Trilhos do tempo: o Cemitério de Trens no deserto boliviano


Por Álvaro Tàllarico

Alvaro Tallarico mochileiro

foto: Arquivo pessoal de Alvaro Tallarico

 

No meio do nada, nascem histórias. E algumas delas viajam nos trilhos da imaginação.

 

A poucos minutos do centro de Uyuni, uma cidade pequena e acolhedora no sudoeste da Bolívia, repousa um dos cenários mais inusitados e fotogênicos da América do Sul: o Cemitério de Trens. São dezenas de locomotivas antigas, corroídas pelo tempo e pela ferrugem, espalhadas pelo deserto como gigantes adormecidos.

O silêncio é cortado apenas pelo vento e, às vezes, por risos e cliques de câmeras de viajantes fascinados. A cena parece saída de um filme de ficção científica ou de uma instalação artística de grandes proporções. E, de certo modo, é isso mesmo: uma exposição involuntária do passado boliviano.

 

Confira as imagens!

(Arquivo pessoal de Alvaro Tallarico)

Uma ferrovia que virou poesia

No fim do século XIX, a Bolívia investiu na construção de ferrovias para escoar sua produção de minérios até os portos do Pacífico. O projeto, ambicioso e estratégico, foi interrompido por crises econômicas e conflitos políticos. O que sobrou foram os vagões abandonados, vítimas do tempo e da areia.

Hoje, esses trens são mais do que sucata: são arte, memória e resistência. Muitos carregam grafites e intervenções artísticas espontâneas. Alguns foram adaptados como mirantes improvisados. É comum ver mochileiros subindo nos vagões, posando diante do céu imenso e do solo seco que se estende até onde a vista alcança.

Como chegar

Chegar ao Cemitério de Trens é simples. Saindo do centro de Uyuni, são apenas 2,5 km — dá para ir a pé, de bicicleta ou de táxi. Muitos passeios rumo ao Salar de Uyuni começam ou terminam ali, fazendo do local uma espécie de portal entre o passado industrial e a vastidão branca do deserto de sal.

Uyuni, por sua vez, está conectada por ônibus, trens e voos. Há voos diários de La Paz, e a cidade conta com opções acessíveis de hospedagem, ideal para mochileiros e viajantes independentes.

Viajar pela Bolívia é abrir mão do luxo e abraçar o essencial. Do jeito que eu gosto. É uma terra que encanta pela força da natureza, pela cultura indígena viva, pela comida simples e saborosa.

Quem passa por aqui encontra mais que paisagens impressionantes: encontra um ritmo diferente de vida, onde o tempo se estica e a experiência importa mais do que a pressa. Do jeito que eu gosto.

O Cemitério de Trens é apenas uma das muitas surpresas. É uma parada obrigatória para quem busca fotografias diferentes, memórias únicas e aquele tipo raro de silêncio que inspira reflexão. Um bom mochilão.

 

 

Álvaro Tàllarico

 

 

 

 

 

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Author

Alvaro Tallarico é jornalista cultural formado pela UERJ, especializado em cobrir música, cinema e eventos culturais. Atua como colunista no Diário do Rio e repórter no FutebolBR, além de ser locutor na Rádio Catedral FM 106,7. Criador e editor do portal Vivente Andante, ganhador do Edital Cultura Presente nas Redes, já entrevistou personalidades do cinema, teatro e música, e participou de grandes eventos. Tem mais de 100 episódios no Podcast Vivente Andante e segue com o podcast Álvaro Tàllarico Entrevista no Spotify. Vencedor de Melhor Trilha Sonora Original com o filme "O Preto de Azul" no Festival Bananeiras de Cinema.

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