“Turma da Mônica: Laços” foi um grande sucesso de público quando trouxe pela primeira vez os personagens de Maurício de Sousa, tão queridos por diversas gerações, para uma obra em live-action. Agora a história baseada na famosa criação de Mauricio e na trilogia escrita por Lu Cafaggi, dá continuidade nos cinemas, ao adaptar o segundo livro do projeto Graphic MSP: “Turma da Mônica: Lições”.
Diferente de Laços, a trama de “Turma da Mônica: Lições” aposta bastante na criação de um ritmo mais emocional: após o fracasso de um dos planos infalíveis do Cebolinha (Kevin Vechiatto) que acaba machucando Mônica (Giulia Benite), os pais dessa decidem mudá-la de escola, separando-a do resto da turma. Com isso, através da distância, a turma toda aprende cada vez mais como é valiosa a amizade entre eles.
Nesse tom emocional, o diretor Daniel Rezende (“Turma da Mônica: Laços” & “Bingo: O Rei das Manhãs”) se sai muito bem ao criar um ambiente triste, quando retrata a separação de Mônica do restante da turma. E o que faz esse peso dramático funcionar é exatamente como essa situação ilustra uma fase da vida de muitas pessoas que já tiveram que se separar de amigos de infância, seja por circunstancias impostas pela vida, que fizeram seus caminhos se distanciarem, ou como no filme, por acreditar que os amigos sejam uma má influência. Às vezes essa mudança pode até ajudar no crescimento pessoal, pois são feitas novas amizades. O interessante do filme é que, além de mostrar o lado das crianças, o diretor também mostra o ponto de vista equivocado dos pais da Mônica e do Cebolinha, o que causa grande atrito entre eles, revelando como muitas vezes os pais, mesmo não sabendo de toda a história, já tiram conclusões precipitadas sem querer escutar o lado dos filhos, prejudicando-os ainda mais, mesmo achando que essas escolhas tomadas são para o bem estar deles.
O roteiro explora como a vida de cada um do quarteto mudou, trazendo coisas boas e ruins, mas sempre com a saudade em primeiro lugar, cada um enfrentando seus problemas e medos pessoais, como por exemplo o problema de fala do Cebolinha (Kevin Vechiatto), a fome insaciável da Magali (Laura Rauseo), o medo de água do Cascão (Gabriel Moreira), e a ligação sentimental de Mônica (Giulia Benite) com o coelho Sansão, fazendo cada um lidar com seu problema, muitas vezes sem contar com a ajuda dos demais, pois seus pais os coloca em atividades separadas. Com isso, ao mesmo tempo em que ficam durante um tempo isolados, também aprendem a fazer novas amizades, o que os ajuda a crescer e a permitir que novas pessoas entrem em suas vidas, sem precisar esquecer os velhos amigos.
A palavra “lições” no título não é usado à toa, já que o filme está repleto de aprendizados para a vida, tanto que boa parte do filme se passa numa escola, onde alguma dessas lições são passadas para nós, mas muitas delas acontecem em nosso dia a dia através de amigos, relações, ou até mesmo através de um ou outro desentendimento que podem nos trazer novas perspectivas sobre um relacionamento. O que era visto como um problema, pode ser entendido no final como parte da lição sobre como crescer. É algo que pode impactar tanto os adultos, quanto as crianças que verão esse filme.
Além do retorno do quarteto principal nesse novo filme, outros personagens conhecidos da obra de Mauricio de Sousa são introduzidos no live-action e ajudam na trajetória dos protagonistas, ao tentar uni-los novamente, mostrando também como nem todas as mudanças são ruins.
Boa parte desses personagens são bem introduzidos e acompanham cada protagonista, ensinando-o a enxergar o que de bom pode vir depois de uma mudança ruim, mesmo que às vezes no início seja difícil de enxergar. Infelizmente com tantos personagens novos há um pequeno problema: alguns são colocados sem nenhum tipo de preparo, simplesmente aparecem em algum ponto do filme e começam a acompanhar o restante da turma.
Para ajudar na construção do ritmo emocional, o diretor trabalha a utilização dos atos e reações dos personagens, o que ajuda a demonstrar o sentimento de saudades e tristeza que sentem, mas o que atrapalha esses momentos tocantes é a escolha de uma explicação verbal que expõe demais o que a cena em si já estava demonstrando. Parece que direção quer explicar tudo ao máximo possível para o público infantil, o que talvez seja o maior problema, ou seja, querer fazer um filme focado apenas para crianças e não sendo maçante demais para o público mais velho que vai acompanhá-los no cinema.
Isso comparado à “Laços”, “Lições” é mais contido ao fazer um filme totalmente infantil. A questão é que estamos falando da “Turma da Mônica”, uma turma de personagens que existem há mais de 50 anos, logo existem fãs de todas as idades, logo o filme poderia ser um pouco mais maduro, sem perder a essência infantil, que é o que faz as crianças se prenderem a história e torcerem pelos personagens, mas o diretor aposta demais apenas no teor infantil, achando que bastaria trazer esses personagens tão queridos seria suficiente para também agradar o público mais velho e que cresceu curtindo a turminha.
CONFIRA O TRAILER
“Turma da Mônica: Lições” é realmente um filme tocante e emocionante, cheio de lições que a vida nos ensina, lições que muitos dos espectadores já aprenderam ou vão aprender em algum momento da vida, pena que se limita ao proporcionar um filme apenas para as crianças, ao invés de fazer um filme pensando também nos fãs mais velhos, que também já aprenderam lições valiosas com a turminha criada por Mauricio de Sousa.
NOTA: 8
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