

Julio Ribeiro: Minha experiência pessoal foi impactante, como provavelmente ocorreu com todos os demais gaúchos afetados, uns mais, outros menos. Moro em Canoas, uma das cidades mais atingidas pela enchente e passei em claro a fatídica noite do dia 3 para o dia 4/5/24, assistindo, incrédulo e impotente, à água subir dentro de casa e engolindo tudo: móveis, eletrodomésticos, a biblioteca, o carro e tudo mais. Estávamos minha esposa, minha filha, meu filho, eu e uma família de vizinhos que acolhemos. Na manhã seguinte, fomos resgatados de barco e demoramos nove meses para retornar para a nossa casa.
JR: Eu escrevo desde a adolescência, porém não via ou não compreendia isso como um projeto de vida. Depois, mais maduro, voltei a escrever e foi uma coisa incrível, como se tivesse encontrado um amor da juventude e percebesse que os sentimentos estavam todos intactos. O meu primeiro romance, Escolhas do amor e do tempo, foi escrito em duas bibliotecas onde eu trabalhava. Era responsável por uma biblioteca enorme em uma escola estadual em Canoas e pela biblioteca municipal de Nova Santa Rita. Eu escrevia pela manhã em uma, salvava num pen drive e continuava à tarde na outra. O livro foi lançado na Feira do Livro de Porto Alegre em 2017 e no Salão Internacional do Livro no Rio no ano seguinte. Atualmente, está presente em mais de 300 cidades, nas cinco regiões do país.
JR: Gostei da tua pergunta, César. Acredito que a literatura está sofrendo com a concorrência que eu diria “desleal” das novas mídias e das redes sociais, onde o constante estímulo a emoções rápidas e curtas, através de imagens, sons e textos de até seis linhas, alimenta o imaginário da juventude. Sou diretor de uma escola pública de ensino médio com quase mil alunos e vejo isso no dia a dia, mas nem por isso os professores e eu desistimos dessa disputa. A biblioteca da escola é a nossa “menina dos olhos” e realizamos saraus, encontros literários e cafés com escritores. As nossas vitórias são constatadas quando os alunos vêm comentar sobre um livro ou outro, mostrar o manuscrito de um conto, mangá ou romance que estão escrevendo.

JR: Sim, eu gosto de conhecer os lugares de que falo, sou um pouco aventureiro. Fui inspirado pelo Nobel de literatura, o peruano Mário Vargas Llosa. Uma vez li uma entrevista dele falando sobre seu livro A guerra do fim do mundo, que foi inspirado na obra Os sertões, de Euclides da Cunha. Ele ficou muito impressionado com a história de Canudos e resolveu fazer uma imersão naquele cenário. Então, saiu de Nova Iorque onde morava e se embrenhou nos sertões da Bahia e de Sergipe, refazendo os passos de Antônio Conselheiro. Ele relatou que foi a experiência literária mais rica de sua vida, porque, quando falava com os sertanejos sobre a passagem do Conselho por aquelas bandas, os relatos eram tão vívidos que pareciam ocorridos há apenas alguns dias e não há mais de um século. O livro ficou uma obra-prima e o projetou ainda mais no cenário literário mundial. Minha conclusão é a seguinte: se ele, um escritor consagrado, fez isso, por que eu não posso fazer? E assim, comecei a fazer imersões nos meus cenários. No livro Cabeça, corpo e alma, eu estive por dez dias no interior da Amazônia e agora, em Um trem para Varanasi, estive na Índia. E hoje tenho certeza de que a Índia seria indescritível se eu não tivesse ido ver com os meus olhos. A cultura deles é impressionante, riquíssima e única, e o povo é cordial e receptivo. Ao contrário do que parece e dos memes que se espalham pelas redes sociais, lá tudo funciona: o transporte é rápido, os metrôs são mais limpos e organizados do que os de países europeus, e a segurança, que para nós brasileiros é uma preocupação constante, lá não é um problema, enfim foi uma experiência inesquecível, e isso devo à literatura.
- Troféu Literatura Clarice Lispector 2021 recebido pelo romance “Cabeça, corpo e alma”
- Julio Ribeiro durante sua viagem à India
JR: Minha expectativa para a Bienal do Rio é bem grande, ainda mais agora que a cidade ostenta o título de Capital Mundial do Livro. Vou estar no espaço Leia Mais, onde haverá uma sessão de autógrafos no dia 24/6, das 12 às 14 horas. Gostaria de aproveitar a oportunidade e convidar os amigos cariocas para aparecerem por lá e já levarem o livro com uma dedicatória. Um trem para Varanasi é um livro que deve ser degustado saboreando um café, um vinho e ou uma cerveja à beira da praia. Acredito no meu livro e, principalmente, acredito no amor e na capacidade de cada um de nós de se reinventar para buscar a felicidade.
Julio Ribeiro na Bienal do Livro Rio 2025

Julio Ribeiro. Foto: Divulgação.
No ano em que o Rio de Janeiro ostenta o título de Capital Mundial do Livro, o autor Julio Ribeiro confirma presença em um dos maiores eventos literários do país. De 13 a 22 de junho, no Riocentro, você vai poder viver a magia da literatura na edição mais grandiosa da Bienal do Livro Rio — e Julio Ribeiro estará lá, ao lado de grandes nomes, com novidades imperdíveis e muita história pra compartilhar.
Serão mais de 200 horas de conteúdo, com mais de 300 participantes, incluindo autores, artistas e criadores de conteúdo.
Visite o Parque Literário, encare o Labirinto de Histórias, suba na Roda-Gigante Leitura nas Alturas — e, claro, venha encontrar Julio Ribeiro para um bate-papo, autógrafo e celebração da leitura!
SERVIÇO
BIENAL DO LIVRO – Lançamento de Um trem para Varanasi, de Julio Ribeiro
- Onde: Riocentro – Barra Olímpica, RJ
- Quando: 14 a 22 de junho de 2025
- Os ingressos da Bienal já estão à venda!
- Livro “Um Trem para Varanasi” no site da Editora Alcance.
- Obra comercializada diretamente com o Autor e Editora:Contato: escritorjulioribeiro@gmail.comEditora Alcance: rossyr@editoraalcance.com.br
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