É TEMPO DE ELEIÇÃO JÁ ESCOLHEU SEU VEREADOR?
E O NOVO PREFEITO DO RIO?
Luis Turiba*
A Democracia bate outra vez à nossa porta, sapeca como sempre, pedindo licença para renovar-se, respirar fundo e seguir seus destinos. E desta vez, Dona Democracia, pelo que estamos vendo e sentindo, apresenta-se à sociedade brasileira, chamuscada de cinzas, fumaças poluentes e labaredas provocadas pela face incendiária da crise climática.
Em certa ocasião, fiz um poema de camiseta com os dizeres: “O pior cego, é aquele que não quer VERDE.” Esse haicai leminskiano chegou, inclusive, a fazer parte da campanha da então senadora Marina Silva à Presidência da República pelo Partido Verde.
Agora, a Natureza pede SOCORRO mais uma vez à Democracia. E ela, generosa, resistente e resiliente, se coloca à disposição para, mais uma vez, reinar neste mar revolto de contradições e paradoxos.
Sabemos que a “alma pulsante” de toda Democracia real e verdadeira, são suas escolhas feitas por intermédio de debates, programas, promessas sérias, outras vãs e vazias, mas pincipalmente a participação dos eleitores e suas escolhas: é o cidadão-eleitor que escolhe seus representantes, com regras que são aperfeiçoadas a cada novo pleito.
A conquista de uma plena Democracia é um processo construtivo longo e contínuo. O estadista inglês Winston Churchill cunhou uma frase que revelou a imperfeição perfeita das Democracias no mundo.
“Ninguém pretender que a Democracia seja perfeita ou sem defeito. Tem-se dito que a Democracia é a pior forma de governo, salvo todas as demais formas que têm sido experimentadas de tempos em tempos.”
No Brasil, a construção da democracia foi interrompida em vários momentos como no Estado Novo (1937-1945) e pela Ditadura Militar que durou 21 anos (1964-1985). Mas de promessas em promessas, de tropeços, pernadas e cambalhotas, chegamos novamente às vésperas da grande festa democrática: as eleições de 2024. O povo vai eleger, via votos e urnas seguras, as melhores propostas que deverão ser respeitadas e postas em prática em nome da Constituição Brasileira.
As eleições municipais brasileiras ocorrerão no próximo dia 6 de outubro, com segundo turno marcado para o dia 27 de outubro, se necessário for. Os eleitores escolherão os prefeitos, vice-prefeitos e vereadores dos 5.569 municípios do País.
A Democracia é uma senhora que pede respeito. Pode ser cruel, e nem sempre justa. Uma senhora dura na queda que não perdoa preguiçosos, corruptos e falsos; nem enganadores de eleitores que passam-se por “salvadores da pátria”; além daqueles políticos que mijam para trás no penico alheio.
Outra coisa: ela adora surpresas, pois é uma Deusa de milhões de olhos, bocas, falares e fazeres. Seu Raio X é sempre o mais lógico e transparente, o mais preciso e aquele que traduz a voz do povo, suas escolhas e decisões. Portanto, respeite.
DEMOCRACIA NO RIO
Mas a Democracia é, acima de tudo, uma festa barulhenta e ruidosa, alegre e repleta de estratégias.
Tenho andado por aí conhecendo candidatos e candidatas, especialmente aqueles que desejam assumir uma cadeira na Câmara dos Vereadores e melhorar a vida do carioca. Para a Prefeitura, tendo a votar no Eduardo Paes por tudo o que ele fez ao longo do seu mandato, embora pense que ele poderia fazer mais pela pacificação da sociedade carioca.
Outro dia fui ao lançamento de um candidato jovem, ligado ao mundo da Comunicação, e gostei muito do que vi, ouvi e senti. Primeiro, porque ele assumiu como seu segundo nome ser um sujeito “do Livro”. Falo do Pedro do Livro, do SOLIDARIEDADE (77), que faz parte da coligação na chapa do Prefeito Eduardo Paes, candidato a reeleição. É um excelente candidato.
A festa foi no espaço térreo da antiga Gafieira Estudantina, na Praça Tiradentes, um lugar cheio de belas histórias e tradições da boemia carioca dos tempos da histórica Orquestra Tabajara, onde centenas de casais riscavam o chão de tacos de madeira, das 22 horas até o amanhecer.
Foi muito bom ter encontrado com um amigo dos meus tempos da Mangueira, quando eu desfilava pela escola, e Carlinhos de Jesus era o coreógrafo da sua Comissão de Frente, sempre tirando nota 10 por seus bailados encantadores.
Fui levado lá por outro amigo: o advogado Danilo Firmino, outro mangueirense histórico, compositor do enredo inesquecível de Marielle, que venceu o carnaval de 2022.
