UMA ESQUISITICE

Coluna de Márcio Calixto

 

 

Uma Esquisitice

Hoje, em um dado momento do dia, juntei minhas mãos. Não me movia um desejo religioso, eu simplesmente as uni. Passei a olhar os meus dedões. Não eram simétricos. Até aí, problema nenhum. Nenhuma pessoa é profundamente simétrica. Nem Gisele Bundchen. Mas os dedões possuem uma diferença para lá de exótica.

Eles não são deformados. Fiquei um tempo olhando-os para poder entender a falta de semelhança entre eles. Claro que não precisam ser espelhados, mas suas diferenças me moveram à curiosidade. Como que nunca percebi essa abissal diferença? Durante o processo de aplicação de prova em uma escola, há aquele momento em que há poucos alunos em sala, muitos já se foram e passei a unir as mãos. O meu dedão esquerdo era muito mais volumoso que o direito. Num primeiro momento pensei que fosse por ser canhoto, porém com certeza não é isso.

Fiquei olhando fixamente, pensei que meu dedão direito era magro, pequeno, perfilado a um exotismo particular. Mas não. Ele só é menos volumoso. Eu é que estou encasquetado com uma parada por estar aplicando prova.

 Os dois últimos alunos entregam. Meus dedões voltam ao normal: a pura esquisitice do todo que sou.

 

MÁRCIO CALIXTO
Professor e Escritor

Márcio Calixto. Foto: Divulgação



Coluna de Márcio Calixto

 

Author

Professor e escritor. Lançou em 2013 seu primeiro romance, A Árvore que Chora Milagres, pela editora Multifoco. Participou do grupo literário Bagatelas, responsável por uma revolução na internet na primeira década do século XXI, e das oficinas literárias de Antônio Torres na UERJ, com quem aprendeu a arte de “rabiscar papel”. Criou junto com amigos da faculdade o Trema Literatura. Tem como prática cotidiana escrever uma página e ler dez. Pai de 3 filhos, convicto carioca suburbano bibliófilo residente em Jacarepaguá. Um subúrbio de samba, blues e Heavy Metal. Foi primeiro do desenho e agora é das palavras, com as quais gosta de pintar histórias.

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