KNOTFEST: Confira A Entrevista Exclusiva Com A Banda PAPANGU

Foto: Divulgação

KNOTFEST Brasil, festival que reúne os maiores nomes do heavy metal ao redor do mundo, anuncia o aguardado line-up de sua segunda edição no país, com 21 bandas internacionais e nacionais. Slipknot será a atração principal das duas noites e fará um show único em cada dia: Na primeira noite (19), o Slipknot fará um show que percorrerá os seus 25 anos de carreira. O segundo dia do evento (20) será marcado por um verdadeiro acontecimento: a banda tocará na íntegra o seu álbum de estreia, Slipknot (1999), com direito ao figurino e máscaras usados na época do seu lançamento. Se apresentam também no sábado (19)Mudvayne; Amon Amarth; Meshuggah; DragonForce; Orbit Culture; Ratos de Porão; Krisiun; Project46; Eminence e Kryour.

No line-up de domingo (20), estão: Bad Omens, Till Lindemann; Babymetal; P.O.D.; Poppy; Black Pantera; Ego Kill Talent; Korzus; Papangu e The Mönic com Eskröta. Em uma em uma realização da 30e em parceria com a 5B Artists Management, KNOTFEST Brasil acontece no Allianz Parque, em São Paulo. Os ingressos estão disponíveis no site da Eventim.

Conversamos com a banda Papangu sobre a participação no festival, os futuros trabalhos e muito mais. Confira abaixo:

1. A princípio era para ser uma banda de Stoner Rock/Metal, Doom Metal, Sludge Metal quer dizer que temos o nosso Queens of the stone age de João Pessoa? Conta essa história para nós

Hector Ruslan: No começo era esse tipo de sonoridade, mais voltada para o Stoner e Doom. A gente começou tocando covers, só para se conhecer e se divertir. Mas aí depois, quando a gente começou a fazer as primeiras músicas, a coisa mudou bastante. Ainda tem essa influência muito forte, mas outros elementos foram se acrescendo também. A gente começou, inclusive, eu acho que um dos primeiros ensaios que a gente fez, né? Quando a banda era um trio ainda, formado por Marco, eu e Nicholas, que era o batera, Marco no baixo, eu na guitarra e voz. Eu acho que em um dos primeiros ensaios que a gente fez, a gente tocou alguma música do Queens Of The Stone Age também. Eu lembro que a gente tocou em show também.

Mas no início da banda, com certeza, foi uma boa influência. Eu acho muito massa a abordagem que o Josh Homme tem, assim, da guitarra e da forma como as músicas. Ele gosta de colocar uns tempos estranhos também, uns riffs com nota dissonante.

 

Raí Accioly: E isso você consegue encontrar na Papago também. É, eu acho que em Holoceno você consegue encontrar ainda um pouco desse DNA em algumas das faixas. E uma das bandas que, agora sim, uma banda que efetivamente, mais do que o Queens of Satan Age hoje, tanto no Holoceno quanto no disco novo, que eu acho que continua influenciando bastante a banda, é o Kyuss, que é a banda antes do Queens of Satan Age, que o Josh Holmes tinha antes do Queens Of The Stone Age.

2. Como vocês caíram para o progressivo? Influências que estavam ouvindo na época? 

Raí Accioly: Eu acho que, assim, a entrada do progressivo, ela foi, assim, recebida entre todos com uma certa facilidade, porque apesar de, na época, pelo menos quando eu entrei na PAPANGU, eu não escutar tanto o rock progressivo, já era uma coisa que permeava o som que eu ouvia, e o prog-head da banda é Marco, né? Foi ele que trouxe toda essa influência, e a gente acabou abraçando, tipo, assim… Não vamos dizer por um acaso, mas, assim, por obra divina, talvez, a gente abraçou as ideias e acabou crescendo, né? Hoje eu escuto prog praticamente todo dia, uma coisa que não acontecia antes de eu entrar na PAPANGU.

Hector Ruslan: É, eu acho que Marco foi o pontapé inicial, assim, para trazer esses elementos do progressivo muito fortes. Ele é muito fã, particularmente, de uma banda que se chama Magma. Essa banda é francesa, e eles têm um tipo de prog muito torto, assim, muito quebrado e bem particular, que tem uma denominação chamada de Zoo, né? Que se escreve Z-U-H-A-L. E esse gênero do Magma é muito…. É pesado, assim, é denso, e as músicas têm uma coisa meio…. É como se fosse quase um mantra, assim, que vai crescendo, um negócio quase religioso, assim, um gospel alienígena e demoníaco, é muito foda. Então, o Magma influencia muito a gente também. E outras bandas de rock progressivo, assim, da clássica, né? Tipo, King Crimson, Rush, Genesis, Camel, toda essa galera, sabe?

