É comum associarmos crimes violentos a pessoas violentas, de aspecto sujo e aparência questionável. Contradizendo os rótulos estipulados para qualquer criminoso ou assassino dos anos de 1971, surge a mais nova produção de Augustin Almodovar, sob a direção de Luis Ortega: El Angel. Baseado em fatos reais, porém questionado sobre onde começa a obra-prima de uma produção cinematográfica e até que ponto se assemelha à realidade da história de Carlos Robledo Puch, criminoso preso há mais de 45 anos após ser condenado por 11 assassinatos, 17 assaltos e 2 estupros. Carlos é considerado o maior Serial Killer da Argentina.
Reproduzindo Buenos Aires dos anos 70, o filme é composto por uma fotografia amarelada e magnífica, que intensificam o aspecto retrô que o filme exige. Ao som do Rock and Roll Argentino, Carlitos é apresentado como um adolescente intenso, com síndrome de superioridade, além de ter uma constante curiosidade em desbravar seus próprios limites, sem que apresente empatia ou remorso.
O protagonista apresenta um papel desafiador, que é realizado com perfeição pelo iniciante Lorenzo Ferro, concluindo com exatidão cada cena.
Utilizando-se de pequenos furtos e assaltos a casas vazias, aparenta reforçar seu desejo por grandiosidade/superioridade. Vindo de uma origem humilde, com pai trabalhador e uma mãe amorosa, Carlitos sabe utilizar as palavras para não levantar dúvidas de sua inocência adolescente, mesmo escondendo uma personalidade calculistas, fria e egocêntrica.
Ao ingressar no novo colégio Carlitos é atraído por Ramón, personagem de Chino Darín, do qual o jovem faz de tudo para chamar sua atenção, iniciando até mesmo uma briga com ele, para forçar uma aproximação. Carlitos não só consegue conquistar amizade de Ramón, como também começa a fazer parte da família do jovem. José (Daniel Fanego), pai de Ramón enxerga em Carlitos uma espécie de ‘galinha dos ovos de ouro’, utilizando sua capacidade de invadir lugares para realizar grandes roubos.
A amizade de Ramón e Carlitos aparenta ir além de invasões e assaltos: enquanto Ramón sacia sua ganância ao realizar os assaltos, Carlitos busca apreciar cada um como uma exaltação à sua genialidade e amentando sua sensação de poder. Os crimes se intensificam, assim como a afetividade de Carlitos por Ramón. O filme deixa algumas lacunas, mesmo que algumas cenas denotem um subentendimento de um possível relacionamento sexual e entre os dois.
Confira o Trailer
Com seus cachos dourados, rosto angelical e uma habilidade criminosa que transita entre o egocentrismo de uma criança mimada e a maldade de um psicopata, o filme O Anjo é realmente uma obra-prima em sons, cores e formas.
MAYARA MARIA
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