Primeira publicação do selo Phedra terá lançamento e distribuição gratuita no dia 16/3, às 11h; Edição especial do ciclo Cinema e Psicanálise nas Brechas promove o evento no espaço histórico do Cine Satyros Bijou
Acontece em 16 de março, domingo, a partir das 11h no Cine Satyros Bijou, o lançamento do livro Vocabulários, primeira publicação do selo Phedra.
O livro tem como maior objetivo realizar um mapeamento etnolinguístico das transformações do discurso contemporâneo, com centenas de verbetes que estabelecem os alicerces para uma comunicação acessível e nāo violenta, trazendo terminologias das comunidades LGBTQIAPN+, feminista e antirrascista, em uma construção colaborativa que busca a legitimação de linguagens afirmativas e empáticas.
Primeira publicação do selo Phedra, que homenageia a ícone das artes e da Praça Roosevelt Phedra de Córdoba (1938-2016), Vocabulários tem organização e autoria coletiva, com a participação de jornalistas, historiadores, antropólogos, linguistas, artistas e ativistas das mais diversas militâncias. A capa da obra foi feita pela cartunista e ilustradora Laerte.
O lançamento do dia 16 contará com distribuição gratuita do livro aos presentes. A publicação, iniciativa da Associação dos Artistas Amigos da Praça, com apoio do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania, traz em suas mais de 180 páginas: apresentações de Isildinha Baptista Nogueira e Ivam Cabral; ensaios de Amanda Paschoal, Furcifer Scher, Kyem Ferreiro, Renata Carvalho, Andreas Mendes, Helena Vieira, ORU, Ronaldo Serruya, Dante Preto, Lui Castanho, Kairos Castro e Vulcanica Pokaropa; e centenas de verbetes, tais como Acessibilidade, Apropriação Cultural, Capacitismo, Decolonial, Favelado, Feminismos, Gordofobia, Identidade de Gênero, Lugar de Fala, Misoginia, Negritude, Queer e Travesti.
O lançamento faz parte do evento Cinema e Psicanálise nas Brechas, que contará também com a exibição do filme “Monster” (2023), do cineasta japonês Hirokazu Kore-eda, e posterior debate com as psicanalistas Isildinha Baptista Nogueira e Fê Lopes, a historiadora Claudia Mogadouro e o crítico literário Marcio Aquiles, mediado pela psicanalista Bruna Elage.
Criado em 2024, o coletivo une psicanalistas advindos de percursos diversificados de formação e dispostos a debater psicanálise e arte em suas articulações criativas e transformadoras. Assim, o evento no Cine Satyros Bijou será um momento precioso para um debate que reunirá diversas formas de pensamento e expressões artísticas.
Entre as criadoras do Coletivo Cinema e Psicanálise nas Brechas está a professora doutora Isildinha Baptista Nogueira, pensadora brasileira e psicanalista, que também assina o texto de apresentação de “Vocabulários”.
SERVIÇO
Lançamento do livro Vocabulários.
Onde: Cine Satyros Bijou – Sala Patricia Pillar. Praça Roosevelt, 172. Consolação.
Quando: 16/03, às 11h
Organizadores: Beth Lopes, Danilo Stavale, Dione Leal, Elen Londero, Ivam Cabral, Márcia Dailyn, Marcio Aquiles, Mauricio Paroni, Mônica Madureiro, Tâmara David.
Exibição do Filme: Monster (Hirokazu Kore-eda, 2023), seguido de debate com Isildinha Baptista Nogueira, Fê Lopes, Claudia Mogadouro, Marcio Aquiles, Bruna Elage.
Sobre os debatedores
ISILDINHA BAPTISTA NOGUEIRA é psicanalista, escritora, mestre em Psicologia Social pela PUC-SP) e doutora em Psicologia Escolar e Desenvolvimento Humano pela Universidade de São Paulo (USP). Fez sua formação nos Ateliers de Psychanalise, em Paris, com Radmila Zygourys, uma das fundadoras da instituição. Autora de “Cor do Inconsciente: Significações do Corpo Negro”, indicado ao Prêmio Jabuti em 2022.