Raí Accioly: E esse som sombrio do Magma, ele também acabou casando muito bem com essas influências iniciais que a gente tinha do Slut. Quando você pensa em prog, você pensa naquele som limpo, naquele som claro, naquela capacidade técnica de as músicas e tudo mais. O Magma tem essa questão técnica, porque realmente é natural do prog, mas eles não vão por essa vertente limpa. Eles trazem uma vertente de peso, trazem uma vertente de lamacenta, também, como vocês vão dizer. Aí as coisas acabaram casando muito bem.

Hector Ruslan: Exato. E o próprio King Crimson também, né? Que apesar de ser uma banda de clássica do prog, também tem uns discos que são absolutamente pesados. O próprio In the Court of the King Crimson, a música, sei lá, 21st century schizoid man, é uma cacetada. Aí o disco Red do King Crimson também é muito pesado.Tem umas coisas que tem uns riffs, assim, absurdos. Então, essa junção do prog clássico com o metal mais, tipo assim, o Doom ou o Stoner ou o Slut veio a ter esse cruzamento natural, né? Pra gente conseguir fazer as duas coisas se comunicarem.

Jeff Ferreira: É parecido com o Opeth, não?

Hector Ruslan: Porra, eu gosto de Opeth também, mas eu acho que, assim, não tá na primeira prateleira de influencers, eu diria. O Opeth, eu curtia pra caramba, o Opeth, assim, mas eu acho que eu não pensava diretamente no Opeth quando a gente tava compondo ou fazendo algo nesse estilo. O Opeth tem um pé muito forte no death metal, né? Que a gente tem também. Então, por exemplo, você pensa uma música do primeiro disco, né? Do Holoceno é São Francisco, por exemplo. São Francisco tem um riff que é death metal todinho, assim, que é aquele…. Então, tem influencers também, mas eu acho, e a gente curte, mas eu diria mais essas outras, sabe?

Jeff Ferreira: Isso aí, isso aí. E assim, cara, vocês falaram do som mais, tipo, meio alienígena, essas paradas assim. Tem uma banda aqui da minha cidade que chama Rocket Five, de progressiva também.

Hector Ruslan: Que massa. Rocket 5, de 5? É, Rocket Five, de 5. Pode crer.Onde é? De qual é a cidade é?

Hector Ruslan: Indaiatuba. Indaiatuba. Massa.
Jeff Ferreira: O Ricardo, ele tem bastante influência de progressiva, assim, ele faz questão, cara, de colocar umas misturas parecidas com a de vocês, sabe? Que foda. É maravilhoso. Que coisa escura, cara.
Hector Ruslan: Que massa, velho. Deu valor. Massa pra caramba. Sempre bom estar atento ao que está acontecendo no prog brasileiro. Vou dar uma sacada.
3. Originalmente o nome da banda é genial e a capa de “Holoceno” pensam futuramente em escrever sobre algumas lendas nordestinas? Como Lenda do Quibungo, papa-figo e etc

Hector Ruslan: Quando estávamos montando a banda no começo, né, e aí a ideia, um dos primeiros princípios que a gente seguiu foi, beleza, vamos fazer uma banda, então a gente vai, a gente já sabia mais ou menos a sonoridade que a gente queria, né, que é isso que a gente tá falando aqui, um progressivo com toner, com doom, com sludge e tal. Mas que seja calcado nas nossas raízes, né. Então a gente pensou, primeiro, vamos cantar em português pra que a gente consiga colocar o nosso sotaque, a forma como a gente fala, sem nenhum tipo de vergonha ou esconderijo e fazer isso de uma forma lírica, de uma forma poética e abraçar as histórias das nossas raízes, né, do imaginário folclórico, do realismo mágico, das personagens e das pessoas e das histórias do Nordeste e do sertão brasileiro. Que, apesar de João Pessoa não ser sertão, né, é uma cidade litorânea, é praia, mas a gente tem família e a gente sempre convive e as histórias do Nordeste, elas são arraigadas, né, por toda a nossa região, pelo estado da Paraíba, de Pernambuco e tal. Então a gente tinha muito isso fixo na cabeça.

E essa junção de pinçar elementos separados que talvez fossem, talvez não se comunicassem inicialmente, remeteu a essa ideia de talvez uma criatura, né, mística, uma criatura folclórica, algo meio que um Frankenstein nordestino, e aí eu pensei que é isso, o que é que seria o Frankenstein, essa coxa de retalhos, esse monstro nordestino? É o Papagu, velho, e casa muito com a história, justamente, você falou do Carnaval, né, que tem a cidade de Bizerros, aqui no interior do Pernambuco, tem o Carnaval dos Papangus, que a galera se veste na rua e vai para a rua para brincar carnaval e assustar a galera. É isso que a gente faz, vai para a rua assustar a galera.

