A ESPM Rio incluiu a disciplina Transformação Digital em vários cursos de pós e MBAs da instituição, com o objetivo de proporcionar aos alunos uma imersão nas transformações que pessoas e empresas estão vivenciando nesse novo ambiente digital e oferecendo caminhos para inserção nesse novo contexto.
O professor desta disciplina, Floriano Salvaterra, oportuniza contato com profissionais de mercado que atuam em áreas afins da transformação digital para debaterem cases reais. Termos e suas aplicações como Big Data, Analytics, Machine Learning, Omnichannel, Branding, Bots, entre outros, passam a fazer parte do arcabouço do conhecimento adquirido pelos alunos.
Vale ressaltar que a ESPM Rio possui palestras abertas de diversos assuntos que podem ser conferidas aqui: Palestras ESPM
PALESTRAS
Nesta edição que o AC TECH participou, ocorreram duas palestras:
- Transformação Digital em meio a um novo mundo de Identidades – Erick Mendes
- A aproximação do espectador ao espetáculo. Como o Big Data pode mudar a forma de consumirmos esportes – Júlia Fernandes
SOBRE OS PALESTRANTES
Erick Mendes: Formado em Matemática pela UERJ, MBA em Marketing pela ESPM, com mais de 15 anos de experiência e em Segurança da Informação, já atuou na operação de SOC, pré-vendas, recentemente esteve por 3 anos na Tenable, empresa líder mundial em Gestão de Vulnerabilidades e agora é responsável pela operação da Cyberark, líder mundial em Segurança de Identidades.
Júlia Fernandes: Formada em administração pelo IBMEC e em Gestão de Futebol pela CBF Academy – atualmente cursando MBA de Marketing Estratégico na ESPM. Ela começou sua carreira na indústria do futebol trabalhando em uma \ Agência de Marketing Esportivo chamada Golden Goal – e por 4 anos foi PMO de diferentes projetos como o programa de Hospitalidde da Copa América, Leilão de camarotes do Maracanã 2020 e Logística Terrestre do COB nos Jogos Olímpicos 2020/1 além de participar de outros projetos.
A partir de dezembro de 2021, começou como coordenadora de marketing digital e inovação do Vasco, um dos maiores clubes do Brasil. Ela é responsável por desenvolver os produtos digitais do clube, estratégia web3.0 e trazer inovações para todas as áreas do Vasco.
PALESTRA “Transformação Digital em meio a um novo mundo de Identidades” – Erick Mendes
Em sua palestra Erick, contextualiza a importância do cuidado com nossos dados sensíveis (pessoais) que devemos ter no dia a dia, ao lidarmos com as diversas ferramentas que nos conectam ao mundo digital. Como precisamos acessar diversas plataformas e aplicações, possuímos diversas “identidades” digitais. É comum armazenarmos nossas identidades, credenciais de login, nos navegadores, em blocos de notas digitais etc, além de reutilizarmos as mesmas credenciais pessoais no acesso aos dispositivos do trabalho. Erick, destacou que estes são os locais preferidos de hackers para captura de informações pessoais por serem mais vulneráveis a ataques.
Diversas matérias sobre os últimos vazamentos de dados ocorridos em empresas, nacionais e internacionais, chamam a atenção para o problema que enfrentamos e que poucos se dão conta de sua gravidade.
Perguntas que se fazem: qual seria a motivação dos hackers em roubarem nossas informações? Por que há tanto interesse nesses dados?
A resposta é que estamos na Era da informação digital. Hoje suas informações, disponibilizadas em farmácias, supermercados, lojas , bares, restaurantes, ou seja os lugares que você frequenta, bem como ainda, as redes sociais que você navega seja para trabalho ou para entretenimento (Linkedin, Instagram, Twitter, Tik Tok, Youtube etc) passaram a valer MUITO dinheiro. Todos esse dados colaboram para gerar um grande volume de informações a seu respeito e que são comercializados com empresas que desejam conhecer seu perfil de usuário e, com isso, poder oferecer produtos e serviços com alta probabilidade de serem aceitos e consumidos por você. Esse é a parte boa da história, apesar de termos sido transformados pelas empresas em “consumidores manipulados”
Sim, você também é um produto e é muito valioso. Erick, comenta sobre as Data brokers que são entidades legais que se dedicam a venda de informações de consumidores para organizações.
A parte ruim da história é que os hackers (considerados os Data brokers do mal) vendem nossos dados (CPF, número de telefone, credenciais de login, dados bancários, da receita federal, do SUS etc) no que é conhecido por Dark Web, podendo bloquear nossos acessos a aplicativos, usar nossos dados para efetuar crimes e sequestrar nossos arquivos (fotos íntimas de astros de Hollywood divulgadas na web é o caso mais famoso de sequestro). Tudo isso também vale para empresas e grandes corporações que de alguma forma, seja por vulnerabilidades de acesso à sua rede, seja por colaboradores que acessaram indevidamente emails do tipo ransomware , tem seus dados expostos, fraudados ou sequestrados.
Foi dado também algumas dicas de segurança e onde você pode armazenar suas informações.
