A Era das adaptações cinematográficas para HQs brasileiras foi iniciada: o filme “O Doutrinador” chega a todos os cinemas brasileiros no próximo dia 01/11. É baseado na HQ homônima criada por Luciano Cunha, que nos contou, durante a pré-estréia do filme que aconteceu no último dia 22 no Rio de Janeiro, que a história surgiu da sua indignação em relação à política brasileira e revolta contra esta alta cúpula que é a principal responsável pelo atraso do Brasil. O surgimento do Doutrinador seria uma forma de simbolizar o combate à corrupção.
A adaptação possui uma direção primorosa por parte de Gustavo Bonafé, responsável por grandes obras como Chocante e Legalize já, e que aqui imprime as caraterísticas de HQ na primeira história de um anti-herói no cinema nacional.
A trama de “O Doutrinador” traz um anti-herói que remete ao gênero de vigilantes dos quadrinhos. Miguel (Kiko Pissolato) é um agente federal do órgão “DAE” – Departamento de Ações Especiais, onde os agentes possuem instruções e treinamento de alto nível para lidar com quadrilhas de empresários e políticos de nosso país. O filme deixa em evidência o quanto a corrupção está completamente entranhada no parlamento e suas respectivas instâncias.
Após uma tragédia pessoal, Miguel se encontra perdido e desolado e entende a corrupção como a principal culpada pelo fato ocorrido. Com sentimento de vingança e transtorno ele promete se vingar dos políticos corruptos com as próprias mãos, assim assumindo o manto do “Doutrinador”.
Para todo filme de origem é necessária uma abordagem de desenvolvimento do personagem, desde sua perda até a sua redenção, a jornada do herói. A proposta da narrativa, desenvolvida pelos roteiristas Cunha e Gabriel Wainer, é coesa e bem executada e vale ressaltar que haverá uma série do Doutrinador prevista para Julho do ano que vem, logo poderemos saber de maneira muito mais aprofundada sobre os personagens. A série terá também direção de Gustavo Bonafé junto a Fábio Mendonça. Aguardaremos ansiosos para sabermos mais sobre esse Universo.
O pano de fundo do filme, a trilha sonora e a fotografia de Rodrigo Carvalho nos remetem totalmente ao Universo das HQs e irão agradar aos fãs do gênero. A paleta de cores, coreografias de lutas, pontos de tensão, aberturas e jogos de câmeras estão dignos de blockbusters internacionais.
Extremamente louvável e corajoso por parte da produção do filme desenvolver esta proposta relativamente nova para a produção do cinema nacional.
Outro ponto de bastante relevância seria a escolha do elenco presente no filme: Kiko Pissolato na pele de Miguel e do “Doutrinador” imprime literalmente a essência do personagem principal da história e consegue demonstrar as camadas que o mesmo possui. A atriz Tainá Medina que interpreta uma hacker e ativista política chamada Nina sendo uma das grandes revelações do filme, garantindo bons momentos na trama e nos deixando com um gosto de “quero mais saber” sobre a mesma. Aliás é bem provável que poderemos vê-la na série prevista para o ano que vem. Além de Kiko e Tainá, Samuel de Assis e Carlos Betão merecem também destaque, pois desempenham com primor grandes atuações na trama.
Apesar de possuir pontos que mereciam ser mais explorados, não podemos afirmar que “O Doutrinador” possui pontas soltas, pois sabemos que haverá uma produção que nos entregará estes pontos ocultados no filme.
Confira o Trailer:
Por fim, O Doutrinador garante um ótimo ponta pé inicial – e com notoriedade – ao gênero de adaptação de HQ para o cenário de produções cinematográficas nacionais. Seu produto final é um deleite e empolga bastante o telespectador, sua mensagem central se faz urgente neste atual contexto tão sensível que o Brasil passa e deixa uma pergunta para todo o público: “O que podemos fazer? ” em relação à corrupção da classe política em nosso País.
O filme faz valer – e muito – o ingresso e merece ser vivenciado numa telona para podermos sentir todos os artifícios apresentados de maneira magistral pela equipe de produção desta grande obra do cinema brasileiro, um marco desta nova Era do cinema nacional.
LUAN RIBEIRO
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