Raí Accioly: Os dois discos, na verdade, eles são discos conceituais. Eles contam uma história, uma narrativa. As músicas são como se fossem capítulos de um livro, de uma história que você tá lendo, e cada capítulo ele vai avançando ali.  O Holoceno, ele traz a história de um cangaceiro, de um sertanejo que tenta evitar uma destruição ambiental no Nordeste brasileiro, talvez o fim do mundo, e através disso ele começa a entrar em jornadas de misticismo e de realismo mágico e para tentar evitar esse fim cataclísmico. Então, a gente já traz vários elementos nesse sentido. A gente fala sobre o Rio São Francisco, por exemplo, na música São Francisco, que tem a história das carrancas e dos espíritos que habitam no Rio, e que a carranca é pra afugentar aqueles espíritos ou talvez uma criatura mística, monstruosa, que mora ali no Rio.
Tem a música do lobisomem também, que aqui no interior também tem muito mito de lobisomem pra assombrar as fazendas, os sítios e tudo mais. Então, o primeiro disco já conta muito isso, né? E no segundo a gente expandiu ainda mais a ideia. Eu acho que de uma forma também mais centralizada, né? Porque enquanto no primeiro disco, apesar de ter a narrativa desse evento cataclísmico, ele é mais espalhado, justamente nesse sentido de atender mais abrangi, na verdade, mais imagens folclóricas.  O segundo disco, ele conta a história de Lampião, pelo menos até a ascensão dele, aí a gente acabou apesar de tratar do folclore e todo esse místico nordestino, eu acho que ele acabou ficando um pouco mais focado que o primeiro. Tem um foco na vida do Virgulino, né? Do seu nascimento até o ponto em que ele atinge o status, digamos, de guerreiro cangaço, de ser o bandido mais temido do Brasil naquela época.
4. Como foi o convite para o knotfest?

Raí Accioly: Cara, foi assim, uma coisa completamente, eu diria que, inesperada, porque a gente já vinha pensando em traçar mais uma turnê aqui pela região do Sul e do Sudeste, só que o KnotFest não tava na nossa mira, né? No segundo semestre a gente vai descer pra São Paulo, aí começa a fazer uns shows ali, vamos chegando em Curitiba, tal, não sei o quê. E, no meio desse planejamento, a gente vem e recebe o convite pro KnotFest.
E, em primeiro momento, assim, a gente ficou sem acreditar, na minha cabeça, até aquele momento ali, a papangu ainda era a brincadeira que eu fazia com os meus amigos, não era uma coisa que estava, assim, chamando. Eu sabia que o disco tinha uma repercussão positiva e tudo mais, assim, o meu psicológico não estava preparado para essa repercussão. E foi, assim, uma notícia que nos pegou de surpresa e deixou eu absolutamente feliz.
Tocar com esses, assim, esses medalhões da música pesada é algo fantástico. O Slipknot é um som que a gente escuta, assim, desde moleque. Aí tem também, tem o Amom Amarth, tem a Meshuggah que eu escutava muito também. E, assim, a gente tá feliz e na esperança de entregar um show que esse público merece. E, também, a gente, assim, na posição de fã também dessas grandes bandas, poder dar uma tietada lá, né? Aproveitar essa oportunidade que vamos estar no Backstage, aproveitar pelo menos uma mão, a mão de algum famoso, a gente aperta.

5. Vai ter alguma novidade no set ou alguma música para ser tocada pela primeira vez??

Raí Accioly: Rapaz, de novidade, eu acredito que não, vamos focar no momento do Lampião Rei, né? Que a gente tá nessa etapa aí de divulgação do disco e tudo mais, mas o que o pessoal pode esperar é que vai ser um set pesado, a gente tá elaborando aqui um set bem, assim, vamos dizer, violento, pra galera poder bater cabeça, pra galera poder fazer mosh e tudo mais, e vai ser um show intenso do começo ao fim, a gente não vai deixar a galera parar pra respirar.
Hector Ruslan: É isso, a gente tá bolando um set que vai ser o massacre da Papangu, assim, a gente tem um espectro muito grande, né, de músicas que são nem metal, mais voltadas pro Rock mesmo, outras que são mais, sei lá, até MPB ou Jazz Fusion, ou Jazz mesmo, como você queira chamar, algumas músicas do disco novo, inclusive, mas para o KnotFest a gente vai levar só artilharia pesada, que a gente sabe que é isso que a galera quer ouvir, então, é isso, vai ser um mix, talvez, das mais cascudas aí do Holoceno e do Lampião Rei.

