“Canções para afastar o medo – Contos e acalantos latino-americanos” : O espetáculo infantil volta ao Rio de Janeiro em projeto gratuito em arenas culturais
Idealizado e concebido pela narradora e atriz peruana-brasileira Rosana Reátegui, com direção de movimento da atriz brasileira Marise Nogueira, “Canções para afastar o medo – Contos e acalantos latino-americanos” vêm, desde 2022, circulando por diversas cidades brasileiras. E em março começa uma nova etapa, em que o espetáculo vai chegar nas arenas culturais da zona norte e oeste: dia 21 – Arena Cultural Chacrinha às 10h e 16h; dia 27 – Arena Cultural Hermeto Pascoal (com apresentação e oficina) às 13h e 17h; dia 28 – Areninha Cultural Herbert Viana às 10h (apresentação em Libras) e dia 29 – Arena Cultural Dicró. A circulação será gratuita e também prevê apresentações fechadas na Associação Beneficente AMAR, em Vila Isabel, dia 22, e na escola municipal Bárbara Ottoni, no Maracanã, dia 20. A montagem é realizada através do Edital Pró-Carioca Linguagens da Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro, dentro da cota para PCDs – em que membros do projeto são portadores de deficiência: Paty Lopes, Diretora de Produção, e Cido Accioly, Produtor Executivo. Estarão presentes na Areninha Cultural Herbert Viana alunos do Instituto Nacional de Educação de Surdos – INES para assistirem à apresentação.
Uma viagem pela América Latina por meio das canções de ninar locais, que ajudam as mães a acalmarem os seus filhos em momentos de temor e insegurança, muito comuns na infância e que são potencializados em um contexto de migração. A partir desta experiência acontece a peça de teatro “Canções para Afastar o Medo – contos e acalantos latino-americanos”, da Qinti Companhia. Mas a circulação especial pelas arenas culturais da periferia carioca traz, também, o contexto de acalantar a vida de quem tem uma rotina de privações sociais.
Segundo Rosana, levar a peça ‘Canções para Afastar o Medo’ para escolas públicas e territórios da periferia do Rio de Janeiro é de grande importância para a companhia, pois atende ao principal objetivo que é o de levar cantigas e histórias para espaços onde as crianças passam por dificuldades, fragilidades e riscos.
– “Onde o medo se apresenta de forma constante pelas carências e vulnerabilidades. Na nossa caminhada artística constatamos que as cantigas são esperança cantada, são melodias maternas feitas de formas simples para proteger e acalentar. O medo vai embora porque um canto de mãe é entoado para oferecer esperança. E para nós da Qinti isso é fazer arte latinoamericana. Oferecer nas linguagens artísticas nossas potências originárias: nossos cantos, lendas, línguas e naturezas para reconhecer e valorizar nossas fortalezas, saber que mesmo com todas as dificuldades, o perigo não durará muito. E o medo pode acabar com um canto originário, um acalanto da terra. No espetáculo trazemos cinco cantos em línguas indígenas para também apresentar e valorizar o grande continente que nos acolhe. Nossa Companhia se chama Qinti que quer dizer Beija-flor na língua quechua, a língua das montanhas andinas. Beija-flor é mensageiro, ele sempre trará esperança aonde chegar”, explica Rosana.
SOBRE O ESPETÁCULO
O texto é resultado da pesquisa sobre a tradição oral dos povos originários latino-americanos realizada por Rosana Reátegui. Na peça são apresentadas quatro histórias de mães de diferentes territórios da América Latina. Na tentativa de afastar os medos e perigos que cercam seus filhos, elas entoam canções de ninar em suas línguas de origem. As músicas são cantadas e tocadas ao vivo por Natalia Sarante, que também assina os arranjos: “Takuari porá”, em guarani; “Gumayta puñen may”, em mapuche; “Punulla waway”, em quechua; “Duerme negrito”, da tradição oral hispânica; e “Macochi pitentzin”, em nahuatl.