Pedro pertenceu a Secretaria de Cultura Criativa do Estado do Rio de Janeiro e resolveu largar tudo para dedicar-se à militância cultural, fundando a Casa Amarela de Cultura, no subúrbio carioca. A casa se transformou numa biblioteca que recebe diariamente dezenas e centenas de jovens. Pedro, por sua vez, incorporou ao seu nome de campanha o “do Livro”. Ele tem plena consciência das responsabilidades de carregar livros no seu sobrenome. Mas topou a parada.
Antes de conhecer “Pedro do Livro”, tive boas conversas com outro candidato jovem, também ligado ao setor das Comunicações: o radialista da EBC, Leonel Querino, que se assumiu como “De Esquerda”, candidato pelo PT (13012).
Ligado a Cultura Suburbana Carioca, Leonel de Esquerda montou seu pequeno exército e foi a campo mostrar aos eleitores suas propostas.
Recentemente, fazendo campanha pela Tijuca, Leonel topou com a trupe do deputado estadual e candidato à Prefeitura pelo União Brasil, Rodrigo Amorim. Bastou ele apontar seu celular para o candidato da direita, que foi cercado, agredido e jogado ao chão, recebendo socos e um pontapé no rosto e passou dois dias hospitalizado no Glória D’Or, com fraturas no nariz e na boca.
O caso foi parar na delegacia e ambos – Leonel de Esquerda e Rodrigo Amorim – abriram queixas crimes e prometem levar os processos às últimas consequências.
Outro candidato a vereador com quem tive contato, mas pela internet, foi o também jovem, também comunicador, Emanuel Alencar (50.100), filho do deputado federal Chico Alencar. Emanuel tem feito inúmeros debates com comunidades, escolas e grupos de jovens, abordando sempre temas desses tempos pós-modernos, como a Crise Climática e suas consequências na vida de todos nós.
Seu último boletim na internet foi exatamente sobre as queimadas que estão assustando populações e dirigentes do Brasil Central. Disse ele:
“A emergência do clima nunca foi tão evidente. Colocar o meio ambiente no foco da política pública municipal é urgente.
Esse é o nosso compromisso. Nossa biodiversidade clama por ajuda.”
Enfim, são muitos outros candidatos e candidatas que merecerão nossos votos – o meu, o seu e os de todos os brasileiros.
Até a ex-senadora Heloísa Helena resolveu trocar seus eleitores alagoanos(as) pelos votos dos cariocas. Ela tem feito campanha diariamente na entrada da Estação do Metrô no bairro da Glória.
Temos também o historiador e militante pelos direitos trabalhistas Gilberto Palmares (PT -13.455), que foi autor de mais de cem leis, em seu mandato como deputado estadual. Outra candidata que também tem sido falada por pessoas ligadas a cultura, é Luciana Boiteux (PSOL- 50180). Não conheci os dois pessoalmente, mas não faltará oportunidade.
Mais que tudo o importante é celebrarmos a Democracia, conquista coletiva e libertária. Um brinde!
(Revisão: Rose Araujo – @rose_araujo_poeta)
LUIS TURIBA
*Luís Turiba é jornalista aposentado, poeta com 3 livros editados pela 7 Letras do RJ, e outros 8 livros no campo da poesia independente e/ou marginal.É editor da revista anual de invenções poéticas Bric a Brac, criada em Brasília, em 1985. A Bric a Brac 8, última edição, saiu em 2022, uma celebração ao centenário da Semana de Arte Moderna de 1922 e ainda pode ser encontrada nas melhores livrarias de Ramos.
Muito legal fazer parte do grupo de escritores e comentaristas do ArtCult.
É um espaço variado, onde leio textos caprichado em firma de artigos, crônicas, poemas e notícias culturais.
Parabéns a equipe que edita sempre com capricho e atenção.
Tenho orgulho de fazer parte desta equipe
Luis Turiba
Poeta, escritor e jornalista
Gostaria de registrar minha satisfação de ter colunistas tão especiais, como por exemplo Luis Turiba, em nossa equipe de colaboradores. Valeu Turiba!
Muito bem-vindo o artigo do nosso Turiba sobre as eleições e, principalmente, sobre o nosso legítimo direito de votar. Por favor, não entrem na onda que diz que não gosto de política, não entendo de política, não sou uma pessoa política, pois até o ar que respiramos é uma “entidade” política, já que a poluição, as queimadas, as secas podem ser provocadas pelo homem e matar; portanto, tudo é algo político, até se dizer apolitico. E é bom lembrar que se eu não votar, alguém votará por mim, e não necessariamente comigo. Portanto, em boa hora, o artigo vocativo do Turiba, sempre poético e enfático. Parabéns!
Muito boa a celebração de eleições como uma festa nas democracias, com transparência, respeito às regras e pluralidade e diversidade de candidaturas! Salve o poetaTuriba! São mesmo momentos vibrantes para além dos outros, cotidianos, de luta diária para sustentar e expandir processos, relações e formas democráticas! Nós, de Brasília, ficamos acompanhado vocês e torcendo para que sejam eleitas pessoas íntegras e comprometidas com a democracia e cidadania para todas, todos e todes!