Dando continuidade aos eventos de “Vingadores: Ultimato”, o novo capítulo da trajetória de Thor dentro do MCU segue bem o estilo cômico de “Thor: Ragnarok” mantido pelo diretor Taika Waititi, que volta para a direção de “Thor : Amor e Trovão“.
O humor que tanto funcionou no filme anterior do personagem, a ponto de agradar boa parte dos fãs do deus nórdico do trovão, novamente é aplicado no ritmo desse novo filme e, na maioria das vezes, o diretor consegue ser pontual com as piadas e situações cômicas, a ponto de transformar o longa em uma comédia escrachada. O problema, talvez, seja a forma descontrolada em querer fazer piada a todo o momento, às vezes até repetindo algumas situações que já foi vista em “Ragnarok”. Assim, muito do humor proposto acaba ficando cansativo e o único momento em que o ritmo faz uma pequena pausa da comédia é quando o personagem Gorr (Christian Bale) está em cena, mas no momento em que ele sai, a palhaçada volta a tomar conta.
Gorr, por sua vez, é um vilão muito bem construído, que tem uma motivação compreensível, além de ter um visual medonho e amedrontador, que usa as sombras a seu favor e que acaba, assim, proporcionado uma das cenas visualmente ótima, com o preto e branco dominando a paleta de cores, com apenas a luz das armas dos deuses como a única existência de cor nesse ambiente. Esse cenário sombrio causa uma grande ruptura na fotografia de todo o filme, que é exageradamente repleto de cores fortes, mas bem distribuídas através dos cenários majestosos e divinos. A fotografia ilustra o tom mais serio do filme no mundo das sombras e, o restante dos cenários, casa com a comédia proporcionada pelo diretor.
Mesmo com a pouca aparição de Gorr em tela, sua motivação em querer eliminar os deuses é bem trabalhada no filme e fica evidente mesmo quando o vilão não está presente em tela, ao colocar os deuses como seres egoístas, que viraram as costas para os seus seguidores e fazem os mortais questionar a própria fé sobre eles. Uma analogia que pode se aplicar com nossa realidade e que para os mais religiosos, pode até ser ofensivo, porém para outros, é algo a ser refletido, a ponto de até nos simpatizarmos por Gorr em certos momentos ou, pelo menos, compreender seu lado, levando em consideração sua historia de perdas e sofrimento por conta de sua fé não correspondida.
Comparado a Ragnarok, o roteiro apresenta uma estrutura com mais conteúdo e história, dividida entre os arcos que vão do mais do mesmo, como o dilema de Thor (Chris Hemsworth) em tentar encontrar o seu caminho, até arcos mais interessantes, como trazer de volta a dr. Jane Foster (Natalie Portman) como a Poderosa Thor. Sua transformação como a versão feminina do Thor é muito bem estruturada, apresentando as vantagens e complicações de dividir o titulo de deusa do trovão, e mesmo que a introdução da personagem tenha sido apressada, o modo como a Jane é explorada é perspicaz ao carregar o maior peso dramático da história.
Assim como a forma de introduzir Jane de volta ao MCU, o primeiro ato é tudo muito apressado, já que o roteiro quer logo apresentar os novos arcos e eliminar ou finalizar alguns pontos que Ultimato tinha deixado sobre o personagem, como por exemplo, a relação entre o Thor e os Guardiões da Galáxia. Os mesmos têm uma participação bem irrelevante e quase despercebida, tanto que tudo relacionado a eles parece que não teve tanta dedicação, a ponto de recriar os personagens digitais com um CGI bem inferior e sem capricho, algo que se vê em vários pontos do filme, em cenas que não tem tanta relevância ou algo a acrescentar a trama. Alguns dos recursos que são criados para fazer os personagens se locomover de um ponto para outro, são simplesmente jogados pelo roteiro, criando informações de última hora não só dentro da estrutura do filme, mas do próprio MCU.
O terceiro ato não chega a decepcionar, mas é algo bem anticlimático por conta das escolhas criativas que resulta na batalha final. O ponto forte que consegue sustentar esse confronto é novamente o arco de Jane que, junto ao desfecho de Gorr, carregam um peso emotivo.
CONFIRA O TRAILER
Thor: Amor e Trovão consegue se sustentar ao criar uma estrutura que vai do cômico para o dramático, criando um visual impecável, mas que extrapola no humor diversas vezes.
NOTA: 7
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