A viagem começa numa vila chilena, na Terra do Fogo, onde uma criança com medo chora porque raposas rondam a sua casa. O que pode fazer a mãe para acalmá-la? Seguindo as cordilheiras do Andes, rochas ecoam o canto de uma mãe para sua filha doente, numa cantiga que se repete durante toda a noite para evanescer a dor. Longe dali um outro canto ressoa nas areias das Antilhas: um bebê só quer dormir quando a mãe voltar do trabalho. E, por fim, chegamos ao México, onde mãe e filha cantam para se reencontrarem.
O cenário dessa viagem é criado pelas artistas no decorrer das histórias. Feito de oito metros de juta – tecido oriundo de uma planta indiana, cultivada no Brasil e outros países da América Latina. Versátil, a juta se transforma numa grande cordilheira, se desdobrando em montanhas com cavernas, num enorme rio e em caminhos íngremes percorridos pelos personagens confeccionados em lã por Rosana.
A peça recebeu sete indicações no 7º Prêmio CBTIJ de Teatro para Crianças 2022: melhor espetáculo, texto adaptado, cenário, figurino, formas animadas, atriz (para Rosana Reátegui) e música adaptada/trilha sonora (para Natalia Sarante) – tendo levado o troféu nas duas últimas categorias. No Festival de Teatro de Pindamonhangaba 46°FESTE recebeu o Prêmio Especial pela Pesquisa em Cultura Latina para Crianças.
- Natalia Sarante
- Rosana Reátegui
A trama, um projeto cênico da Qinti Companhia, traz um universo de texturas, palavras e melodias da mãe terra para falar da imensa e potente América Latina. A história começa no sul do continente, numa vila chilena, na Terra do Fogo, onde uma criança com medo chora, com medo das raposas que rondam a casa. Seguindo as cordilheiras, nas terras altas andinas, rochas ecoam o canto de uma mãe para sua filha doente, uma cantiga que se repete durante toda a noite para desvanecer a dor. Longe dali, num outro canto, ressoa nas areias das Antilhas um bebê que só quer dormir quando a mãe voltar do trabalho. Indo além, uma montanha de juta abre um novo caminho até o México, onde mãe e filha, para se encontrar, cantam cantigas de ninar na linguagem dos povos indígenas, em Tupi e Guarani.
Em uma interação com o público, as artistas começam a contação de histórias caminhando entre a plateia como andarilhas a procura de um lugar onde as pessoas falem palavras em guarani. Depois desse encontro esperado, elas apresentam a história da juta como tecido migrante que veio da Índia para renascer no Brasil. E, abrindo um grande tecido, convidam a todos para uma viagem pelo continente latino-americano.
Confira alguns trechos do espetáculo
A obra recebeu sete indicações para o Prêmio CBTIJ de Teatro Infantil, ganhando dois deles, Melhor Atriz para Rosana Reátegui e Melhor Trilha Sonora para a cantora e musicista uruguaia Natalia Sarante, que assina a parte musical e atua juntamente com Rosana:
“É um trabalho feito com muita dedicação e carinho. Colocamos muitas temáticas latino-americanas que transcendem as linguagens e conectam todo mundo, no ponto de vista humano, sobre infância e maternidade”, comemora.
OFICINAS
Sobre a oficina on-line de Introdução à Acessibilidade para PCD e Neurodivergentes
Além das apresentações, o projeto contará com a oficina on-line de Introdução à Acessibilidade para PcD e neurodivergentes, com a consultora de Acessibilidade e Inclusão Chris Muñoz, dia 18 de março, às 20h. O público-alvo é direcionado à professores da rede pública de ensino, mas a oficina é aberta a simpatizantes da questão neuroatípica.
