Depois da grande decepção que foi “VIDRO”, o cineasta M. Night Shyamalan, consegue trazer mais uma vez, uma história tensa, e bem agonizante, dentro do suspense surreal.
A história de “TEMPO” mostra um casal que se hospeda em um resort de luxo com seus filhos, tentando esconder das crianças uma grande decisão que afetará toda a família. Lá, são levados em um passeio com outras famílias para conhecer uma praia escondida entre rochas, mas percebem aos poucos que aquele local consegue envelhecer as pessoas de modo acelerado.
Através do enredo já dá para imaginar o quanto desesperador deve ser para os personagens, ao se deparar que a cada minuto que passa ficam praticamente meses mais velhos. De início, o diretor foca mostrar isso nas crianças, cujo o envelhecimento é mais notável, e logo em seguida no restante do elenco. A maquiagem não chega a ser algo que remeta bem à idade avançada que começam a alcançar, ao invés disso o roteiro decide mostrar o avanço do tempo no elenco adulto através da degeneração física e de doenças, o que chega a ser agonizante em determinados casos. Um dos acertos inclusive foi colocar cada doença de acordo com a rotina e modo de viver de cada um, que poderia realmente resultar na complicação da saúde do indivíduo, se continuasse vivendo da forma que eles escolheram, além de colocar algumas degenerações naturais que algumas pessoas adquirem na velhice, que também é bem condizente.
Alguns podem achar que o primeiro ato é bem arrastado, sem muito entusiasmo, mas essa primeira parte, aparentemente monótona, funciona para o ritmo do filme, pois não só estabelece os personagens, mas mostra o tempo de uma forma mais natural, sem pressa, em comparação com os momentos na praia, começando a envelhecer cada vez mais rápido, fazendo com que tenham mais gratidão pelo tempo que cada um teve cada um ao lado do outro e arrependimentos por algumas escolhas que só geraram brigas e arrependimentos, criando um grande impacto no público sobre reflexões de como gastamos e desperdiçamos o nosso próprio tempo, que é bem curto se paramos para pensar, o que faz o choque dos personagens ser maior, pois estão vivendo praticamente o resto de suas vidas em apenas algumas horas.
Para tentar explicar esse fenômeno sobrenatural, o roteiro já cria uma sequência extremamente expositiva, através das teorias e deduções que os personagens debatem sobre a existência da praia, e o porquê dela acelerar o envelhecimento das pessoas, o que de certa forma, já era algo meio óbvio, devido ao caminho que o diretor conduziu os personagens a esse lugar, mas em vez de deixar o espectador se concentrar e interpretar o que as imagens já mostram por si só, ele ainda joga todas essas informações e o mistério do lugar, de modo verbal, em cima da cabeça do espectador, para não deixar dúvidas sobre como tudo isso está acontecendo.
Mas alguns conceitos interessantes, ao serem introduzidos na história, são descartados rapidamente e por não saber dar continuidade ou aprofundar o que foi apresentado, a explicação desses ficam um tanto confusa, devido a rapidez do ocorrido.
A condução para levar os personagens à praia parece algo tirado de um terror de quinta categoria, ao mostrar alguém sugerindo um lugar pacífico para eles relaxarem e aproveitarem o momento um com o outro, o que para esse tipo de filme, é claramente uma sentença de morte.
E mesmo com o mistério da praia sendo revelado nos segundo ato, através da discussão dos personagens, o grande plot surpreendente, que aliás é bem esperado, pois é uma das marcas do diretor, não é algo tão grandioso que deixa o público chocado a nível “O Sexto Sentido”, mas ainda é bom, condizente com o que foi plantado ao longo do filme. O desfecho não deixa pontas para uma possível sequência, mas o roteiro não sabe finalizar alguns temas de forma sabia, terminando alguns assuntos de modo mal explicado.
Confira o Trailer
“Tempo” consegue se tornar mais uma obra marcante na carreira de M. Night Shyamalan, ao desenvolver muito bem essa versão cinematográfica da HQ “Castelo de Areia”, conseguindo criar diversas situações que provocam aflição, tensão, e é claro, um enorme suspense e desespero, além de um tema profundo de reflexão sobre como nós devemos gastar nosso tempo.
NOTA: 7
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