com César Manzolillo
CELESTE
Como fazia todos os dias, naquela terça-feira de outono, por volta das 5 da tarde, Celeste postou-se diante da porta da sala à espera de Antônio. Mas ele não veio. Nem na quarta, nem na quinta, nem na sexta. E Celeste ainda ali, desassossegada e tristonha, esperando, esperando, esperando… Sábado de manhã, incerteza provocada pela ausência de informações atazanando, Emília resolveu ir pessoalmente à casa do sobrinho-neto. Ele não tinha mais ninguém nesse mundo e jamais havia ficado tanto tempo sem dar notícias. Com as forças que ainda lhe restavam e muita disposição, a senhora vasculhou tudo: quarto, sala, cozinha, banheiro e quintal, cada buraco e cantinho. Conversou com os vizinhos da direita e da esquerda, com Vicente, o dono do bar ao lado e com Margarida, que, sem um teto que a abrigue, há anos perambula desorientada pelas cercanias. Ninguém sabia de nada.
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O verão apenas começou. As luzes, os enfeites e as árvores decoradas lembram que o Natal se aproxima. Antônio segue desaparecido, e Celeste continua no abrigo. Treze anos é uma idade avançada para um cão. Vai ser difícil encontrar alguém disposto a adotá-la.
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O cão ainda podia viver mais para alegria de Celeste, é um momento difícil da vida.