, capaz de fortalecer a educação e contribuir para a autonomia das pessoas alcançadas por ele. “O projeto foi inicialmente desenvolvido para reconectar famílias e reforçar a educação em situações de emergência humanitária, e é uma ferramenta que contribui para a missão da Bibliotecas Sem Fronteiras de empoderar indivíduos e comunidades em direção ao acesso à informação”.

As decisões sobre onde instalar um kit Ideas Box e sobre quanto tempo ele permanecerá em determinado local podem variar bastante. Alguns kits, como o que foi instalado nos Grandes Lagos Africanos, ficam permanentemente na região, enquanto outros, como alguns instalados na França, são desenhados para permanecer por apenas alguns meses, cumprindo um rodízio entre localidades.

“Nesse caso, uma forte parceria é construída com uma biblioteca local, para desenvolver atividades com o Ideas Box e fornecer serviços quando o projeto se muda para outra região. O objetivo, nesse caso, é contribuir para conectar os usuários à infraestrutura existente, e ajudar as bibliotecas a identificar as necessidades das comunidades onde estão inseridas”, explica Barbara.

O projeto foi inicialmente desenvolvido para reconectar famílias e reforçar a educação em situações de emergência humanitária

Formado por diversas caixas a partir das quais são montados os espaços, cada kit do Ideas Box conta com acesso à internet, livros de papel e digitais, aplicativos de educação, projetores para filmes e documentários, videogames, um pequeno palco para apresentações teatrais, câmeras, softwares de vídeo, materiais para artes manuais, entre outras ferramentas. O design é voltado para o aproveitamento máximo do espaço, contando com móveis integrados capazes de exercer múltiplas funções e um sistema que carrega vários equipamentos eletrônicos ao mesmo tempo.

Os kits podem ser feitos de materiais diferentes, de acordo com as necessidades específicas do local e também o transporte, a segurança, entre outros pré-requisitos. Mas todos têm em comum o fato de serem capazes de acomodar ao menos 50 pessoas ao mesmo tempo e de serem modulares. Sua estrutura foi desenhada para suportar alterações climáticas. As várias caixas que formam cada unidade também servem como mesas e cadeiras quando delas são retirados os outros elementos que compõem as bibliotecas móveis.

Os módulos se complementam. O módulo Cinema conta com uma TV HD, um projetor e um sistema de som que permite assistir vídeos em ambientes abertos. É também esse o módulo que contém o gerador responsável por alimentar os outros com energia. O módulo Tecnologia da Informação, por sua vez, é capaz de acomodar 50 e-readers, 15 tablets, cinco laptops, cinco câmeras HD e cinco aparelhos de GPS.

Enquanto isso, o módulo Biblioteca pode conter até 300 livros em papel, além de uma dúzia de jogos e videogames. Quando o kit é instalado em determinado local, os livros podem ser organizados e classificados em prateleiras que surgem a partir da retirada desses objetos da caixa. Há, ainda, o módulo Administrativo, onde fica o sistema de rede que atende aos outros módulos e o sistema de eletricidade – baterias, por exemplo. Esse módulo também atende às pessoas que levam seus próprios equipamentos para usar no local.

 

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