6. Dia 18 De Outubro Tem Show Em Santo André Pré KNOTFEST?

Hector Ruslan: Exatamente, a gente vai fazer um show no dia 18 em Santo André, lá no Rising Power Studios, junto com os nossos parceiros da banda Institution, e estão com um material novo, também, lançado esse ano na praça, e é uma banda um pouco com pé no Metalcore, também, umas paradas experimentais, e é isso, dia 18 em Santo André, no Rising Power Studios, ingresso já à venda, vai ser o primeiro show da turnê, na verdade, né? O segundo show da turnê vai ser o do KnotFest, e depois a gente tem diversas datas, então, pra quem quiser conferir aí, é, segue lá, arroba papangu.br no nosso Instagram, e no link da bio, e nas nossas postagens, você vai encontrar todos os shows dessa turnê do Lampião Rei Parte 1, e também os links para comprar os ingressos antecipados, a gente vai passar por Rio de Janeiro, Minas Gerais, interior de São Paulo, enfim, tem um monte de Curitiba também, vai ser muito foda, então tem um monte de data, e a gente termina voltando pro Nordeste, tocando em Recife, vai ser massa demais, todo mundo confere lá, e comprem seus ingressos antecipados, e vamos ouvir Rock Tronche Paraibana!

7. Indique 3 bandas novas que vocês escutam ultimamente.

Raí Accioly: De banda nova, acho que a gente, eu vou roubar, talvez, até uma chamada aí de Hector, que é nossa querida Tela Azuu, Tela Azuu é uma banda do João Pessoa também, dessa nossa escola, vamos chamar assim, do Rock Tronche, que tá bem forte lá em João Pessoa, eles lançaram um disco deles chamado Baleia Explode que é um negócio fenomenal, eu já conversei com eles, é uma mistura de Mutante com Mars Volta, e eles aproveitam e botam um pouquinho de samba ali no meio, botam um MPB, tem forró, tem thrash metal, é assim, é absurdo o negócio, é bem legal mesmo, e eu vou citar também que eu descobri tem dois ou três anos, não é um artista recente, mas eu não me canso de ouvir, que é Kaatayra , eu vou tentar espalhar a palavra do Kaatayra pelo Brasil até o fim da minha vida, e vou citar aqui os meus amigos e irmãos também do Test, que o Test é é indescritível, é um duo que quando você vê os caras ao vivo parece que tem cinquenta pessoas no palco, é absurdo, recomendo demais o som dessas três, quem quiser ouvir essas três bandas pelo resto da vida tá muito bem servido.

Hector Ruslan: É isso, massa demais, eu vou recomendar três bandas também, vai ser o Caixão, de Fortaleza, no Ceará, que é uma mistura de Toner com Rock psicodélico e progressivo, eles lançaram um disco novo agora, recente, semana passada, a gente acabou de tocar com eles, literalmente, sábado agora a gente fez um show Papangu e Caixão no Grand Magos Festival lá em Natal, então escutem Caixão, bom pra caralho.

Eu vou recomendar a Facada também, que é uma banda de Grindcore, também do Ceará, do Fortaleza, os caras já são rodados aí na cena, mas eu também, a gente tem uma amizade muito boa, os caras são gente fina pra caramba, eu produzi o show deles aqui e um abraço aí, recomendo demais, para quem gosta de Grindcore cacete, pau na moleira, Facada, sem medo de ser feliz. E em terceiro lugar eu vou recomendar essa banda aqui que está na minha camisa, Hazamat, que é daqui de João Pessoa, os caras acabaram de lançar um material novo também, chamado Trinca, é um EP que tem umas canções mais voltadas para um não é metal, não chega nem perto disso, é rock mesmo, mas é um bom rock brasileiro, bem feito, e aqui de João Pessoa na Paraíba. E o Tela Azuu também, vou fazer coro, porque é uma banda maravilhosa, é isso.

Confira um dos últimos lançamentos do PAPANGU :

  JEFF FERREIRA 

Author

Meu nome é Jeff Ferreira e a música sempre foi minha maior paixão. Desde jovem, fui envolvido pelo maravilhoso mundo dos sons e das melodias, encontrando na música uma forma de expressão e conexão com o mundo ao meu redor. Além disso, meu lado nerd sempre esteve presente, alimentando minha curiosidade e minha sede por conhecimento em diversas áreas. Há 7 anos, embarquei em uma jornada incrível escrevendo sobre música e desenvolvendo pautas de entrevista. Essa foi a maneira que encontrei de unir minha paixão pela escrita com meu amor pela música, compartilhando insights e histórias fascinantes com o público. Ao longo desse tempo, pude me aprofundar no universo musical, conhecendo bandas incríveis e explorando diferentes sonoridades.

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