
O Jardim de Jacintos de Madame Sosostris de Thereza Christina Rocque da Motta
Uma noite de poesia viva na Blooks Botafogo – e o florescer de uma obra que atravessa tempos, diálogos e gerações
por Chris Herrmann
A noite de 9 de dezembro de 2025 marcou um daqueles momentos raros em que a literatura, o afeto e a memória coletiva se reúnem no mesmo espaço e respiram juntas. A Blooks Botafogo acolheu o lançamento do novo livro de Thereza Christina Rocque da Motta (@tcrmotta), O Jardim de Jacintos de Madame Sosostris, em um evento que rapidamente deixou de ser apenas um lançamento para se tornar uma celebração — da poesia, da amizade, da história e da permanência da palavra.
O clima era de sarau, como não poderia deixar de ser: a autora recriou ali a atmosfera que, há décadas, dá vida à Ponte de Versos, movimento que fundou com Ricardo Muniz de Ruiz (@ricardo.deruiz), e que se tornou um dos pilares da poesia carioca. A Ponte — reduto, asilo, laboratório e festa da poesia — pulsava ali, entre amigos, leitores e poetas que ajudaram a moldá-la e que continuam a ampliá-la. Não apenas uma coincidência nominal com o personagem que dá título ao livro, Jacinto Fábio Corrêa (@jacintofabiocorrea) esteve presente e é parte vital da obra: é a ele que Thereza dedica o livro, e é ele quem assina uma das orelhas mais sensíveis que um título poderia desejar.

Thereza Christina e Jacinto Corrêa | Foto: Chris Herrmann
Estiveram presentes muitos dos nomes que fazem e guardam a cena poética do Rio: Tanussi Cardoso (@tanussicardoso.oficial), Luiz Otávio Oliani (@luizotaviooliani), Carmen Kligman (@kligcarmen), Angela Guerra (@angela_gdeandrade), Celi Luz (@luz.celi), Mariangela Bazbuz (@literarterra), Adriano Spínola (@adrespinola), Angel Cabeza (@angelcabeyabr), Igor Calazans (@calazansigor), Sonali Souza (@sonali_souza), Paulo Sabino (@paulosabinopoeta), Ana Maria Tourinho (@anamariatourinho), Silvio Ribeiro de Castro (@silvioribeirodecastro), além do esposo da autora, Fábio Giorgi (@fotogiorgi) que prestigiou e fotografou, Vitor Vogel (@vogel_vitor) que fez a documentação fotográfica geral do evento e tantos outros que compõem essa constelação literária viva. E também eu, essa que vos fala, Chris Herrmann (@_chrisherrmann), que tive a alegria de fazer a cobertura jornalística para o Portal ArteCult.com — e entrevistar Thereza em uma conversa que atravessou décadas de criação, memórias e renascimentos poéticos.
A entrevista e o diálogo entre tempos
Em nossa conversa, Thereza falou sobre o processo de criação de O Jardim de Jacintos de Madame Sosostris, que nasce como um diálogo íntimo e maduro com A Terra Devastada, de T. S. Eliot. Não foi a primeira vez que a poeta se aproximou desse território: há 22 anos, ela escreveu Lilases, obra cuja primeira edição saiu em 2003 e que volta agora em nova edição — tão bela quanto necessária. Assim, o lançamento de ontem permitiu ao público viver uma espécie de reencontro entre duas etapas de uma mesma travessia: Lilases e O Jardim de Jacintos se olham, se respondem e se completam.
Thereza explicou como cada um dos 61 poemas do novo livro nasce de um verso inicial retirado de Eliot, criando uma estrutura que é ao mesmo tempo homenagem, glosa, reescrita e transmutação — uma forma de escrever com os mortos, como queria Eliot, e ainda assim manter uma voz indiscutivelmente própria.
Ao final, o que assistimos foi uma celebração do poder do trabalho rigoroso, da memória literária e da poesia que atravessa gerações sem jamais perder o fôlego.
Leituras que acenderam a noite
Como no melhor estilo da Ponte de Versos, cada pessoa presente leu um poema do livro — e Thereza ouviu, emocionada, sua obra ganhar ressonâncias diversas, vozes múltiplas, sotaques e gestos que ampliavam a cadência dos versos. O lançamento se tornou rito. Jardim. Jacinto. Sosostris. Todos os símbolos se reuniram ali, vivos, respirando entre nós.
Era mais que uma estreia: era uma continuidade, uma retomada, um florescer.

Tanussi Cardoso chegou bem-humorado para ler um poema do livro | Foto: Chris Herrmann
Thereza Christina Rocque da Motta — trajetória de uma poeta plural
Poeta, tradutora, editora, fundadora da Ibis Libris (@ibislibris), jurada do Prêmio Jabuti, pesquisadora incansável e leitora apaixonada — Thereza construiu, desde os anos 1980, uma carreira marcada pela delicadeza e pelo rigor. Publicou obras como Joio & Trigo, As Liras de Marília, Intemperanças, Minha mão contém palavras que não escrevo, Poesia Reunida 40 anos, O amor é um tempo selvagem, entre outros.
Traduziu Michael Jackson, Lewis Carroll, Edgar Allan Poe, Shakespeare, John Grogan, entre tantos outros.
Há 25 anos coordena a Ponte de Versos, que em 2024 entrou para o Calendário Oficial da Cidade do Rio de Janeiro — testemunho incontestável da importância cultural de seu trabalho.
O Jardim de Jacintos de Madame Sosostris é mais um marco luminoso em uma trajetória que não conhece repouso.
Ficha Técnica
O JARDIM DE JACINTOS DE MADAME SOSOSTRIS
Autora: Thereza Christina Rocque da Motta
Editora: Ibis Libris
Lançamento: dezembro de 2025
Número de páginas: 108
Formato: 16 x 23 cm
Encadernação: brochura
Preço: R$ 60,00
Lançamentos
Rio de Janeiro
Data: 9 de dezembro de 2025
Local: Blooks Livraria Botafogo
Praia de Botafogo, 316 – Botafogo
Niterói
Data: 16 de dezembro de 2025
Local: Blooks Livraria Icaraí
Rua Miguel de Frias, 9 — antiga Reitoria da UFF

Capa do Livro ´O Jardim de Jacintos de Madame Sosostris´ | Divulgação
Alguns registros do lançamento
Créditos: Chris Herrmann
Leia também a coluna de prosa da Thereza Christina Rocque da Motta no Portal ArteCult:
http://Artecult.com/author/therezarocquedamotta







































