Laerte (Lázaro Ramos) é um violinista que, após não passar em um teste para a OSESP, vai dar aulas em uma favela na periferia de São Paulo. Lá descobre um garoto com talento excepcional e por meio da música faz com que ele abandone o tráfico de drogas e dê um novo sentido para sua vida.
“Não quero me mudar para Miami”. A frase que pode ser usada como resposta a recentes manifestações pelo país foi dita pelo diretor Sérgio Machado (“Cidade Baixa”) para explicar o que o levou ao seu terceiro filme “Tudo que Aprendemos Juntos”, estrelado por Lázaro Ramos e que estreia no Festival do Rio neste domingo (11). A estreia no circuito comercial está marcada para o dia 3 de dezembro.
Lázaro vive um talentoso violinista que, ao falhar no teste para entrar na Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo (Osesp), passa a dar aulas de música na favela de Heliópolis. Como sugere o título, professor e alunos trocam experiências e estabelecem uma relação de amizade. “Queria fazer um filme que falasse dos problemas brasileiros de maneira muito honesta, mas com uma ponta de esperança porque eu tenho esperança. Não quero me mudar para Miami de jeito nenhum. Quero ficar aqui e ajudar a resolver os problemas”, disse ele, em entrevista por telefone ao UOL.
Cinema nacional e a esperança
Por trazer a esperança ao Brasil, o longa foi associado pela crítica nacional e internacional a “Que Horas Ela Volta”, de Anna Muylaert, escolhido para representar o Brasil no Oscar de 2016. “Acho que os dois filmes dialogam com certeza, no sentido de não ver o Brasil como um país completamente inviável”, disse Sérgio. Coincidentemente, Anna e Sérgio editaram duas produções em salas coladas na produtora Gullane e se esbarraram muitas vezes na saída para o almoço ou café.
Para Sérgio, essa nova perspectiva de um “Brasil que tem jeito” foi o que chamou a atenção da crítica. “Os últimos filmes que tinham tido uma boa repercussão lá fora fazem uma radiografia dura da realidade brasileira, mas sem muita esperança. ‘Cidade de Deus’ trazia a frase ‘se ficar o bicho pega, se correr, o bicho morde’. É uma mensagem de que as coisas deram errado”, disse. Com “The Violin Teacher” como título internacional, a produção já foi vendida para Canadá, Itália, Espanha, Grécia, França, Suíça, Alemanha, Holanda, Bélgica e Japão.