- Aplicativos de cofre de senha como: 1Password, Keeper, LastPass;
- Uso de cartões virtuais;
- Múltiplo Fator de autenticação;
O grande desafio hoje é conseguir proteger as empresas agora “sem perímetro” (globalmente conectadas via web) na gestão de suas contas e senhas, como também habilitar acesso remoto seguro para seus colaboradores que precisam de constante treinamento para viver e trabalhar de modo seguro nessa nova Era de informação digital.
Palestra “A aproximação do espectador ao espetáculo. Como o Big Data pode mudar a forma de consumirmos esportes” – Júlia Fernandes
Júlia iniciou com uma breve história sobre seu amor pelo esporte. Desde jovem, sempre coletou muitas dados sobre futebol, escalações, nome dos jogadores etc.
Com uma pergunta desafiadora, continuou…O que vem em sua mente ao se falar de Fórmula 1?
A pergunta estava relacionada à forma como esse esporte impacta e engaja as pessoas. É sobre: Pilotos? Tecnologia? Marcas? Produtos? Circuitos? Países?
Com o enfoque em Fórmula 1, Júlia apresentou uma linha do tempo desde seu início até os dias de hoje. Citou a grande crise de visibilidade e de monetização sofrida pelo esporte nos anos 2010, gerando um cenário preocupante.
Já em 2016, com a franca decadência desse esporte, surgiu a empresa Liberty Media , que comprou os direitos da F1, mudando completamente a forma de ser consumida. Ela transformou a forma como as pessoas passaram a se conectar com o esporte, transformando a experiência do em uma verdadeira imersão intuitiva e empolgante. De acordo com o seu principal executivo, o objetivo inicial foi aumentar o valor de mercado das equipes para tornar o ecossistema financeiro do Mundial de F1 novamente saudável. Com serviços em nuvem, e a captação de dados dos carros, eles foram capazes de criar uma plataforma chamada F1 Insights que traz ao espectador informações nunca antes observadas, diretamente na tela do seu dispositivo.
Existem diversas informações que podem ser acessadas, como por exemplo:
- Câmera individual de cada piloto;
- Áudio do microfone de cada piloto;
- Tempos de volta;
- Entre outros.
Com toda essa nova análise de dados que é feita, a aplicação consegue informar ao espectador, por exemplo, com quantas voltas certo piloto conseguirá ultrapassar outro, inclusive ranqueando o nível de dificuldade para isso.
Só para contextualizar a ideia, hoje cada carro possui 300 sensores que geram 1.1 Milhões de dados por segundo, que possibilita o cálculo de infinitos parâmetros sobre a corrida, carros, pneus, pilotos etc.
Ao final, um vídeo da AWS, parceira tecnológica da Liberty Media, mostra um engenheiro pilotando um carro de F1 em um simulador que utiliza todos os dados disponíveis da F1 (carros, pistas, clima, etc) como no mundo real. Após a análise dos dados obtidos das voltas iniciais desse engenheiro no simulador, a proposta de correção das falhas observadas pela equipe de analistas, fez com que esse mesmo engenheiro, obtivesse uma redução de tempo de volta superior a 2 segundos. Isto evidencia o quanto ter dados e saber analisá-los em tempo real pode fazer uma enorme diferença nos resultados dos pilotos nas corridas.
ENTREVISTA COM ERICK MENDES
AC TECH: Erick, qual foi a principal motivação de se especializar na área de cyber segurança?
Sou nascido e criado no complexo do Alemão do Rio de Janeiro. Quando eu trabalhei de Office boy, 2007 numa empresa especializada em Segurança da Informação, enxerguei ali a oportunidade de mudar a realidade da minha família. Foi então que eu decidi ainda em 2007, a me dedicar, estudar e me certificar na área. Sai desta mesma empresa em 2019, 12 anos depois, como Sócio dessa empresa e uma carreira sólida na área. A empresa se chamava Real Protect, que fora vendida para a Accenture ainda em 2019. Sou e sempre serei muito grato pela oportunidade que me deram. Eles mudaram completamente a minha vida e da minha família.
AC TECH: Quais são os conselhos que você pode dar a quem deseja entrar neste ramo?
O primeiro conselho é ler bastante sobre o tema! Entenda o que é Segurança, entenda as áreas que temos, pois ela hoje é enorme. De uma linha mais de defesa à uma linha de ataque (sendo bem claro), da investigação à governança corporativa, é uma área enorme, repleta de boas oportunidades.
Meu segundo conselho é estudar inglês, sem ele será impossível atingir voos mais altos e grandes na sua carreira.
Por último, mas não menos importante, tem que gostar de estudar sobre tudo. Eu estou há 16 anos na área e até hoje preciso estudar muito. Os ataques estão cada vez mais eficazes e inteligentes. Nenhum profissional de segurança hoje entende apenas de um tema, ele precisa ter um poder de crítica e uma visão ampla de muitos temas diferentes. Claro que pode se especializar em algo e focar, mas é preciso continuar lendo, entendendo e estar atento ao que se passa no mercado, sempre.
