UM TREM PARA VARANASI: JULIO RIBEIRO lança o quarto romance na BIENAL do Rio

O escritor gaúcho Julio Ribeiro não para de produzir. Um trem para Varanasi é seu mais recente livro e será lançado na Bienal do Rio no próximo dia 14. Parcialmente ambientado na Índia, o romance é a obra mais madura do autor, que segue uma trajetória ascendente desde que Escollhas do amor e do tempo, sua primeira publicação literária, foi lançada em 2017.
Confira abaixo minha entrevista com o autor:
ArteCult: Um trem para Varanasi é dedicado ao povo gaúcho, que, assim como você, sofreu com as enchentes de 2024. Como viveu essa experiência?
Julio Ribeiro: Minha experiência pessoal foi impactante, como provavelmente ocorreu com todos os demais gaúchos afetados, uns mais, outros menos. Moro em Canoas, uma das cidades mais atingidas pela enchente e passei em claro a fatídica noite do dia 3 para o dia 4/5/24, assistindo, incrédulo e impotente, à água subir dentro de casa e engolindo tudo: móveis, eletrodomésticos, a  biblioteca, o carro e tudo mais.  Estávamos minha esposa, minha filha, meu filho, eu e uma família de vizinhos que acolhemos. Na manhã seguinte, fomos resgatados de barco e demoramos nove meses para retornar para a nossa casa.
AC: Ao longo dos últimos anos, você tem construído uma sólida carreira como escritor. Fale um pouco dos livros publicados anteriormente.
JR: Eu escrevo desde a adolescência, porém não via ou não compreendia isso como um projeto de vida. Depois, mais maduro, voltei a escrever e foi uma coisa incrível,  como se tivesse encontrado um amor da juventude e percebesse que os sentimentos estavam todos intactos. O meu primeiro romance, Escolhas do amor e do tempo, foi escrito em duas bibliotecas onde eu trabalhava. Era responsável por uma biblioteca enorme em uma escola estadual em Canoas e pela biblioteca municipal de Nova Santa Rita. Eu escrevia pela manhã em uma, salvava num pen drive e continuava à tarde na outra. O livro foi lançado na Feira do Livro de Porto Alegre em 2017 e no Salão Internacional do Livro no Rio no ano seguinte. Atualmente, está presente em mais de 300 cidades, nas cinco regiões do país.
AC: Sei que você atua como professor do ensino médio. De acordo com sua experiência, os estudantes já demonstram apreço suficiente pela literatura ou ainda precisam ser conquistados com iniciativas inovadoras? 
JR: Gostei da tua pergunta, César. Acredito que a literatura está sofrendo com a concorrência que eu diria “desleal” das novas mídias e das redes sociais, onde o constante estímulo a emoções rápidas e curtas, através de imagens, sons e textos de até seis linhas, alimenta o imaginário da juventude. Sou diretor de uma escola pública de ensino médio com quase mil alunos e vejo isso no dia a dia, mas nem por isso os professores e eu desistimos dessa disputa. A biblioteca da escola é a nossa “menina dos olhos” e realizamos saraus, encontros literários e cafés com escritores. As nossas vitórias são constatadas quando os alunos vêm comentar sobre um livro ou outro, mostrar o manuscrito de um conto, mangá ou romance que estão escrevendo.
AC: Uma característica sua como autor é que você gosta de visitar os locais onde a história se passa. No caso de Um trem para Varanasi, não foi diferente. O que poderia nos contar sobre sua experiência na Índia?
JR: Sim, eu gosto de conhecer os lugares de que falo, sou um pouco aventureiro. Fui inspirado pelo Nobel de literatura, o peruano Mário Vargas Llosa. Uma vez li uma entrevista dele falando sobre seu livro A guerra do fim do mundo, que foi inspirado na obra Os sertões, de Euclides da Cunha. Ele ficou muito impressionado com a história de Canudos e resolveu fazer uma imersão naquele cenário. Então, saiu de Nova Iorque onde morava e se embrenhou nos sertões da Bahia e de Sergipe, refazendo os passos de Antônio Conselheiro. Ele relatou que foi a experiência literária mais rica de sua vida, porque, quando falava com os sertanejos sobre a passagem do Conselho por aquelas bandas, os relatos eram tão vívidos que pareciam ocorridos há apenas alguns dias e não há mais de um século. O livro ficou uma obra-prima e o projetou ainda mais no cenário literário mundial. Minha conclusão é a seguinte: se ele, um escritor consagrado, fez isso, por que eu não posso fazer? E assim, comecei a fazer imersões nos meus cenários. No livro Cabeça, corpo e alma, eu estive por dez dias no interior da Amazônia e agora, em Um trem para Varanasi, estive na Índia. E hoje tenho certeza de que a Índia seria indescritível se eu não tivesse ido ver com os meus olhos. A cultura deles é impressionante, riquíssima e única, e o povo é cordial e receptivo. Ao contrário do que parece e dos memes que se espalham pelas redes sociais, lá tudo funciona: o transporte é rápido, os metrôs são mais limpos e organizados do que os de países europeus, e a segurança, que para nós brasileiros é uma preocupação constante, lá não é um problema, enfim foi uma experiência inesquecível, e isso devo à literatura.
AC: Estou sabendo que você vai estar na próxima Bienal do Rio.Como será sua participação?
JR: Minha expectativa para a Bienal do Rio é bem grande, ainda mais agora que a cidade ostenta o título de Capital Mundial do Livro. Vou estar no espaço Leia Mais, onde haverá uma sessão de autógrafos no dia 24/6, das 12 às 14 horas. Gostaria de aproveitar a oportunidade e convidar os amigos cariocas para aparecerem por lá e já levarem o livro com uma dedicatória. Um trem para Varanasi é um livro que deve ser degustado saboreando um café, um vinho e ou uma cerveja à beira da praia. Acredito no meu livro e, principalmente, acredito no amor e na capacidade de cada um de nós de se reinventar para buscar a felicidade.

 Julio Ribeiro na Bienal do Livro Rio 2025

Julio Ribeiro. Foto: Divulgação.

No ano em que o Rio de Janeiro ostenta o título de Capital Mundial do Livro, o autor Julio Ribeiro confirma presença em um dos maiores eventos literários do país. De 13 a 22 de junho, no Riocentro, você vai poder viver a magia da literatura na edição mais grandiosa da Bienal do Livro Rio — e Julio Ribeiro estará lá, ao lado de grandes nomes, com novidades imperdíveis e muita história pra compartilhar.

Serão mais de 200 horas de conteúdo, com mais de 300 participantes, incluindo autores, artistas e criadores de conteúdo.

Visite o Parque Literário, encare o Labirinto de Histórias, suba na Roda-Gigante Leitura nas Alturas — e, claro, venha encontrar Julio Ribeiro para um bate-papo, autógrafo e celebração da leitura!

 

SERVIÇO

BIENAL DO LIVRO – Lançamento de Um trem para Varanasi, de Julio Ribeiro

 

 

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Author

Carioca, licenciado em Letras (Português – Literaturas) pela UFRJ, mestre e doutor em Língua Portuguesa pela mesma instituição, com pós-doutorado em Língua Portuguesa pela USP. Participante de 32 coletâneas literárias. Autor do livro de contos "A angústia e outros presságios funestos" (Prêmio Wander Piroli, UBE-RJ). Professor de oficinas de Escrita Criativa. Revisor de textos. Toda quinta-feira, no ArteCult, publica um conto em sua coluna "CONTO DE QUINTA", que integra o projeto "AC VERSO & PROSA" junto com Ana Lúcia Gosling (crônicas) e Tanussi Cardoso (poemas).

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