FÊ LOPES é psicóloga, psicanalista, co-criadora da Semana de Apoio à Amamentação Negra. Graduada pela PUC-SP, formada em Psicanálise da Criança no Sedes Sapientiae e em Aprimoramento em Psicologia Aplicada à Nutrição na Unifesp. Fez pós-graduação em Psicanálise da Parentalidade e Perinatalidade, no Instituto Gerar. Co-criadora do podcast Psycopodcast.
CLAUDIA MOGADOURO é doutora e mestre em Ciências da Comunicação pela Escola de Comunicações e Artes da USP. Graduada em História, especialista em Gestão de Processos Comunicacionais pela ECA-USP. Pesquisadora do Núcleo de Comunicação e Educação da USP (NCE) e do Observatório de Comunicação, Liberdade de Expressão e Censura da USP (OBCOM). Atualmente é professora de dois cursos de Especialização da ECA-USP: Educomunicação e Mídia, Informação e Cultura, do Centro de Estudos Latino-americanos sobre Cultura e Comunicação (CELACC).
MARCIO AQUILES é escritor, crítico literário e teatral. Tem dezessete livros publicados, entre eles os romances “Artefato cognitivo nº 7√log5ie” (Prêmio Biblioteca Digital 2021) e “O amor e outras figuras de linguagem”. Como organizador, assina obras como “Teatro de grupo” (Prêmio APCA 2021) e “Os Satyros: Teatricidades”. Em 2023, recebeu o 1º Prêmio Egresso Destaque Unicamp.
BRUNA ELAGE é psicóloga graduada pela PUC-SP e atua desde 2005 na área da Educação e Assistência Social com processos de formação e supervisão clínico institucional. Em 2008, foi uma das premiadas do Rumos da Educação, Cultura e Arte, do Itaú Cultural. Atualmente compõe a diretoria do IBEAC (Instituto Brasileiro de Estudos e Apoio Comunitário), a equipe do Núcleo Perspectivas e trabalha como psicoterapeuta psicanalista em clínica particular.
Sobre o filme Monster
Depois de descobrir que uma professora é responsável pela súbita mudança de comportamento de seu filho, uma mãe invade a escola exigindo saber o que está acontecendo. Dir. Hirokazu Kore-eda. Com: Sakura Andô, Eita Nagayama e Soya Kurokawa.
Sobre o Coletivo Cinema e Psicanálise nas Brechas
A psicanálise nasce a partir das brechas de uma concepção de mundo positivista, incapaz de leituras acerca do que não podia ser posto em palavras, o não dito do maldito social. Daí a ideia de formação de um coletivo com pessoas advindas de vários percursos de formação e com diversificadas filiações institucionais dentro da psicanálise, todas comprometidas com uma escuta do que segue não dito, numa reprodução do sempre assim das coisas. Uma psicanálise comprometida, portanto, com as leituras antirracistas, decoloniais, interseccionais, não falocêntricas e, tampouco, patriarcais ou sexistas. Atenta às demandas do nosso tempo e território, da nossa América Ladina, para usar termo cunhado pela ativista e intelectual afrobrasileira Lélia Gonzalez. Tomando a arte como forma de acessar subjetividades e diferentes modos de ser e existir num sistema atravessado por ideologias que não sustentam o esperançar humano; o fazer artístico passa a ser a possibilidade de sonhar e criar novas saídas para um devir não ancorado na violência de toda ordem, que enfraquece laços e dificulta a criação de políticas inclusivas. Por isso, acreditamos que arte e psicanálise se articulam na potência criativa e transformadora de realidades. Escolhemos o cinema como ponto de partida de um projeto para encontros e construções dialógicas, pela especial condição que a sétima arte tem de nos fazer experienciar emoções em roteiros de histórias diversas. Nos permitindo, assim, refletir sobre nosso papel enquanto psicanalistas nos cuidados com a diversidade da condição humana. Acolhido que fomos pelo Cine Satyros Bijou, na sala Patricia Pilar, não poderíamos sonhar com espaço mais adequado, um espaço singular que se define como “bunker de resistência (…) um espaço de trocas e conexões”, território onde circula a multiplicidade cultural e existencial característica do nosso povo.