ENTREVISTA COM JULIA FERNANDES
AC TECH: Júlia, muito foi falado em dados e o quanto isso tem beneficiado o esporte mundial. Com base nessa ideia, consegue descrever quais são os esportes que ainda precisam dessa atenção e no que eles seriam beneficiados?
Antes de citar quais esportes, acredito ainda precisar de atenção nos dados. É importante separar onde os dados podem ser importantes para cara um dos esportes. Podemos separar em três principais áreas: desenvolvimento de atletas, montagem de equipes e envolvimento dos fãs com o evento principal. Hoje, os esportes americanos saem na frente em todos os quesitos. Trazendo para uma ótica nacional, por mais que existam outros esportes que precisam incorporar o uso de dados no seu dia a dia, eu diria que por toda a sua grandeza e capilaridade nacional o futebol ainda precisa de um carinho especial. É visível o esforço que está sendo colocado na profissionalização dos clubes e entidades desse esporte hoje em dia, porém ainda existe um caminho muito longo a percorrer no amadurecimento da mentalidade e aceitação da importância dos dados no futebol.
AC TECH: Como você visualiza os esportes em geral, daqui a 5 anos?
É difícil falar sobre os esportes em geral, considerando que cada esporte tem uma maturação diferente. A maturidade de cada esporte depende muito de quando, onde e como foi criado e desenvolvido e também pelo perfil dos praticantes e de seus gestores.
Olhando os esportes de cima e de forma generalizada, o que podemos afirmar é que em 5 anos as entidades que gerem os esportes estarão cada vez mais profissionais, considerando a grande busca por capacitação do gestor esportivo e o desenvolvimento dos atletas. Isto será cada vez maior devido a tecnologia. A única dúvida que fica no ar é sobre a forma de consumo dos torcedores e entusiastas – essa é uma questão que ainda há muito para se debater e desenvolver.
ENTREVISTA COM O PROF. FLORIANO SALVATERRA
AC TECH: Conte-nos um pouco sobre a disciplina Transformação Digital na ESPM. Vimos inclusive que os alunos são estimulados a gerar soluções inovadoras no final. Poderia nos dar também alguns exemplos?
Em todos os setores, a difusão de novas tecnologias digitais está transformando modelos e processos. Esta disciplina oferece a oportunidade de conhecer as ferramentas e técnicas de inovação com uso de tecnologia digital, necessárias para a promoção da transformação digital de organizações ou na modelagem de novos negócios. O curso apresenta cinco eixos de abordagem – redes de clientes, plataformas, big data, inteligência artificial e modelos de negócios disruptivos.
Sobre as soluções inovadoras/disruptivas, estimulo os alunos a pesquisar sobre o que já existe e “criar” novos produtos/serviços, atendendo a dores ainda não resolvidas do mercado/sociedade. Eles podem usar soluções já existentes, como parte do produto ou serviço a ser criado, mas não podem “copiar” algo existente, apenas melhorando o que foi lançado. O lançamento deve conter criação de arte, de slogan do produto/serviço e sua descrição detalhada (funções, aplicabilidade, mercado alvo etc). Isso é o que faz a diferença!
Como exemplo de um produto disruptivo hipotético, poderia citar: dispositivo USB, com sistema de movimento, câmeras infravermelha, ultravioleta e de raio X, comandado remotamente da Terra, com receptor/transmissor de comandos e imagens, para exploração da Lua. Explicando: já existe dispositivo com porta USB; há sistemas de movimentação miniaturizados; há câmeras miniaturizadas com essas frequências de onda; há foguetes que podem transportar o dispositivo para a Lua; existe o comando remoto de robôs de exploração de Marte etc. O que seria disruptivo? A miniaturização, o peso, o custo, a forma de conexão (via USB, se usado fisicamente), a ideia. Será que poderíamos colocar 10 mil desses dispositivos ao mesmo tempo explorando a Lua?
Lembrando da definição que Clayton M. Christensen, professor da Universidade de Harvard, ofereceu ao mercado:
O que é Inovação Disruptiva? Inovação disruptiva é um processo em que uma tecnologia, produto ou serviço é transformado ou substituído por uma solução inovadora superior. Essa superioridade precisa ser percebida pelos consumidores, por ser mais acessível, simples ou conveniente. Isso ocorre a ponto de acabar resultando em uma mudança no comportamento de consumo do público em geral. O resultado é que a solução anterior se torna obsoleta e praticamente desaparece.
AC TECH: Sobre os temas apresentados na palestra de sábado, fale-nos um pouco sobre a importância e implicações em nosso dia-a-dia, por favor.
Os alunos precisam tangibilizar os conceitos aprendidos com aplicações práticas.
A primeira palestra “Cibersegurança” traz a todos o alerta que a vida no mundo digital traz para todos os cidadãos, empresas e governos. Se você quer fazer a transformação digital de seu negócio e viver nesse novo mundo, você precisa saber dos cuidados a seguir.
A segunda palestra “Big data na F1” traz um super case que explora 70 anos de dados gerados e agora muito bem explorados para o desenvolvimento de soluções em segurança cibernética, segurança de vida, performance de pilotos e máquinas, experiência do entretenimento no mais alto grau – o verdadeiro estado da arte nom uso de Big Data em tempo real.
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