Boi de lágrimas: Uma história fragmentada

Boi de lágrimas, filme do diretor e produtor brasileiro, Frederico Machado, mostra de forma fragmentada e surrealista uma mistura de expressões, mas também uma história em que sentimos que deveria ter mais.

A narrativa é ao redor da periferia de São Luís, no Maranhão, onde a filha de um humilde tocador de pandeiro decide participar das manifestações políticas que estavam acontecendo na época na cidade. Em contra partida, mostra também a história de um amigo próximo deles que começa a ter pensamentos sombrios e obscuros a respeito de ambos, logo após descobrir sobre a gravidez da própria esposa.

O filme é uma mistura de acontecimentos, no final o espectador precisa juntar os pedaços para, no fim, conseguir enxergar uma história. E ainda assim, o filme nos parece incompleto.

A história é dividida em fragmentos que são feitos a partir de cortes rápidos e brutos que se misturam a uma música que caracteriza a cena. Exemplo: um instrumento sendo tocado aparece, rapidamente a imagem é interrompida e uma cena totalmente diferente é apresentada, a cena é cortada e o instrumento reaparece, depois outra cena é apresentada, e assim sucessivamente. Essa escala de acontecimentos aparece demasiadamente no decorrer do filme, logo mesmo sendo algo interessante, pode se tornar confuso para o espectador.r.

A primeira cena diz muito sobre o filme e sobre a história que ele aborda: São várias formigas trabalhando. Mas logo se sobrepõe com figuras de seres humanos cansados, com expressões fortes, uma comparação muito bem pensada para a nossa sociedade. No início da trama, você já fica um pouco confuso se não pensar direito e ao decorrer do enredo muitas informações são despejadas, o que implica ao espectador que é preciso ter calma para interpretá-las.

A temática do filme é muito boa. As questões que ele deseja abordar e até mesmo alguns diálogos causam um grande impacto, porém a narrativa acaba querendo dizer muita coisa e no fim parece não dizer quase nada. Porém, a grande jogada do filme é a emoção. Os artistas retratam os dramas dos personagem de uma maneira emocionante e é por esse meio que se comunicam, pela expressão, pelo sentimento que é traduzido em seus gestos. Isto faz com que o espectador preste bastante atenção no que o personagem deseja expressar.

O longa tem uma ligação direta com o Surrealismo. Por este motivo, todo o contexto precisa ser analisado, principalmente o visual, onde as cores dizem muito sobre o que está acontecendo na cena, tons de vermelho e muita vezes as imagens são tão escuras que quase não vemos o que está acontecendo, criando uma atmosfera sombria.

O filme Boi de Lágrimas é muito bem feito, possui uma carga artística muito bela, sem contar também nos temas políticos que são postos às vezes de forma indireta, como por exemplo em uma cena na qual há uma televisão ligada notícias sobre política, mas também de forma direta com frases e as ações dos personagens.

Entretanto, você sempre sente que falta algo. Sem contar que se a história fosse mais explicativa e os personagens fossem mais bem construídos, a obra estaria completa.

 

CONFIRA O TRAILER DO FILME:

 

 

 

 

Sinopse

BOI DE LÁGRIMAS é uma crônica psicológica dos novos tempos, sobre uma família envolvida com cultura popular, nos dias das manifestações políticas no Brasil. Com referências de David Lynch, Glauber Rocha e Sergei Eisenstein, o filme faz parte do projeto FILME POLÍTICO que envolve os diretores Frederico Machado, Cristiano Burlan, Dellani Lima e Taciano Valério.

Ficha técnica

Direção, Produção, Fotografia, Roteiro: Frederico Machado
Produção Executiva: Mônica Mello
Montagem e Desenho de Som: André Garros e Daniel Costa
Elenco: Auro Juriciê, Hilther Frazão, Rosa Ewerton Jara, Guilherme Verde e Júlia Martins
Distribuição: Lume Filmes
Duração: 55 minutos
Ano: 2018
Classificação: 14 anos

Sobre o diretor Frederico Machado

Diretor, distribuidor e exibidor nascido em São Luís, Maranhão. Em 2000 fundou a produtora Lume Filmes, que já produziu mais de 40 filmes, entre curtas, longas, telefilmes e séries.. Em 2006, a Lume Filmes se transformou em distribuidora, lançando mais de uma centena de filmes autorais e independentes no Brasil no mercado de home-vídeo. A partir de 2011, passou a distribuir também para o cinema. É diretor e proprietário dodo Cine Lume e da Cinemateca Lume, além de idealizador do Festival Internacional Lume de Cinema. Foi membro do Comitê Gestor da Ancine. Sua primeira experiência na direção de filmes foi com o curta-metragem Litania da velha(1997). O primeiro longa-metragem foi O exercício do caos (2013), seguindo O Signo das Tetas (2015) e Lamparina da Aurora (2017). Boi de Lágrimas (2019) é o seu quarto longa-metragem. Como realizador, já ganhou mais de 100 prêmios internacionais.

 

Muitos filmes e abraços 😉

Até a próxima!

LARISSA VALE – CABINE SETE

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