Dingo-dingo apresenta uma viagem, em vários locais de São Paulo, pela tradição dos povos Kongo

Foto: Will Clicks

Programação conta com 20 apresentações nos CEUs de São Paulo entre os dias 6 e 23 de agosto.

A rica tradição das populações de Bantu Kongo, formada por um conjunto de povos que habitavam a África Central nas regiões que hoje compreendem Angola, Congo, Gabão e Cabinda, será celebrada em São Paulo com a temporada de apresentações da contação de histórias Dingo-Dingo. Entre os dias 6 e 23 de agosto, a cidade receberá 20 apresentações que ocorrerão nos Centros Educacionais Unificados (CEUs), bibliotecas e escolas.

Com mais de 16 anos de estudo nas culturas Bantu, a idealizadora do projeto, Rose Mara Kielela, viveu durante mais de dois anos em Angola, onde teve um contato profundo com os costumes desta civilização. Foi dessa experiência que surgiu a inspiração para criar o projeto Kindezi, cujo nome é inspirado na arte Kongo de cuidar das crianças, “ascendendo sóis”.

As inquietações despertadas pela proximidade com a cultura desses povos e a percepção de que pouco se fala sobre o tema nos ambientes educacionais do Brasil levaram Rose a destacar um problema significativo. Apesar de cerca de 75% das pessoas africanas escravizadas no país terem vindo de áreas Bantu e de uma porcentagem considerável da população brasileira se declarar preta, há uma percepção de apagamento dos dados culturais e históricos de uma etnia historicamente presente no país.

Dingo-Dingo explora a Dikenga Dia Kongo, o ciclo da vida presente no cosmograma bakongo, abordando o conhecimento dos povos bantu sobre os ciclos da existência. É o entrelaço de mitos dos povos Ambundu e Kongo, processos históricos da diáspora africana, relações sociais contemporâneas e a etnomatemática dos povos Chockwe. Essa temporada de 45 dias promete enriquecer a programação artística de São Paulo, celebrando a diversidade e a riqueza da herança cultural africana.

A performance oferece uma experiência imersiva, mesclando tecnologias audiovisuais contemporâneas com elementos de tradições ancestrais africanas, incluindo canto, percussão e dança. Sob a direção de Rose Mara Kielela, que também assina o roteiro, a produção tem na atuação Palomaris Mathias, Dandara Pilar e a própria Rose Mara, além de uma equipe técnica especializada em direção musical, figurino, preparação corporal e vocal, e consultoria em culturas, filosofias e línguas Bantu.

A iniciativa coloca em prática a Lei 10.639, que garante o ensino da história e cultura afro-brasileira e africana nas escolas, proporcionando às crianças uma compreensão profunda e respeitosa das contribuições culturais africanas. Ao compartilhar os traços distintivos da cultura Bantu, estamos não apenas celebrando a riqueza de uma herança marginalizada, mas também reparando a narrativa histórica que negligenciou seus conhecimentos profundos e significativos, pontua Rose.

O projeto Kindezi, uma iniciativa inovadora de arte e educação, fundamentada na filosofia Kindezi, a arte Kongo de cuidar das crianças, como relatada e trazida ao Ocidente por K.K. Bunseki Fu Kiau. A abordagem educativa e artística visa trazer uma nova perspectiva sobre arte, educação e cultura, enfatizando a importância de pensar de forma reticular, um princípio central da cultura Bantu.

O Kindezi não apenas apresenta uma visão única da arte e da educação, mas também busca corrigir uma injustiça histórica. Embora existam leis que exigem o ensino da história e cultura africana nas escolas brasileiras, muitas instituições ainda não abordam de forma abrangente os diversos lados dessa história. Portanto, o Kindezi surge como uma resposta a essa lacuna, trazendo ao debate o conhecimento rico e profundo da cultura Bantu, que tem sido historicamente marginalizado, esclarece a idealizadora do projeto.

Foto: Will Clicks

As apresentações do projeto Kindezi são realizadas em Centros Educacionais Unificados (CEUs) e estão abertas ao público, assim como a biblioteca do projeto. Todas as apresentações são gratuitas e qualquer pessoa interessada pode participar, bastando comparecer no horário indicado. O intuito do projeto é despertar a consciência sobre a riqueza cultural Bantu e promover uma educação mais inclusiva e diversificada, que reconheça e valorize as contribuições históricas e culturais de uma etnia fundamental para a formação da identidade brasileira.

 

Agenda contação Dingo-Dingo:

06/08 – Ter – CEU Jardim Paulistano – 10h e 14h
07/08 – Qua – Biblioteca Hans – 11h e 14h
09/08 – Sex – CEU Cidade Dutra – 10h e 14h
13/08 – Ter – Biblioteca Affonso Taunay – 10h e 14h
14/08 – Qua – EMEI Antonieta de Barros – 10h e 15h30
15/08 – Qui – EMEI Pedro Toledo – 9h30 e 14h30
19/08 – Seg – CEU Taipas – 10h e 14h
20/08 – Ter – EMEI Jardim da Conquista – 10h e 14h
21/08 – Qua – CEU Formosa – 10h e 14h
23/08 – Sex – EMEI Santos Dumont – 10h e 14h

Ficha técnica:

● Consultoria sobre História, Língua e Cultura de Povos Bantu: Dr. Abreu Paxe
● Direção Geral: Rose Mara Kielela
● História: Rose Mara Kielela
● Direção Musical: Lívia Golden
● Artistas: Dandara Pilar Ferreira, Palomaris Mathias e Rose Mara Kielela
● VJ: Denis Kageyama
● Desenho e Animação: José da Silva
● Figurino: Abmael Henrique
● Produção: Dayla Suênia

 

 

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