Cris Muñoz é atriz, palhaça, escritora, palestrante e consultora de acessibilidade. Faz seu pós-doutorado em Artes Cênicas, na UNIRIO, com pesquisa sobre cuidados artísticos para pessoas neurodivergentes em situação de vulnerabilidade. Tem formação em Direitos Humanos com ênfase em direitos culturais das pessoas com deficiência e pós-graduação em Educação. É integrante de Palhaços Sem Fronteiras-Brasil, representante brasileira da IIAN ( International Inclusive Arts Network) e professora do IIP (Instituto Internacional de Psicanálise). Cris Muñoz é uma mulher com tripla excepcionalidade: autista de nível 1 de suporte, TDAH e altas habilidades/superdotação; é mãe de uma adolescente também autista, de nível 2 de suporte e não oralizada.
Interessados devem acessar o instagram @qinticompanhia
Oficina presencial e interativa com a Qinti Companhia
Dia 27 de março a partir das 13h na Lona Cultural Hermeto Pascoal
A Cia oferecerá a oficina “Soy loca por tí, América”, uma aula – espetáculo para professores e público em geral interessado no repertório literário e musical de América Latina. Natalia Sarante e Rosana Reátegui, artistas pesquisadoras das expressões populares latinoamericanas oferecem um encontro em formato de aula – espetáculo para todas as idades. Serão apresentadas histórias músicas, poesias e receitas de alguns dos países da América hispanofalante com dinâmicas lúdicas onde os participantes poderão conhecer e praticar os cantos, conhecer as poesias e histórias tradicionais dos povos que habitam este continente e experimentar algumas delícias de culinária típica. O objetivo é num encontro de 2 horas trazer para o público brasileiro elementos culturais dessa “outra” América que às vezes é pouco conhecida, de uma forma interativa, participativa, lúdica, sensorial e divertida. No final da oficina entregaremos aos participantes material com informações e citações bibliográficas.
Interessados devem acessar o instagram @qinticompanhia
FICHA TÉCNICA
- Concepção e Dramaturgia: Rosana Reátegui
- Direção: Rosana Reátegui
- Direção de Movimento e Formas Animadas: Marise Nogueira
- Produção: A4 Filmes
- Artistas em cena: Rosana Reátegui e Natalia Sarante
- Cantos e Arranjos Musicais: Natalia Sarante
- Figurino: Francisco Leite
- Costureira: Maria Brandão
- Iluminação: Thiago Monte
- Operação de luz e Montagem: Renato Marques
- Cenário: Renato Marques e Rosana Reátegui
- Bonecos de lã: Rosana Reátegui
- Direção de Produção: Paty Lopes
- Oficineira: Cris Muñoz
- Arte, projeto de mídia, fotos e vídeos: Rodrigo Menezes
- Tradutora de libras: Thamires Ferreira
- Coordenação Pedagógica: Marcia Renault
- Produtor Executivo: Cido Accioly
- Assessoria de Imprensa: Alexandre Aquino e Cláudia Tisato
SERVIÇO
Espetáculo: “Canções para afastar o medo – Contos e Acalantos Latino-Americanos”
Duração: 50 min
Classificação: Livre (acima de 4 anos)
Entrada Gratuita
Datas, locais e horários:
– 20/03- Escola Municipal Bárbara Ottoni às 10h
Rua Senador Furtado, 94 – Maracanã (fechada para estudantes)
– 21/03- Arena Cultural Chacrinha às 10h e 15h
Rua Soldado Eliseu Hipólito, 138 -Guaratiba
– 22/03- Associação Beneficente AMAR – apresentação fechada – 11h
Parque Paulista em Duque de Caxias
– 27/03- Arena Cultural Hermeto Pascoal
Apresentação e oficina às 09h e 13h
Praça Primeiro de Maio, S/N, Bangu.
– 28/3 Areninha Cultural Herbert Viana às 10h
*apresentação em Libras
Evanildo Alves, s/nº – Maré
– 29/3- Arena Cultural Dicró às 10h
Parque Ari Barroso – Entrada pela, R. Flora Lôbo, s/n – Penha Circular
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